quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Banco de jardim


Zona Envolvente do Nabão, em Ansião (parte recente),
foto de António MR Martins.


No isolamento da simples solidão
te encontrei só, à minha passagem,
por ti passei sem qualquer intenção,
descobrindo-te na mera paisagem.

Olhei de frente, de lado e para trás
nessa quietude que por aqui implantas,
vínculo tão forte que tanto satisfaz
quem se cansa de observar as plantas.

Aconchego pra muitas caminhadas
acolhimento de leituras dispersas
descanso de tantas pernas cansadas.

Picam-se aos topos anseios às avessas
és cenário com pessoas enamoradas
e também palco de muitas conversas.

 
António MR Martins

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Levei o meu mundo


Imagem da net, em: www.redballoon1.com.br


Levei o sol no bolso da camisa
e a lua na capa presa às costas,
nuvens no cinto de forma precisa
água num cantil para as respostas.

Levei as estrelas como lanternas
e o ar em balões de muitas cores,
o vento seguiu-me junto às pernas
num saco cheiro de todas as flores.

Levei também a noite e o dia
e a madrugada e a tarde quente,
juntinhas à manhã da ousadia.

Levei sementes do verde ausente
e os paladares duma frutaria
com a natureza da minha gente.

 
António MR Martins

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Livre solidão


Caído
Sobre a mesa
O chão

O piso
Que não conheces
E tentas desvendar

Mas não sabes como fazê-lo
Não entendes sua composição

Não te queiras enganar

Lá fora
Também há um solo

Uma terra assente
No pressuposto da negação

Por lá
Tudo é mais feroz
Pelo menos
Altera-se a voz

Lá fora
É outro pólo

Não o queiras deslindar

E a mesa
É bem diferente
Com muita gente

Uma outra
Sofreguidão
Até à exaustão

Peço-te
Para permaneceres
Nesta solidão

Neste chão
À nossa mesa

Aqui podes prevaricar

 
António MR Martins