sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Geografia
Amo-te tanto,
ó monte das minhas saias
estampado no prenhe azul
que se veste de alvas nuvens
vi-te hoje pela primeira vez
olhando-te de frente
e estás tão longe
que és intocável
quem diria!...
existes bem dentro dos meus olhos
ó tela do meu cérebro !
o teu dia sinónimo de luz
é uma viagem de muitas estradas
encruzilhadas
coração bombeando sangue...
Luiz Sommerville Junior , 311220101345
PS: Com este texto apresento a todos os elementos deste blog colectivo,
escritores, comentadores e leitores os meus votos de um Feliz Ano De 2011 .
Agradeço a honrosa gentileza que me concederam do fazer parte desta maravilhosa equipa.
Tudo de bom.
Sejam Felizes!
Etiquetas:
LSJ,
recta final de 2010
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
SER DIFERENTE
Que por ti vão passando deixando a sua pestilência
Nem queres ser obstáculo, queres estar presente
Verdadeira e orgulhosa da tua plena coerência
Tu queres paz, queres identidade e muito amor
Queres o que todos querem, precisamente
Mas catalogaram-te, estendem-te o indicador
És isto e mais aquilo, açoitam-te mordazmente
Por ti me curvo, fascinada por fazeres a diferença
Por ficares à parte dos risos e da maledicência
E estares imunizada a toda e qualquer sentença
Coragem, ousadia, certeza… são rios no teu peito
Os sofrimentos que te infligem avivam-te a inocência
E olhas para as nuvens, altiva a todo o preconceito
Etiquetas:
SER DIFERENTE - MARISA SOVERAL
Havia um tempo
(No cais - Lisboa)
Havia um tempo
Existia nos olhos cansados
De quem via e não ouvia
As melodias do vento
Os telhados cansados
Dos pingos de chuva
Entrelaçados nos meus dedos
As lágrimas pela calçada
Cristais nascidos dos temporais
Havia um tempo
Havia…mas não me via
A haver…
Será um menino
Que cairá nos meus braços
Existia nos olhos cansados
De quem via e não ouvia
As melodias do vento
Os telhados cansados
Dos pingos de chuva
Entrelaçados nos meus dedos
As lágrimas pela calçada
Cristais nascidos dos temporais
Havia um tempo
Havia…mas não me via
A haver…
Será um menino
Que cairá nos meus braços
Será sempre um dia
Ou uma noite
Que na terra semeia
Um vulto
Um tornado
Chamado vida
Ou uma noite
Que na terra semeia
Um vulto
Um tornado
Chamado vida
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
O menino cristal
Sempre que um menino nasce
dá-se o milagre da vida
Seja rico ou pobrezinho
não importa a condição
ou até a cor da pele
se em seu puro coração
a mensagem que nos traz
é de amor e de ternura
Não traz ódio, nem renacor
e desconhece o sentido
da cobiça e da inveja
Nunca ouviu falar em guerra
em fortuna muito menos
Vinde ver este menino!
Tão frágil, tão pequenino
envolto em lençois de linho
ou coberto pl'a luz da lua
Prostai-vos junto a seu berço
e aprendei com o anjinho
que Natal é o "menino"
que um dia já todos fomos
E hoje só é Natal...
porque o menino "Cristal"
traz consigo a esperança
de poder mudar o mundo!
dá-se o milagre da vida
Seja rico ou pobrezinho
não importa a condição
ou até a cor da pele
se em seu puro coração
a mensagem que nos traz
é de amor e de ternura
Não traz ódio, nem renacor
e desconhece o sentido
da cobiça e da inveja
Nunca ouviu falar em guerra
em fortuna muito menos
Vinde ver este menino!
Tão frágil, tão pequenino
envolto em lençois de linho
ou coberto pl'a luz da lua
Prostai-vos junto a seu berço
e aprendei com o anjinho
que Natal é o "menino"
que um dia já todos fomos
E hoje só é Natal...
porque o menino "Cristal"
traz consigo a esperança
de poder mudar o mundo!
sábado, 25 de dezembro de 2010
Há um abraço para ti que te quero ofertar
Há um tempo do tempo
Que tenho para te dar
Há uma filhós que aloira
No seu suave fritar
Há uma réstia de esperança
Para uma vida de encantar
Há uma luz que nos prende
Para nesta época festejar
Há um amigo do peito
Que está connosco noutro lugar
Há a razão de um destino
Que procurámos alcançar
Há um sentido da vida
Que não queremos amordaçar
Há a fome que invade
E se tende a atiçar
Há um presente que espera
Pelo ávido desembrulhar
Há o sorriso da criança
Impossível de igualar
Há uma família compacta
Separada pelo processar
Há um abraço enorme
Que não conseguimos quantificar
Há uma estrela cadente
Que não pára de brilhar
Há um menino que nasce
Que veio ao mundo para nos salvar
Há tanta gente na Terra
Que não se consegue libertar
Há uma mente que pensa
A forma de elogiar
Há uma mão que cumprimenta
Não se querendo emocionar
Há um coração que saltita
Com a ânsia de poder amar
Há um amigo que espera
O momento de o abraçar
António MR Martins
2010.12.23 (Natal/2010)
Para todos os meus amigos
Que tenho para te dar
Há uma filhós que aloira
No seu suave fritar
Há uma réstia de esperança
Para uma vida de encantar
Há uma luz que nos prende
Para nesta época festejar
Há um amigo do peito
Que está connosco noutro lugar
Há a razão de um destino
Que procurámos alcançar
Há um sentido da vida
Que não queremos amordaçar
Há a fome que invade
E se tende a atiçar
Há um presente que espera
Pelo ávido desembrulhar
Há o sorriso da criança
Impossível de igualar
Há uma família compacta
Separada pelo processar
Há um abraço enorme
Que não conseguimos quantificar
Há uma estrela cadente
Que não pára de brilhar
Há um menino que nasce
Que veio ao mundo para nos salvar
Há tanta gente na Terra
Que não se consegue libertar
Há uma mente que pensa
A forma de elogiar
Há uma mão que cumprimenta
Não se querendo emocionar
Há um coração que saltita
Com a ânsia de poder amar
Há um amigo que espera
O momento de o abraçar
António MR Martins
2010.12.23 (Natal/2010)
Para todos os meus amigos
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
NATAL
A neve já cai nas serras.
Os caminhos estão fechados.
Os rostos se afogueiam nas brasas da lenha!
«Batem leve, levemente…» (Augusto Gil)!
O frio e a neve associam-se ao Natal,
Difícil imaginar um Natal com calor,
Com um mergulho no mar
Parece estar fora do contexto bíblico!
Para além de um conhecido limitado,
Não havia mais mundo,
Nem mundos…
Mas outros mundos foram descobertos…
O Novo Mundo surgiu e além deste outros mundos…
Ptolomeu, Copérnico, Kepler, Galileu, Newton…
A ciência derrubou mitos e místicas!..
A tolerância, a boa vontade, o amor, amor…
«O Natal é quando um homem quiser...» (Ary dos Santos)
E esse é que é o aspecto «religioso»
Da questão!
Não ser humanista por um dia
Ser humanista dia a dia!
Em criança,
Sentia a magia do Natal
A simplicidade
A mescla do frio/calor…
Agora já existem muitas perdas
E o calor se fez frio
E o frio se fez calor sintético!
O Natal é demasiado excessivo!
Está muito adulterado!..
Qual é o espírito do Natal?
O que devia ser?
Amor…
Há tantas promessas de amor
… e tão pouco amor há!
Vida artificial!
Fogueira de vaidades
Luz intensa
Que ofusca a luz natural!
De todas as formas ou de qualquer forma
Para todos um bom Natal!
Os caminhos estão fechados.
Os rostos se afogueiam nas brasas da lenha!
«Batem leve, levemente…» (Augusto Gil)!
