terça-feira, 28 de junho de 2011

Informação aos Participantes na Antologia

Olá a todos!


Informo que após a última comunicação, (há cerca de um mês) com a editora, a qual me comunicou que iria enviar o PDF, para ser revisto por todos os participantes, de que ainda não recebi o ficheiro para vos ser também reencaminhado. Lamentavalmente, o valor que me foi indicado, como custo do livro é elevado e pedi para ser revisto o ficheiro. A conclusão, mediante a conversa que tive com o Xavier Zarco, é de que, existem poemas de alguns autores, que ultrapassam uma página, daí haver essa discrepância no tamanho do livro e por consequência do valor do mesmo.


Aguado ainda que me seja enviado o ficheiro, (PDF), para que todos possam avaliar e corrigir e/ou substituir, caso seja necessário, os poemas, para que possamos então avançar de forma que a editora avance também com a proposta final.


O meu abraço a todos

Dolores Marques

Face Oculta da Lua




(Desenho de António Moura: Eu)

Não me tocas
Não me sentes
Nem me ouves
Num só grito
Enquanto sossegas
Sobre o meu cansaço
E não vês o espaço aberto
Ao desejo de um voo nocturno

Não consomes a fluidez
D’uma lágrima minha

Que se verte
Na face oculta da lua

domingo, 26 de junho de 2011

PÁSSAROS...

imagem - google


Lembras-te como éramos pássaros

Irrequietos e sedentos

Saltitando de momento a momento

Alegremente…

Debicando sensações

Pelos nossos caminhos

E sempre esfomeados

Procurando sempre ir mais longe

Em rumos encantados?

Lembras-te como as nossas asas se uniam

E voávamos em uníssono

Conquistando novos terrenos

Perdendo a noção do tempo

E entrando pela noite escura

A embalar num mesmo tom a fantasia

Até o sono nos haurir e declinar

E dormirmos em perfeita harmonia?

Hoje os nossos voos

São arrevesados...

Não são a linha intangível...

São como cordas

enroladas...com nós...

Difíceis de desembaraçar...

Vais, partindo de desassossego

Vens depois com promessas

Mas basta uma nota desafinada

Para te distanciares

E o tudo delineado fica em nada!

Assim caminhamos pelo avesso

Sem conseguir vivermos desligados

Com uma anilha não visível

Mas sem cadência, desafinados…

Junho - 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O MEU QUERER



Queria seguir a corrente
Das águas do teu mar
E aprisionar-me a ti únicamente
Rendida ao teu amor ficar.
E viver em ti e contigo
Desde o ressurgir ao morrer do dia
Até ao levantar das estrelas
Até que a lua sorria.

Dois corpos que se incendeiam
Que morrem no mesmo abraço
Queria ficar nessa teia
Seguir contigo teu passo.
Ser ave livre de repente
Nessa luz amanhecida
Ser tua água transparente
Ser teu poema, tua vida.

Ser a paisagem do teu olhar
O horizonte da tua memória
Ser a fuga e o aproximar
Renascer de novo na tua desmemória.
Percorrer o teu corpo, sedenta
Reacender o alento apagado
Esquecer as rugas, como quem inventa
Que o Sol entrou em nós inesperado.

Banhar as palavras em insanidade
Lançá-las do alto dos rochedos
Fazê-las brotar em fontes azuis de saudade
E rodopiá-las na febre dos meus dedos.
E eu continuo a querer!
Estar contigo até ao esquecimento
Deixar os anos decorrer
Em fantasias ébrias
Largar o pensamento.

rosafogo
natalia nuno

O poema que nunca havia sido terminado



Ecos de tinta negra
chegam de um poema que nunca terminei,
quando tropeço numa inesperada rebentação
de folhas velhas e amarrotadas.
Um emaranhado de sílabas que sacode
a clausura bafienta
de uma inércia de fundo de gaveta,
recordando uma dor antiga
que nenhum parágrafo pôde finalizar.
Palavras esquecidas,
fechadas num silêncio mutilado,
num sono profundo e lazarento,
esvaindo-se num vazio de raízes,
acorrentadas à ferrugem de um grito incompleto.

Numa vertigem de nostalgia,
sopro do papel a poeira amarelecida
onde o poema rumina a réstia de memória
que se desmoronou na lentidão sufocante dos dias,
e junto-lhe as palavras que lhe faltam
para que se liberte, finalmente,
de uma dor que já não me pertence.

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terça-feira, 21 de junho de 2011

Só Com Deus


(Imagem google)




Por entre silvados
caminhaste ao vento
Perdida entre labirintos
Perdida em pensamentos
Caminhaste só
Só, contigo e com Deus
Tentaste abrigar-te
nos braços Seus
Estavas carente
triste, desesperada
precisavas um colo
sentir-te acarinhada
E nesse torpor
caíste cansada
a noite se findo
já era madrugada
Por entre silvados
caminhaste ao vento
Só, mas com deus
superaste o lamento.

domingo, 19 de junho de 2011

Lembras-te amor?

