terça-feira, 29 de junho de 2010

Nem Terra, Nem Céu e Nem Nada

(imagem google)
*
Enquanto me não dispuser a viver
A vida dos mestres
Que se governam sozinhos
Em ermos distantes
Sem termos
Nem pressupostos
Nem leis
Nem armas
Nem fogo
Nem água
Nem ar
Nem terra
Nem céu
E nem nada

Viverei só no mundo
Que cai aos bocados
Nas mãos de quem
O acolhe
Como quem colhe
Frutos maduros
Mas apodrecidos
Nos pomares esquecidos

Abrirei os braços
E dir-te-ei de uma fome
Que alastra por todos
Os cantos da terra
Enquanto se gastam
As metades que dividem
O chão que pisas

Com 5 letras se escreve o mundo

Fecho as pálpebras,
Como duas asas que sentem o tempo,
Sentindo a tua boca na minha
Num beijo mudo.
Nesse perpétuo momento,
Onde o meu viver é o linho fresco da alvorada
Envolvendo a tua presença
Quando ambos exploramos os gestos
Em traços infinitos de desejo.
As minhas mãos prendem-se nas tuas
Em laços onde germinam mundos
Na inocência de sermos apenas nós os dois
Muito mais que a visão de um sonho.
Dizemos em segredo as palavras que sabemos,
Eternizando a paixão que nos abraça
Acendendo chamas infinitas no olhar
E nas cinco letras que preenchem o espaço
Quando dizemos apenas… AMO-TE!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

As mãos sobre o vidro

As mãos sobre o vidro e o vidro estilhaçado no corpo e é assim que a luz da paisagem caminha na tua pele e o teu corpo se abre ao meu como uma janela á madrugada. as mãos sobre o vidro e os olhos sobre o rio que corre e sobre o corpo que se ergue na sua luta contra a morte. as mãos sobre o calor da terra e a terra a respirar a tua boca com sede e eu sinto que é preciso ter sede para conquistar e amar o universo. as mãos sobre o vidro e o vidro que corta a luz dos olhos e os olhos que se fecham para guardar a intimidade da criação.

lobo