O frio e a neve associam-se ao Natal,
Difícil imaginar um Natal com calor,
Com um mergulho no mar
Parece estar fora do contexto bíblico!
Para além de um conhecido limitado,
Não havia mais mundo,
Nem mundos…
Mas outros mundos foram descobertos…
O Novo Mundo surgiu e além deste outros mundos…
Ptolomeu, Copérnico, Kepler, Galileu, Newton…
A ciência derrubou mitos e místicas!..
A tolerância, a boa vontade, o amor, amor…
«O Natal é quando um homem quiser...» (Ary dos Santos)
E esse é que é o aspecto «religioso»
Da questão!
Não ser humanista por um dia
Ser humanista dia a dia!
Em criança,
Sentia a magia do Natal
A simplicidade
A mescla do frio/calor…
Agora já existem muitas perdas
E o calor se fez frio
E o frio se fez calor sintético!
O Natal é demasiado excessivo!
Está muito adulterado!..
Qual é o espírito do Natal?
O que devia ser?
Amor…
Há tantas promessas de amor
… e tão pouco amor há!
Vida artificial!
Fogueira de vaidades
Luz intensa
Que ofusca a luz natural!
De todas as formas ou de qualquer forma
Para todos um bom Natal!
Dezembro.2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Nas Entrelinhas dos Dias
Desdobro os meus olhares
sem urgência
os gestos são tardios
talvez equivocados
flutuam numa rede
que balança
de uma tela de sentidos
atracados num cais de reticências
limpo o rio e o frio rasgados pelo vento
mordo o tempo fugidio
escrevo em páginas brancas
que suspendem na memória calendários consumados
nas entrelinhas dos dias
e em frente à nudez do verso
dói-me a mudez do espelho
tatuado em brumas visionárias
entrelaçadas em sombras
vestidas de pássaros e de silêncios.
Marialuz
TARDE QUIETA
Até o pássaro cessou o canto
Adormece na tarde quieta
No meu coração um silêncio agitado
Um desencanto
Que me aperta!
Meu pensamento perturbado.
Emoções reprimidas
Nos olhos uma ansia agreste
Deste Outono de tardes esquecidas
No restolhar das ideias, nenhuma que preste.
Tenho nas mãos o vento
No coração uma alegria inusitada,
da solidão retirada
Meu corpo, casa abandonada
No meio do desalento,
um triste contentamento,
pouco mais que nada.
Neste ritual diário
Desenboca meu olhar no vazio
Vou magicando a eternidade
O tempo como eu sombrio
E uma nostalgia profunda que me dá saudade.
Amargos anos calcorreando a vida
Encurtam meus passos
Criança perdida
Sombra encolhida
Restam os traços.
Atravesso a tarde como um milagre
Nesta minha idade cansada!?
Uma chuva miúda me devolve a saudade
Deixo-me melancólica e ensimesmada..
Guardo as emoções no peito
Com a saudade me deito.
natalia nuno
rosafogo
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silencio
Para todos...Poetas
Contenho-vos a todos
no sopro do peito
nos suspiros do meu olhar
nas vossas poesias
nos gestos de parceria
nos sorrisos sentidos
para lá dos vidros!
Nas palavras dobradas
em frases de incentivo,
nos momentos que em vós sinto
sem que o olhar vos possa tocar,
mas as emoções respiram baixinho!
Convosco amigos
deste caminho
destas sílabas trocada e cruzadas
de palavras férteis,
pulsações de poetas
que todos num uno
vestimos e despimos
em múltiplas formas
numa consonância plena
a sensibilidade (sem pena)
com a pena que nos grava os sentires.
Contenho-vos a todos
neste meu pobre poema
e no meu coração com a imensa
amizade e gratidão
que as minhas veias alcançam!
Com desejos de Feliz Natal
que o Novo Ano abrace as palavras
de todos em todos e com todos!
Ana Coelho
no sopro do peito
nos suspiros do meu olhar
nas vossas poesias
nos gestos de parceria
nos sorrisos sentidos
para lá dos vidros!
Nas palavras dobradas
em frases de incentivo,
nos momentos que em vós sinto
sem que o olhar vos possa tocar,
mas as emoções respiram baixinho!
Convosco amigos
deste caminho
destas sílabas trocada e cruzadas
de palavras férteis,
pulsações de poetas
que todos num uno
vestimos e despimos
em múltiplas formas
numa consonância plena
a sensibilidade (sem pena)
com a pena que nos grava os sentires.
Contenho-vos a todos
neste meu pobre poema
e no meu coração com a imensa
amizade e gratidão
que as minhas veias alcançam!
Com desejos de Feliz Natal
que o Novo Ano abrace as palavras
de todos em todos e com todos!
Ana Coelho
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Por fado tenho... (esse canto a que chamamos fado)
Por fado, tenho a memória ondulante
Do canto prolongando a dor pacífica
De um rio que beija em doce súplica
O mar que não chega a ser juzante.
Por fado, entendo o berço e o lamento
Musical, extensão da mão materna
Que o embala, ajuntando à voz tão terna
Uma canção que nina o próprio tempo.
Por FADO, tenho esta palavra nossa,
Que é mais que o "sentir falta" ou recordar,
Que é mais que o alheio sentir possa...
Fado não é mais que a tradução
Dos acordes que nos tangem, a sangrar,
A SAUDADE que nos vai no coração...
domingo, 19 de dezembro de 2010
Desnuda de ti
Desnuda de ti, estou!
Partiste sem nada dizer.
Deixaste-me as lembranças
do sentir…
dos beijos e abraços
dados, suados, molhados…
Delícias de momentos vividos…
Meu coração partiu…
Meu ser destruiu…
Minha alma caiu…
Sinto-me nua,
neste viver
de vida crua…
Partiste sem nada dizer…
Esqueceste o nosso viver…
sábado, 18 de dezembro de 2010
Mutação
Através dos meus olhos de lima-limão
Vejo a vida com olhar de esperança
Por vezes escurecem de desilusão
Castanhos aguardam dias de bonança
Se deixar que os sonhos neles permaneçam
Enchem-se de luz, brilho e clorofila
São raios de amor que ao sol se aquecem
Íris de afectos, erva e camomila
São espelhos de água pura e cristalina
que reflectem paz, fé e emoção
fonte onde sacio a alma de menina
arco íris livre, sempre em mutação
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
No palpebral do meu olhar
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Quase Inverno
Deve ser o meu inicio do fim, aqui neste lugar ao sol, que já não sabe ser sol.
Nasci aqui porque me fizeram acreditar que viria bem ao centro da terra e subiria a tempo de me encontrar com todos os habitantes do céu. Nasci para me encontrar também com algumas periodicidades que me fazem acontecer, enquanto visito todos os lugares de um mundo que já havia esquecido. Assim, encontro-me tão a jeito de me fazer ir e vir, sem saber como sou lembrada e como sou esquecida por todos os enfeites de uma terra que se veste de branco e se tinge de negro, para que as estrelas sejam seus guias astrais.
Se por acaso me deixar cair num abismo onde guardei por décadas de fome, as minhas lembranças de quando era uma estrela sem norte, morarei então na catedral dos séquitos maiores, a sondar o inimaginável por cada sonho que perdi enquanto te procurava.
É quase Inverno, e o meu olhar é um tracejado vivo nas tuas mãos, que me levarão ao encontro de um verão quente a nascer nos teus olhos.
*******
Foto minha - foi ontem num dia de nevoeiro
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
PAI
Como se fosse ontem
Num dia de névoa
Agarro a tua mão
Grande, aglutinadora
E de mão dada
Eu descubro
Pelos teus olhos
A multiplicidade
De os mistérios
Da cidade!
Cantos e recantos
Estátuas e museus
E inevitavelmente os jardins
Os jardins do meu contentamento
Com o saco do pão
Para os patos
Meu vivaz divertimento!
Todas as ruas
Tinham os seus casos
E tu sabias tanto!
