quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Antes do início


o lume do choro não se acendeu ainda
neste lugar ermo anterior à infância
como se estivesse à espera de nascer
ou o vento sussurrasse o meu nome
enquanto não chegam as primeiras chuvas
para celebrar o feitiço da quimera

estou onde ainda não sou eu
e o tempo não começou a girar
pousado num horizonte longínquo
a olhar para dentro daquilo que não se abriu
frágil cortina que me separa
das memórias que em breve esquecerei

desembaraço os derradeiros nós
que prendem o corpo ao esplendor do vazio
antes que a maré suba à superfície
e a praia se inunde de pequenas pegadas
assinalando o ciclo de efémeras primaveras
cada vez mais perto de um início

estou parado à entrada do quarto
atento às mãos hábeis e ternas que tecem
a pele lisa que me irá revestir
a luz branca que me há de iluminar
e por onde lentamente regresso
ao trilho que errantes ciganos desenharam
com os pés descalços e gastos
na poeira embaciada das manhãs


domingo, 20 de setembro de 2015

O tu ca tu la agradece

Por onde andam os poetas deste espaço?
por onde anda a vossa poesia? 
desanimados? 
afastados?

Postem poetas, postem...
poesia ou 
desabafos explicativos da vossa ausência

Postem poetas, postem