A paisagem não guarda memória
dos rostos que a atravessaram
nem dos sorrisos que se perderam
na moldura de sombra do poente.
O tempo, alheio aos desígnios da luz,
sacode todas as recordações
que não encontraram guarida
na excessiva sucessão de manhãs.
As pedras descoloridas do caminho
cobriram-se de musgo e nostalgia;
as árvores, ora vestidas, ora despidas,
estendem os braços para o horizonte
e permanecem de pé,
mastigando uma solidão de raízes;
mas, dos rostos sorridentes
que um dia atravessaram a primavera,
não guarda a paisagem qualquer memória.
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4 comentários:
Olá, Rui.
Deixa-me cumprimentar-te por este belíssimo poema, que ficará guardado na minha memória.
Tão sensível, tão generoso... Parabéns!
Abraço
Marialuz
Mais um belo espaço que irei acompanhar.
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Um beijão
Muito belo Runa.
Continuam os rios a cantar, os trovões a ribombar, as estrelas a incandescer no céu, a gritaria dos pardais, só nós passamos, e não voltamos jamais. E o que resta da nossa passagem?
Beijo, adorava conhecer-te dia 7 de Maio.
Olá amigo poeta, sempre com lindos poemas, que dá gosto ler, beijinhos da amiga Mariagomes
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