De guerras, revoluções
De heróis e poltrões
Do povo combativo, sofredor
Realista e sonhador!..
Por ti amei o Porto
Bocado a bocado
Deslumbrada, surpreendida
Com a tua voz grave
De pedagogo da vida!
13.12.2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
EM CÉUS DE POBREZA
Ouço no silêncio da noite, um ruído seco
O vento roubou-me a voz.
Levou-a a alguma viela, algum beco
Da minha terra, da terra dos meus avós.
Por lá ficaram os pássaros de vigia
E eu menina de pés imersos
Esquecida da fadiga
Olhos sem medo, vazia a barriga
Colhendo o sol do dia,
Fazendo versos.
Fiozinhos da nascente
Orvalhados de limpidez
Por lá me fiz gente
Madura de suor e altivez.
Este ruído seco, não me sai da cabeça
Provoca-me e eu parto sem freio,
Antes que a memória amadureça
E me visite a escuridão
Eu volto sim, minha terra ao teu seio
Colher papoilas e pão.
Hoje é dia de vendaval
O vento roubou-me a voz
Sou resto de temporal
Menina , trança, tristeza
Desato da vida os nós
Já fui pássaro de leveza
Na terra dos meus avós.
Fico à escuta de tudo e de nada
Nesta minha ingenuidade
Trago a infância atravessada
Na chama desta saudade.
rosafogo
natalia nuno
Queda
Visto-me de chuva
tropical
quente o momento em que entras em mim
de___________vaga_r
onda sobressalto
salto alto____________________nave___g.a.r
profundo
o
olhar
translúcido
tríptico vitral.
Cais
de embarque
em mim
alma_________ sentidamente etérea
âncora férrea
casco
proa mastro banal
bandeira
virtual
mãos de riso
coração________preciso
bússola
batel.
Ensaio a________fuga
lume de cabelos ácidos
água mercurial
sa(n)grado o mergulho com que ascendo aos céus_________
____véus
de renda em nafta________
__________________o.f.e.r.e.c.e.s-me a tua boca de príncipe
________sorri(S)o orgulho magma
filme
nu
corpo
em
chaga.
tropical
quente o momento em que entras em mim
de___________vaga_r
onda sobressalto
salto alto____________________nave___g.a.r
profundo
o
olhar
translúcido
tríptico vitral.
Cais
de embarque
em mim
alma_________ sentidamente etérea
âncora férrea
casco
proa mastro banal
bandeira
virtual
mãos de riso
coração________preciso
bússola
batel.
Ensaio a________fuga
lume de cabelos ácidos
água mercurial
sa(n)grado o mergulho com que ascendo aos céus_________
____véus
de renda em nafta________
__________________o.f.e.r.e.c.e.s-me a tua boca de príncipe
________sorri(S)o orgulho magma
filme
nu
corpo
em
chaga.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Nas teias do teu rasto
Procuro um rosto na multidão.
Uma luz que alumie as trevas.
Alguém que conheci noutras eras
mas de quem já não recordo o nome.
Procuro na margem dos rios
atento ao murmúrio das águas
e nos desolados caminhos de pedra
onde febril me perdi
sem encontrar sinal de ti.
Vim de muito longe.
Onde o fim da noite pulsa
nos confins profundos de uma vertigem
à deriva nos oceanos do tempo.
Já cruzei mil caminhos,
atravessei céus de luz e escuridão
esgravatando a imensidão do vazio
sem sequer cheirar teu perfume
ou o vulto da tua sombra fugidia.
Uma vida inteira não bastou
para achar as pegadas do teu rasto
afundadas nas ruínas chuvosas do pó
e nas rugas arrefecidas dos milénios.
Talvez não passes de uma ilusão
que o vento murmura à noite nos muros;
esboço inútil que rabisco
nos sonhos cegos que alimentam
a névoa triste da minha passagem.
ABRAÇO
abandonei-me ao teu abraço
fogo que nos condensou…
sem palavras …
abraço de embaraço!
as pessoa passavam
ouvia-as distantes
ruídos diluídos
no bater ruidoso do coração!
.
não sentia o solo
balançava no ar
sentidos girando
veloz carrossel,
que turvava a realidade…
os pesos...esquecidos!
.
ascendia às estrelas
apanhava a via láctea
e nesse percurso estelar
sentia-me desfalecer
cega pelos brilhos
cintilantes!
.
apertaste-me mais
as tuas mãos premiam
as minhas costas
eram sábias inquietas
com seus dedos de néctar!
cavalos selvagens
transpirantes
cúmplices de……
suspiros e interjeições!...
12.11.2010
Arrasto-me na lama
Meus pés descalços, cansados,
Caminham lentamente, pesados...
Meu corpo quase inerte e morto,
Ornamenta um esqueleto já torto...
Invólucro bonito, enlaçado,
Interior vazio, destroçado...
O coração já não bate a preceito
E meu respirar tem outro jeito...
Braços descaídos, sem firmeza,
olhar perdido na incerteza...
Meus pés descalços na lama...
Fugindo ao calor desta chama...
Caminham lentamente, pesados...
Meu corpo quase inerte e morto,
Ornamenta um esqueleto já torto...
Invólucro bonito, enlaçado,
Interior vazio, destroçado...
O coração já não bate a preceito
E meu respirar tem outro jeito...
Braços descaídos, sem firmeza,
olhar perdido na incerteza...
Meus pés descalços na lama...
Fugindo ao calor desta chama...
Quando o suspiro me fala
Quando o suspiro me fala
no silencio da tua voz
a razão cobre-se de mudez
e o meu olhar reconstrói
as formas
da minha insensatez
No murmúrio dos ventos
e no carpir das chuvas,
o suspiro esvai-se
nas aguas mansas do rio
na suavidade das brumas
E estes lábios ressequidos,
aqueles que nunca beijaste
crispam-se dolorosos
amarfanhando o grito
da minha pequenez
Quando o suspiro me fala
veste a minha alma
de total nudez
no silencio da tua voz
a razão cobre-se de mudez
e o meu olhar reconstrói
as formas
da minha insensatez
No murmúrio dos ventos
e no carpir das chuvas,
o suspiro esvai-se
nas aguas mansas do rio
na suavidade das brumas
E estes lábios ressequidos,
aqueles que nunca beijaste
crispam-se dolorosos
amarfanhando o grito
da minha pequenez
Quando o suspiro me fala
veste a minha alma
de total nudez
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Entre a palavra e um sorriso.
Entre uma palavra e um sorriso.
Pela forma como me divido entre um sorriso e um afecto partilhado à mesma mesa dos que me quiserem ouvir, sentir e ver sorrir, está a verdade absoluta de ser eu num momento, ou eu num lamento, enquanto espero por um sorriso grandioso, que me faça ir e voltar sempre ao mesmo ponto de onde parti. Continuo a mesma a cortar o ar que respiro, só, na consolidação do tempo em que me esperava, e não me via a chegar, junto a todos os que queriam partilhar a vida de mãos dadas. Dou-as a todos os que as quiserem pegar e sentir, quantos gestos e quantas palavras, elas marcaram num conjunto diversificado de formas, que me levem a acreditar num sorriso genuíno, mas não me peçam para sentir nas palavras, o que nenhum olhar distingue. O que a minha alma me diz, enquanto elas se desmistificam, faz de mim um ser em permanente evolução. Serei sempre a parte que doarei inteira num mundo obscuro de formas e lugares, entre os demais que me quiserem seguir, serei sempre o centro, onde reside a vontade, mesmo que anulada ou estrangulada, até que me ouça num novo mundo, até que me distinga eu e só eu, na verdade das palavras ainda por escrever.
Invento-me para que me vejam mais do que simples palavras, e dou-me numa só, aquela que sempre direi, enquanto espero por todas as que se querem só palavras, quando já nada há para escrever. Ditá-las de uma forma inconsequente, é transformar os modos em formas indecifráveis, capazes até de destruir todos os sorrisos que se prestam a seguir-lhes os passos. Nada mais terei para dizer, nem tão pouco escrever, se não souber ouvi-las através da minha voz interior, que não se ouve, nem se vê e nem se sente a palmilhar o chão que meus pés pisam. Contudo, elas estão lá, sempre que fechar os olhos e conseguir decifrar as cores que as transformam em telas refinadas na arte de bem dizer.
(Caminho com elas ao teu lado, para que me decifres na quietude de todas as palavras que se encontram disponíveis, para que no silêncio, se renovem e se expandam através da criação de outras que ainda falta escrever).
Temo por elas, e por nós, seres amorfos, amortizados no mundo dos vivos e condicionados ao mundo dos mortos. Tão moribundas como nós, serão avivadas por todos os sorrisos do mundo que já viram e ouviram um sorriso profundo, chegado da viagem mais fantástica - aquela que nos eleva ao mais alto grau de sabedoria, através de todas as palavras que ainda não se escreveram, mas que esperam o grande dia, a magnificente hora de um longo sorriso, a quebrar as normas impostas por todos os que fazem das palavras, uma sátira de momentos perdidos.
Dolores Marques
"Serei sempre a parte que doarei inteira num mundo obscuro de formas e lugares, entre os demais que me quiserem seguir, serei sempre o centro, onde reside a vontade, mesmo que anulada ou estrangulada, até que me ouça num novo mundo, até que me distinga eu e só eu, na verdade das palavras ainda por escrever."
E é este o mundo onde nos perdemos ou nos encontramos,onde somos o centro de tudo e nos renovamos nos silêncios até ao momento onde as palavras renascerão mais belas ,onde os sorrisos e os afectos se sentarão a mesma mesa e as palavras se ouvirão de uma só voz,cúmplices no desejo se darem as mãos e se tornarem unas,neste novo mundo.
"(Caminho com elas ao teu lado, para que me decifres na quietude de todas as palavras que se encontram disponíveis, para que no silêncio, se renovem e se expandam através da criação de outras que ainda falta escrever)."
é esta a viagem que empreendo aqui neste momento e neste tempo uma viagem ao mais profundo do meu silêncio,onde as palavras se escondem,e onde eu,as procura para lhe dar luz e sentido ,e as traga ao meu viver plenas de vida num momento de rara inspiração.
E nesse momento já não mais as sentirei moribundas,mas ao contrario ,plenas de vida,de luz ,de sabedoria,como esse sorriso vindo longe.E então as palavras serão uma eterna descoberta de mãos dadas com os afectos.
São Gonçalves
Dolores Marques.
É uma escritora multi facetada que escreve de uma maneira magistral sobre todos os aspectos da vida e da espiritualidade.
Nas suas mãos as palavras moldam-se de uma forma subtil aos mundos que ela quer descobrir e desmistificar.
E a poetiza da alma,do mundo interior,da busca pelo conhecimento de si própria e do que a rodeia ,das motivações espirituais ,do conhecimento do que há de mais profundo na vida da humanidade.
Há na sua escrita uma coragem de ir sempre mais alem nas suas capacidades de atingir o inantingivel,de se conhecer no mundo como Ser espiritual onde o corpo vagueia a mercê das incostancias e das variações do tempo que passa,e de um espírito novo que revigora na luz que que vem de outras vivências ,mas e sobretudo,na luz que vem de um plano superior a este pequeno mundo onde nos encontramos.
Dolores Marques tem o dom da palavra e a missão de iluminar o caminho de todos os que a queiram ler.
DESVARIOS
Faz tempo, que do tempo, tempo fiz!
Acaba-se o viver e o tempo basta!
Passou o tempo, que foi tempo de ser feliz?!
É agora o tempo, que desse tempo me afasta.
Trago minha alma perdida num deserto
Coração a bater no peito de ansiedade
E ao invés de alegria, a tristeza trago por perto
Nos meus olhos poços de luz , habita a saudade.
Neste tempo, já nem palavras tenho para dar
O tempo me desarma é senhor omnipotente
Cai sobre mim tão bruscamente!
Só a esperança me vem ainda agasalhar.
É o tempo que passa com firmeza, indiferente
O tempo que se infiltra contra minha vontade
Tempo que goteja sombras sobre mim
Cai sobre mim tão bruscamente!
Eu lhe peço e me despeço é já o fim
Tempo do adeus e da saudade.
rosafogo
natalia nuno
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
O Peso do Nada
Morre-me na alma um grito mudo
quando
na corrida contra o vento
pedras em avalanche
movidas pela rapidez do tempo
sepultam meus sonhos ardentes
como lâminas incandescentes
sob o peso do nada me estou soterrando
anoiteço-me
ao romper da madrugada
pudera eu pensar-me imaterial
flutuar-me de mim
numa utopia em que me torne real...
Marialuz
quando
na corrida contra o vento
pedras em avalanche
movidas pela rapidez do tempo
sepultam meus sonhos ardentes
como lâminas incandescentes
sob o peso do nada me estou soterrando
anoiteço-me
ao romper da madrugada
pudera eu pensar-me imaterial
flutuar-me de mim
numa utopia em que me torne real...
Marialuz
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Se eu fosse só eu
Se as minhas dúvidas caíssem
Sobre os fardos de palha
Onde me deito
Quando na terra
Visito os altares de renome
E m’encontro
No meio de todas as lutas
E de todos os pontos
Que me fazem acabar
No meio da escuridão
Se as minhas raízes
Continuassem a descer
Sobre o ventre da terra
E quisessem saber
Das dores de um parto
A colher o sémen
De todas as colheitas
Se eu fosse só eu
Nada me faria largar
O meu eco antigo
A rasgar
As entranhas cristalizadas
Sobre os fardos de palha
Onde me deito
Quando na terra
Visito os altares de renome
E m’encontro
No meio de todas as lutas
E de todos os pontos
Que me fazem acabar
No meio da escuridão
Se as minhas raízes
Continuassem a descer
Sobre o ventre da terra
E quisessem saber
Das dores de um parto
A colher o sémen
De todas as colheitas
Se eu fosse só eu
Nada me faria largar
O meu eco antigo
A rasgar
As entranhas cristalizadas
Das cavernas
Onde guardo os olhos
Se eu fosse
Uma gota disseminda
Onde guardo os olhos
Se eu fosse
Uma gota disseminda
A cair-te do alto
Pranto onde se guardam
As dores alheias
Estaríamos os dois
A furar as portas blindadas
De um céu que cedeu
E se fez horizonte
Nas nossas madrugadas
Pranto onde se guardam
As dores alheias
Estaríamos os dois
A furar as portas blindadas
De um céu que cedeu
E se fez horizonte
Nas nossas madrugadas
domingo, 5 de dezembro de 2010
Anjo da cabala
Sou o surdo eco de mim mesma
Repito em voz alta as dúvidas
que me assolam e perturbam
e as respostas são a consciência
o castigo intrínseco que carrego
Quero ver-me livre deste karma
chamar-lhe sina, suavizá-lo
dizer apenas que o mereço
mas, isso é dar-me muita importância
e...nem mais essa certeza eu tenho
Talvez o céu me devolva a alma
que a terra teima em esconder
me transforme em anjo da cabala
desejo secreto que acalento
e me persegue a tempo inteiro
AVIS-RARA
Abre as tuas asas, meu amor
Dentro das tuas asas entrarei
E o abraço das tuas penas macias
Destruirá todo o meu desamor.
.
Leva-me nos teus voos ao além
Às terras dos deuses de marfim
Para fruir os aromas exultantes
E ver as cores bizarras e ardentes.
.
Terras virgens da inveja e do ódio
Onde a transparência é imperativa
A alegria tem o esplendor do carmim
E o amor é o pão da nossa fome
.
Abre as tuas asas, meu amor
Preciso tanto de descansar
De sair deste inferno incessante
De agarrar-me às tuas asas e voar!
.
Marisa Soveral
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AVIS-RARA - MARISA SOVERAL
sábado, 4 de dezembro de 2010
Era para ser um poema romântico
O sopro frio da tua ausência
entrou pela janela mal fechada
do primeiro verso,
rastejou
por entre as sílabas
da caligrafia hesitante,
devorando
toda a métrica febril
das palavras dispersas
entre as margens do papel.
Contaminada pelo hálito
desse sopro doente,
a inspiração perdeu-se
num bater de portas
nos confins da estrofe,
empurrando-me
para o canto da folha,
onde rabisco, em desespero,
o final deste poema
que era para ser romântico
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http://seguindooescoardotempo.blogspot.com/
Para lá da linha ténue
Tenho fome e sede e como tenho estas necessidades
tento desvendar os segredos,
os sons da noite
os silêncios esquecidos do dia…
As horas cantam
o sono amortece
o canto das cigarras
para lá da linha ténue
em que a fome e a sede se saciam…
O sono é parente morno
da insónia que veste a noite
de fragmentos da aurora…
Os raios de sol
aconchegam os segundos
que latejam no relógio nas dobras do tempo,
a fome e a sede são mutações
descodificadas na efemeridade do vazio…
tento desvendar os segredos,
os sons da noite
os silêncios esquecidos do dia…
As horas cantam
o sono amortece
o canto das cigarras
para lá da linha ténue
em que a fome e a sede se saciam…
O sono é parente morno
da insónia que veste a noite
de fragmentos da aurora…
Os raios de sol
aconchegam os segundos
que latejam no relógio nas dobras do tempo,
a fome e a sede são mutações
descodificadas na efemeridade do vazio…
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
SEREI CONTRADIÇÃO
Meu caminho é já uma imensidade
Trago nele um cheiro a terra molhada
À noite, descanso na saudade
De dia sinto a vida a fugir, lembrança passada.
E há lembranças no meu peito em brasas
Me abandono nelas como se fossem tempo presente
Lembranças chegadas de longe, trazem asas
Impossível é o regresso é sonho sómente.
As desenrolo nas insónias, e me deleito
E nasce um sonho imenso maior que o mar
Sou livre nesta morada onde me deito
E onde fico livre só para amar.
Estas lembranças mantêm vivo meu caminho
e meu querer.
E eu persisto que meu corpo há-de resistir
Hei-de desdobrar o tempo vizinho
hei-de viver
O tempo esse ignora o meu querer,
serei contradição, saberei fugir.
Memórias que são lenha p'ra me aquecer
Que ao recordar me deixam enfeitiçada
De madrugada me deixam adormecer
Para redobrar forças nesta minha caminhada.
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Esse Navio
Nesse mar profundo te perdeste…
Nesse navio, qual palácio,
Navegaste pelo mar do mundo.
Deixaste meu ser solitário.
Segui-te no meu imaginário.
Dancei contigo,
Nas noites dos bailes de gala.
Nadámos,
Nas piscinas do navio flutuante.
Trocámos nosso amor,
No amor sentido, perdido…
Nesse navio do mar profundo.
Ah se eu pudesse!
Comprava o braço do mar,
Para ter esse navio!
FANTASMAS DA CIDADE
Noite fria, gélida…
O bafo é fumo quente…
Levanto a gola do casaco
Aconchego a «charpe»
Pelas ruas pouca gente…
Mas muitos fantasmas
Corpos escondidos
Nos recantos
Cobertos de solidão!
Muitos…muitos…tantos!...
.
No calor do néon
Da zona comercial…
Aí está a sua cama
Os pertences numa saca…
a garrafa, o naco de pão…
Sombras na cidade sombria
Enroladas num cartão!
.
Que vidas!..
Caminhos de perdição?
Marginalidade um ditame?
Por querer ou não querer
Essa dura condição?
.
Foram crianças de colo…
Amaram e foram amados…
Com sonhos e pesadelos…
Ou não!..
E acabaram despejados!
.
Chegaram à asfixia
De «não vale a pena»!
Ou «que hei-de fazer desta vida»?
Viver é coisa pequena
Seja curta ou comprida!
.
Sinto frio…muito frio…
Um frio não só corporal
Sinto raiva…muita raiva…
Desta vida problemática
Deste mundo desigual!
14.11.2010
Marisa Soveral
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FANTAMAS DA CIDADE - MARISA SOVERAL
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Máscaras
(imagem retirada da internet)
Canso-me depois de me cansar, gasto-me depois de me gastar…
Acalma-te coração, não vale a pena a inquietação.
Não deixes as rugas chegarem e se enraizarem,
Respira fundo, na transpiração do rubor em desatino
No desalinho das mentes cansadas das máscaras
Se desmascaram a si próprias, constantemente.
Ouvem-se vozes em harmonia, dia a dia,
Vêem-se rostos de tristes criaturas contentes,
Enchendo os bolsos, cantam, riem, dançam,
Na virtualidade da vida vivida sem existência.
Nessa senda de existência sem vida, na mentira
Mentem ao sabor do ar que respiram,
Ouvimos nós boquiabertos, sem resposta
Ao devaneio louco do embuste aceite pela sociedade.
E assim acaba a história, pois assim se quer
Pensar cansa a beleza, da inimputável gente
… que somos no mundo… mas que mundo?!
Que gente, que futuro, que moral, que valores?!
Permaneço na inquietação de ter que me acalmar.
domingo, 28 de novembro de 2010
Insónia profana
No silêncio das noites de insónia
vultos febris rondam
as areias remotas dos desertos
soterrados dentro de mim.
Salteadores sem rosto nem identidade
envoltos em turbantes de poeira
vêm, à luz de velhas tochas,
pilhar os túmulos arrefecidos da memória.
Acampam em tendas de ventania
nos vales extintos do passado;
batem com as picaretas no solo,
enfiam as pás nas fendas esconsas
e escavam, revolvem, profanam
as riquezas e misérias deste templo,
trazendo à luz anónima do luar
aquilo que estava destinado à escuridão
e às sepulturas eternas do esquecimento.
A Imponderabilidade Dos Sonhos
Todos os meninos
têm sonhos
inventam as viagens
com seus barquinhos de papel
que colocam
sobre um fio d´água
exploram as terras
com seus aviões d´ aerograma
que entranham no vento
com uma linha invísivel
Por vezes
nao
Limitam-se
a viver e morrer
sobre
o fio
da linha
LSJ , A Madrugada De Lucas , 281120100731
têm sonhos
inventam as viagens
com seus barquinhos de papel
que colocam
sobre um fio d´água
exploram as terras
com seus aviões d´ aerograma
que entranham no vento
com uma linha invísivel
Por vezes
nao
Limitam-se
a viver e morrer
sobre
o fio
da linha
LSJ , A Madrugada De Lucas , 281120100731
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
NO PALCO
Não vou embalar ímpetos de desdém
De pingos de gelo a desabar no peito
Como agulhas finas de atroz suplício
Não, não pode ser, não tem jeito!
.
Adeus, adeus eu vou embora, vou sair!
Abandono a cena, esta não é a minha peça
Sinto-me para a tragicomédia a resvalar
Estou cansada e sem enredo que me impeça!
.
Sem réplica, como hei-de representar?
Espero, espero e, só encontro o silêncio
Estou farta de no palco a sós monologar!
.
Esta peça tem pouco de real, fracassou!
O «blackout» é absolutamente natural
O espectáculo da quimera terminou!
18.11.2010
Marisa Soveral
Hoje O Meu Sentimento Não Rima
Hoje o meu sentimento não rima
é oração impura
refúgio sem agasalho
hora estagnada
sem cura
hoje pesa-me o grito confinado
cala-se a voz do silêncio
sinto o movimento inquieto de tudo o que não conheço
de algo que pus de lado
e revive nos meus olhos
vagos... vagos...
mas tu dizes-me
(ah, eu quisera acreditar!)
que há um outro lado do mundo
onde os planos se entrelaçam e os corpos
se transfiguram
que há um tempo em que os relógios reverdecem
e a luz chega ao cair da noite
exalando a eternidade
plantada em rios de giesta e de papoilas.
Escrito em 24.11.10
Em memória de minha mãe
Marialuz
é oração impura
refúgio sem agasalho
hora estagnada
sem cura
hoje pesa-me o grito confinado
cala-se a voz do silêncio
sinto o movimento inquieto de tudo o que não conheço
de algo que pus de lado
e revive nos meus olhos
vagos... vagos...
mas tu dizes-me
(ah, eu quisera acreditar!)
que há um outro lado do mundo
onde os planos se entrelaçam e os corpos
se transfiguram
que há um tempo em que os relógios reverdecem
e a luz chega ao cair da noite
exalando a eternidade
plantada em rios de giesta e de papoilas.
Escrito em 24.11.10
Em memória de minha mãe
Marialuz
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
ENQUANTO VONTADE TIVER
Nasci esta noite enquanto a manhã vinha
Despedi-me do ontem, onde já sou fumo
Pesada de tanto passado, vida minha!?
Esperança é nada...nada é meu rumo!
Sempre repetindo a mesma ladainha
Com a saudade do lado esquerdo onde se aninha.
Criança me sinto no palco da Vida.
Trepo às estrelas, páro o meu destino
Esqueço a idade já enegrecida
Sou pássaro farto, cansado, perigrino.
Vivo por aqui!
Morro por ali!
Quando escrevo, sinto-me viva
Inteiramente viva.
Posso escrever o que eu quiser!
Que a minha liberdade é verde
Enquanto vontade tiver
Palavra alguma se perde.
Ela que de alegria e tristeza me criva.
Nasci esta noite enquanto a manhã vinha
Tive medo, que tardasse a madrugada
Que este verso se finasse da angústia minha
E me deixasse de alma quebrada.
rosafogo
natalia nuno
Asa(s)
Exangue a tortura do plano inclinado
trocam-se palavras
letras empoleiradas nos beirais do poema
d
e
s
a
l
i
n
h
a
d
o
o tempo em que as romãs são diospiros
maçãs do rosto em fogo
a
alma
leve suave transparente
cálida
a noite
em que te vestes de mim.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
É o tempo que me abraça
Vagueio na noite… tal fantasma
cobrindo-me de sombras fugidias
é o tempo que me abraça
nas encruzilhadas do caminho
e por travessas e becos acolhe-me
a saudade em desalinho
mas o teu olhar protege-me
das raízes emaranhadas de seda
que roçam as minhas mãos
impotentes
No tudo da vida prevalece
o nada obscuro do destino
alheio de mim
Já não me encontro nos dias
que passam... aqui ao me lado
...ignorando-me
São as pétalas que se escondem
nos aparentados espinhos
pontiagudos... felinos
São as cores desbotadas
da camuflada paisagem
e o quadro que se quebra
estilhaçando a doce aragem
Sou eu, és tu…. que te tens
nas trevas do dia
da luz que se esvaísse
no limiar do limbo
È a terra rodopiando
a vida... renascendo
no principio do enlaço fatal
Nada tido, sem sentido
Nada tido
Sem sentido.
Palavra oculta
Sente culpa
Nada diz
É feliz.
O mundo sente
Palavra não mente
Tudo expressa
Nesta grande peça;
Palavra parida
É próprio da vida
Palavra sem nexo
Universo complexo;
Caminho armadilha
Poeta que brilha
Ao sabor de versos
De sonhos dispersos.
Escreve, é feliz
Texto que condiz.
Sofre, escreve
Esta felicidade é breve?!
É eterna enquanto dura
É sentimento de escravatura?!
É ~l~i~b~e~r~d~a~d~e~
É vontade
É terapia
De anomalia
Euforia
É carta de alforria.
Nada tido
Sem sentido.
Anomalia
Não é agonia.
Normal
É disfuncional.
Palavra desgarrada
Em versos apanhada
Metáfora inventada
Rima alucinada
Que diz, nada!
Eufemismo
Disfemismo
Ironia
Alegoria
Palavra tida
Contrapartida
Emoção
Em ebulição
Alma a latejar
As palavras a jorrar
Oceano tumultuoso
Tsunami de gozo
Arraial de excitação
Viagem ao coração.
Mente alucinada
Extravasada
Esvaziada
Apressada
Sangue a ferver
Versos a escrever!
Nada tido
Sem sentido!
7 de Junho de 2010
Clarisse Silva
terça-feira, 23 de novembro de 2010
MEU AMOR...
Eu digo ao teu ouvido
Palavras de amor, não duvides!
Ouve, são palavras de amor intenso!..
Vê o meu sorriso,
este sorriso é só teu!
Lembra-te do meu sorriso comum
De sobriedade
E como ele agora mudou
Espelhando felicidade!
Toco o teu corpo
Estrada para os meus dedos
Vaguearem carícias de pele
E na tua pele escrevo
AMO-TE, ADORO-TE…
Risco viajante e vagabundo
Na pele inspiradora
Lá fora é o deserto
Tu és o mapa-mundo!
Entras em mim
Lacrimejo o teu corpo
Na tortura do desejo
Desgrenhado
E ávida cotejo,
Na luta corporal
E latejo!
Lábios que beijam e sussurram
Meu amor…meu amor
Pelo teu corpo
Libertador!
Quero o suplício
A tortura
Sou tua escrava
Com a tua bravura
Dentro de mim
Escava!
Não são apenas palavras
São amputações do espírito!
Entrego-me em aluvião
Incondicionalmente
Em ti busco o infinito!
23.11.2010
Marisa Soveral
Portagem
Das jornadas,
erguem-se entre paraísos
sequências de portas fechadas
trancadas.
Há…
Destempo apressado.
Certo.
Momento calado
onde a dor é reflexo
no espelho quebrado
de nós.
Ainda…
Tempo estagnado.
Incerto.
Protesto pesado
quando o grito é livre
no plangendo arrastado
da voz.
Do raso
espaço dobrado, o fundo
vaza, apartado, confinado
ao passado.
Um
tempo por vir…
E a luz de outro sol
derramada, sobre a razão
de um novo mundo,
guia-nos pelo chão.
erguem-se entre paraísos
sequências de portas fechadas
trancadas.
Há…
Destempo apressado.
Certo.
Momento calado
onde a dor é reflexo
no espelho quebrado
de nós.
Ainda…
Tempo estagnado.
Incerto.
Protesto pesado
quando o grito é livre
no plangendo arrastado
da voz.
Do raso
espaço dobrado, o fundo
vaza, apartado, confinado
ao passado.
Um
tempo por vir…
E a luz de outro sol
derramada, sobre a razão
de um novo mundo,
guia-nos pelo chão.
APENAS LEMBRANÇA!
Sabia que mais cedo ou mais tarde
Na solidão dos dias futuros
Haveria de soltar suspiros de saudade
Acendendo na memória, pedaços já escuros.
Nas horas de lassidão
Deixo-me esquecida do presente
Relembro imagens distantes
Esqueço do tempo os estragos
Fico ausente!Na poeira do pensamento,
na leveza dos instantes
Deixo meus fantasmas amargos.
Do meio do nada
Surge a recordação em mim derramada.
Cada lembrança me traz o sorriso à boca
Cada palavra escrita é linguagem de criança
Lançada ao acaso, coisa pouca!
Apenas lembrança!
E as palavras ganham asas, são esperança
E me sinto eternamente viva.
A recordar...
As minhas raízes a que já não me posso agarrar
Mas às quais me sinto cativa.
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Na Matriz das Borboletas
Rasgou a ponte e abriu os poros
às margens férteis do novo tempo
não há sombras
neste rio
onde acordam entoações de primavera
e voos de linhos respiram na janela
procura-se
no fundo de manhãs a cores
reinventa-se na matriz das borboletas
desprende os anseios na vertigem da bruma
é pedaços de vento
desenhando os passos em árvores nuas
decifra sensações
na estrada sem distância
onde os mapas paralelos se entrecruzam.
Marialuz
às margens férteis do novo tempo
não há sombras
neste rio
onde acordam entoações de primavera
e voos de linhos respiram na janela
procura-se
no fundo de manhãs a cores
reinventa-se na matriz das borboletas
desprende os anseios na vertigem da bruma
é pedaços de vento
desenhando os passos em árvores nuas
decifra sensações
na estrada sem distância
onde os mapas paralelos se entrecruzam.
Marialuz
domingo, 21 de novembro de 2010
Ode ao moribundo
AMORES MORIBUNDOS
Ouço ainda o rumor dos teus lábios de cinza
a espernear de encontro às tábuas gastas do meu peito,
e dou por mim, num delírio febril,
a murmurar as sílabas nostálgicas do teu nome,
que dançam, numa vertigem de fumo,
ensombrando os versos obscuros do poema.
Um pássaro de cera derretida,
pousado no luar arruinado dos meus ombros,
digere a ressaca de um eco distante,
no vazio destroçado do papel,
onde tento fixar as últimas sombras
do teu sorriso desfeito.
Vozes escondidas murmuram nos recantos da memória
a litania decadente dos ventos,
invocando, num ranger de ossadas,
a réstia contaminada de remotos sonhos
enterrados dentro de mim.
Sacudindo o feitiço,
acendo as palavras efervescentes do teu nome
e deixo-as, a queimar, no rebordo encardido do cinzeiro,
entre duas baforadas de fumo baço
e a insónia lenta da tua ausência,
renegando para os confins do poente
aquilo que já não me serve.
Esta noite, num derradeiro gemido,
entrego o teu rosto calcinado
às chamas fugazes do esquecimento
e, definitivamente, te fecho a porta.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Solta(S)
trémula a folha
cai
em sangue o Outono
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
visto-me de ti
em nuances de fogo
o olhar mareado de lágrimas estivais
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
dormes no meu corpo
o son(H)o
virgem guerreiro sem tempo
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
busco num poema
a força
do carvalho refeito cor(es)
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
sei o som
da morte
da vida em musica celebrada
VIVO
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
PARA ALÉM DO TEMPO
PARA ALÉM DO TEMPO
À Vida me agarrei por mais um dia
Contei segredos ao travesseiro
Chega a tarde e me põe sombria
A sós com lembranças d'algum dia
E o passado na memória por inteiro.
A fazer-me lembrar mais um ano
Perversa a Vida, me leva ao engano.
Sempre igual parecendo diferente
E sempre o sonho morrendo com a gente.
Quando tudo parece a chegar ao fim
Há uma raiz que não desprende
Um pressentimento d'outro tempo em mim
O acolher dum sonho que ninguém mais entende.
E é como se meu corpo de novo se tivesse erguido
Liberto do tempo e da idade
E em minhas palavras um sonho estremecido
Este sentimento que em mim se aninha a SAUDADE.
natalia nuno
rosafogo
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Provei-te
Provei teu licor,
no amargo doce do entardecer.
Provei teu mel,
no doce amargo de ser.
Provei teu calor,
na doce ternura do sentir.
Provei teu odor,
no perfume amargo do trair.
Provei-te num todo,
no doce amargo de te querer.
Provei-te,
no doce imaginário do viver.
no amargo doce do entardecer.
Provei teu mel,
no doce amargo de ser.
Provei teu calor,
na doce ternura do sentir.
Provei teu odor,
no perfume amargo do trair.
Provei-te num todo,
no doce amargo de te querer.
Provei-te,
no doce imaginário do viver.
Águas límpidas
Desenho uma flor
nos traços subtis de um poema
em sépalas de luz
coroando o pólen
na ponta fina dos dedos
em lapsos dos segundos
entre orvalhos e poeiras
com os salpicos de nuvens
que me aconchegam
a voz no perfil do infinito
que absorvo
nos pináculos do silêncio
onde me dispo
e revisto de águas límpidas
a fonte que guia
as correntes sem estagnar
a luz inebriante
como o vento que canta
nos cumes da montanha
que todos os poros fecundos
encontram para lá dos muros
erguidos pelas mãos alheias
em ruídos
que o silêncio não obtempera…
Ana Coelho
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
No Lado De Lá Da Chuva
Se ao menos eu pudesse
cerrar a ventania das manhãs
fragmentar as janelas de baças trajectórias
gementes
desnudas
no lado de lá da chuva
sentar-me ao lado das memórias
durante as areias da maré baixa
e espelhar a eternidade no teu olhar
aquecer as tuas mãos
no encantamento da pedra
tão macia
tão eterna
tão acolhedora dos sentidos das palavras
se ao menos eu soubesse
saltar de dentro do tempo
saber-me
em uníssono
a tempo inteiro
aqui
aí
onde pertenço
no lado de cá da chuva.
Marialuz
cerrar a ventania das manhãs
fragmentar as janelas de baças trajectórias
gementes
desnudas
no lado de lá da chuva
sentar-me ao lado das memórias
durante as areias da maré baixa
e espelhar a eternidade no teu olhar
aquecer as tuas mãos
no encantamento da pedra
tão macia
tão eterna
tão acolhedora dos sentidos das palavras
se ao menos eu soubesse
saltar de dentro do tempo
saber-me
em uníssono
a tempo inteiro
aqui
aí
onde pertenço
no lado de cá da chuva.
Marialuz
Ciclos
Os
ciclos.
Na Primavera
um arvoredo colhe pássaros
e vida ao céu, com ramos atulhados
de verde e de sol. Por dias incertos, que passam
depois indiferentes, em asas de Inverno. E, um raio de luz
matinal, ainda não se fez esquecer, quando a lua
já se deita, ao lado de tanta dor. A compressa
ao peito, cheia de vida, cheia de pressa.
Imensa, efémera. Breve,
tão permanente.
Morro.
Eu.
ciclos.
Na Primavera
um arvoredo colhe pássaros
e vida ao céu, com ramos atulhados
de verde e de sol. Por dias incertos, que passam
depois indiferentes, em asas de Inverno. E, um raio de luz
matinal, ainda não se fez esquecer, quando a lua
já se deita, ao lado de tanta dor. A compressa
ao peito, cheia de vida, cheia de pressa.
Imensa, efémera. Breve,
tão permanente.
Morro.
Eu.
domingo, 14 de novembro de 2010
"São rosas, senhor, são rosas"
Se eu soubesse
fosse lá o que fosse
seria o canto da epopeia Lusíada
ou talvez os Jerónimos contruídos
na meia-praça larga e redonda
dum Tejo em cima da cabeça do Cristo-Rei
provavelmente o Rossio
na ponta das asas das pombas
que voam no coração das crianças
e de seus pais,pardais no voo delas,
com o Dona Maria a interpretar
para todos ,o acto primeiro
do Teatro que representa
o supra-sumo,imitação dum virtual
virtualmente real
ou a realidade eregida na virtualdade
perpassando a idade
do princípio até ao fim
dos corações de terra e jasmim
das mariposas de bom-bom e Bombaim
A Rainha Santa Isabel
abraçada à Padeira de aljubarrota
no enlace do pão e da frota
alargando a roseira e a bondade da rota
que "São rosas, senhor, são rosas"!
talvez dos bosques o Robin
sem arco nem flecha
apontando no alvo da brecha
lançada à banda desenhada
duma idade por alguns conquistada
traria a floresta para Alfama
e todas as àrvores para a Avenida de Roma
César haveria de cair,andar de lado ,
cambalear no cavalo de D.Afonso Henriques
a Estufa Fria arderia no calor
de todas as flores em ardor
num amor de beijos colossais
primavera de cisnes alados
sono e sonho na mão da vendedeira de violetas
pintadas na face
da peixeira que canta
o peixe e a traineira
podia ser mesmo
o cacilheiro rasgando o Veleiro
navegando na estátua de D. João I
ou Vasco da Gama dos dias de Bartolomeu
que re-escreve a história
da Julieta e do Romeu
qual Shakespeare num palco
teu e meu,nosso,vosso
ou o Palácio de Queluz
mote do fado com tasquinhas de gala
duma Amália e dum Marceneiro
com cantares d’andorinha
sobre os telhados do porvir
MadreDeus Ainda o Existir
na vinha , uva, bago, vinho,
a beleza-maresia despertando o Terreiro do Paço
testemunha do que veio e do que faço
e se não faço nada é porque
erraram a avenida e o traço-traçado dela
Santo Antoninho vem junto a mim
semear rosas e perfumar o jardim.
Luiz Sommerville
Eis no blog seguinte um plágio descarado deste texto :
http://abylyo66.blogspot.com/2010/11/sao-rosas-senhor-sao-rosas-se-eu.html
fosse lá o que fosse
seria o canto da epopeia Lusíada
ou talvez os Jerónimos contruídos
na meia-praça larga e redonda
dum Tejo em cima da cabeça do Cristo-Rei
provavelmente o Rossio
na ponta das asas das pombas
que voam no coração das crianças
e de seus pais,pardais no voo delas,
com o Dona Maria a interpretar
para todos ,o acto primeiro
do Teatro que representa
o supra-sumo,imitação dum virtual
virtualmente real
ou a realidade eregida na virtualdade
perpassando a idade
do princípio até ao fim
dos corações de terra e jasmim
das mariposas de bom-bom e Bombaim
A Rainha Santa Isabel
abraçada à Padeira de aljubarrota
no enlace do pão e da frota
alargando a roseira e a bondade da rota
que "São rosas, senhor, são rosas"!
talvez dos bosques o Robin
sem arco nem flecha
apontando no alvo da brecha
lançada à banda desenhada
duma idade por alguns conquistada
traria a floresta para Alfama
e todas as àrvores para a Avenida de Roma
César haveria de cair,andar de lado ,
cambalear no cavalo de D.Afonso Henriques
a Estufa Fria arderia no calor
de todas as flores em ardor
num amor de beijos colossais
primavera de cisnes alados
sono e sonho na mão da vendedeira de violetas
pintadas na face
da peixeira que canta
o peixe e a traineira
podia ser mesmo
o cacilheiro rasgando o Veleiro
navegando na estátua de D. João I
ou Vasco da Gama dos dias de Bartolomeu
que re-escreve a história
da Julieta e do Romeu
qual Shakespeare num palco
teu e meu,nosso,vosso
ou o Palácio de Queluz
mote do fado com tasquinhas de gala
duma Amália e dum Marceneiro
com cantares d’andorinha
sobre os telhados do porvir
MadreDeus Ainda o Existir
na vinha , uva, bago, vinho,
a beleza-maresia despertando o Terreiro do Paço
testemunha do que veio e do que faço
e se não faço nada é porque
erraram a avenida e o traço-traçado dela
Santo Antoninho vem junto a mim
semear rosas e perfumar o jardim.
Luiz Sommerville
Eis no blog seguinte um plágio descarado deste texto :
http://abylyo66.blogspot.com/2010/11/sao-rosas-senhor-sao-rosas-se-eu.html
Nó Cego
Preenches-me as horas com obstinada precisão, que se me abstrair e tentar deslindar este nó cego de mim, não sei quando chegaste, ao que vieste e porque ficaste. Sei apenas que atada a ti, me sinto bailar entre o luar de primavera e o alvorecer de um dia feliz.
Deslizas pelo meu pensamento com a desenvoltura de uma nascente que corre em busca da foz. Difícil, quase impossível, é evitar que te graves em mim. Mais ainda.
Debalde, tento racionalizar, tento virar-me do avesso, tento olhar-te sem te ver, tento, tento, tento… E falho.
E neste exercício de não te querer, de não respirar qualquer emoção, nesta vã tentativa de desatar o nó, acabo presa ao teu olhar... e maravilhada com a tua essência.
Deslizas pelo meu pensamento com a desenvoltura de uma nascente que corre em busca da foz. Difícil, quase impossível, é evitar que te graves em mim. Mais ainda.
Debalde, tento racionalizar, tento virar-me do avesso, tento olhar-te sem te ver, tento, tento, tento… E falho.
E neste exercício de não te querer, de não respirar qualquer emoção, nesta vã tentativa de desatar o nó, acabo presa ao teu olhar... e maravilhada com a tua essência.
SINA
Carrego o corpo dormente daquilo que fui
na memória penosa de passos arrastados,
buscando na erosão prolongada dos dias
o fio débil do meu destino suspenso,
traçado a giz no compêndio dos astros.
Nenhuma certeza habita meus pensamentos.
Perdi-me algures, naquilo que nunca fui,
incapaz de ser aquilo que me penso
ou o que em delirantes sonhos concebo
na inércia pardacenta de velhos muros.
Uma vertigem de caminhos enredados
leva-me ao dédalo angustiante das noites
que me afastam dos portos da infância,
onde bebo o espólio das quimeras vencidas,
envolto no assombro do nada que me cerca.
O mistério insolúvel da minha identidade
não mo revela o oráculo divino dos ventos,
nem os lábios arrefecidos da esfinge se movem
se lhe pergunto porque me tremem os dedos
quando escrevo sobre o que não aconteceu ainda.
O que serei amanhã, que hoje não sou?
O que deixarei nas margens do incerto
quando o entardecer bater com a porta
levando a luz subtraída ao pó das manhãs?
Trará o futuro algum sonho por reclamar,
ou apenas me aguarda o clamor da alma
ruindo no marasmo da ultima escuridão?
Todas as dúvidas me condenam ao vazio
e ao caminho ermo, que não me devolve
o sentido perdido, lá longe, no dia em que cresci.
Onde me retornará minha sina difusa
quando se esgotarem todos os caminhos
destas linhas cruzadas do destino
no suor enrugado da palma das mãos?
(De) Passagem
Acordo a vida que há num respirar intenso
notas de melodias inventadas em cada olhar que me aquece
escrevo(-me) em palavras repetidas
sempre novas
leituras proibidas
d.i.v.i.d.i.d.a.s
sei de cor o caminho que me perde de mim
apr(e)endo
p a s s o a p a s s o
momentos
em
que o voar
é o regresso.
A dor é apenas (um) sinal de que o vómito espreita.
Saio de mim
e
ressuscito
(em) musica.
Como se o meu corpo fosse apenas alma.
sábado, 13 de novembro de 2010
no último dia das marés vivas
O lençol
de água, reflecte
agonia no dorso dos cavalos enraivecidos
que se afogam e morrem na corrente, que aprisiona,
a força na mente das pedras. Galoparam,
com o brilho das estrelas
agarrado às crinas
na sede
de beber a lua
de um só trago, mas de nada
lhes valeu a
viagem.
de água, reflecte
agonia no dorso dos cavalos enraivecidos
que se afogam e morrem na corrente, que aprisiona,
a força na mente das pedras. Galoparam,
com o brilho das estrelas
agarrado às crinas
na sede
de beber a lua
de um só trago, mas de nada
lhes valeu a
viagem.
Medo de morrer?
Não,
medo de viver
na brevidade da onda.
O destino, em brados de vontades submersas,
poderá apenas ser o abismo, onde, pelo voo incerto
de uma gaivota, o longo xaile negro,
cobre o oceano no último dia
das
poderá apenas ser o abismo, onde, pelo voo incerto
de uma gaivota, o longo xaile negro,
cobre o oceano no último dia
das
marés vivas.
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