Lembras-te amor
quando dançaram borboletas
nos nossos peitos nús
carícias esvoaçantes
em mãos sedentas de ter

Lembras-te
quando a nossa voz
aprisionou-se na boca agitada
e o corpo estremecia
em gemidos descontínuos
libertos no leito feito de querer

Lembras-te
quando o tempo
deslizava rapidamente
ao encontro da tarde
enlouquecendo nos nossos braços
ávido de ficar em nós parado
esquecido do entardecer

Lembras-te
quando os nossos corpos
segredavam-se numa redoma invisível
bafejando o ardor frenético da paixão
no desassossego louco de ser doação

Lembras-te? foi ontem amor

PARA SEMPRE….

Naquele mundo nebuloso e à margem… amo-te tanto!..

Suavemente o teu corpo percorro com beijos insaciáveis

Deixando a tua pele humedecida de saliva

E as mãos num corrupio a percorrer-te incansáveis…

,

Palavras sussurradas como sopros de lume

Agitam-te como uma cana abanada pelo vento

Nas planícies fulgentes e excitantes do deleite

Nossos corpos dançando em ritmo turbulento…

.

Contigo atinjo a paz, o universo prometido!..

Depois de tantas palavras trocadas, envolventes

O encontro carnal desejado, tantas vezes esculpido…

.

Fico nua na essência, pelos teus braços abraçada

Com o desejo de aderir a ti, para sempre

Pelo teu amor, protegida e aconchegada.

.

Junho-2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Cansada

Cansada

 
Um quebra-gelo glaciar
Que quebre sem esforçar
Ou que o derreta de uma vez
E perceba a lucidez.

Estou cansada…
Cansada de pensar
Cansada de remar
Contra a maré…
Que apenas encontra
Verdades obstruídas
Tentativas suicidas
Actividades furtivas
De supostas felicidades
Compostas no exterior
Onde não existe amor.
 
 
Estou cansada…
Cansada de filosofias
De breves poesias
Profundamente ensaiadas
Estou cansada…
Cansada de teorias
Dia após dia
Sem vislumbrar a realidade
E expandir a claridade.


Cansada
Com sede
Com fome
Desacreditada
Nos homens
Sem crença.


Quero dormir
E repousar
E quando acordar
Voltar a sorrir.
16 de Novembro de 10

quarta-feira, 15 de junho de 2011

DOMINGO NA DOCA

(Video: Marisa Soveral)

Percorro o espaço solitário…

Os barcos são embalados

Pela inquietude das águas…

Tudo está suspenso…mas preparado…

De madrugada rasgarão o mar

De risos e mágoas…

O silêncio é quebrado

Pelo grito das gaivotas

E pelos ruídos das coisas

Que o vento agita…

Numa estranha melodia

Sem pauta, nem notas!

Daqui por umas horas

Será o burburinho, o alvoroço

A labuta de mais uma jornada…

Solitariamente faço um esboço

Coragem e medo

Alegria e tristeza…

Amanhã muito cedo

Partem transpirando de incerteza…

Mas atarefados na faina

Sem tempo para pensar

Será mais um dia para colher

O pão que lhes dá o mar!...


quarta-feira, 8 de junho de 2011

GAIVOTAS



Passam as gaivotas, voam rente à água

Batem asas... ouço seus gritos de carências

São gritos rudes, inquietantes de mágoa

Olhos esgazeados clamando sobrevivência

.

Olho e acompanho as suas deambulações

Em cada uma me vejo buscando alimento

E vou voando nas minhas divagações

Olhando o azul para além do firmamento

.

Gaivotas têm asas leves muito limitadas

Impedidas de voos de longa travessia

Suas zonas de acção estão demarcadas

Condenadas a um espaço de monotonia

.

Queria grandes asas, velozes e fortes

Que me levassem a todos os mundos

Que me levassem a todas as sortes

Aos lugares mais intensos e profundos!


Junho - 2011

sábado, 4 de junho de 2011

Sabores fortes


O amor pode ser comparado
a uma chávena de café,
fumegante e aromática.
Sento-me à mesa do desejo
e deixo-me levar pelos sabores fortes
que a minha imaginação tece
enquanto espero o café que pedi.

Se o levar aos lábios, no entanto,
sem lhe juntar um pouco de açúcar,
será um gosto amargo e intragável
aquilo que ele me irá devolver,
e nunca serei capaz de esvaziar a chávena
e apreciar toda a extensão do seu sabor,

assim como, sem o mel do teu corpo,
nunca saberei a que sabe o amor.

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Paisagem na noite















No quarto enfarpelado de luta
desliza-me o olhar na paisagem abandonada
e na areia das gaivotas esvoaçantes
imagino na noite… errante
a silhueta do teu corpo andante
em passos deslumbrantes vestidos de cor

derramo pingos de sonho e ilusão
resvalando ao timbre do próprio coração

são momentos num momento de tempo
sonho liberto no casulo da alvorada
na noite que termino cansada
sonolento olhar na madrugada

MEU AMOR...


Respiro o odor dos teus cabelos

Agarro-me ao teu dorso

Aconchego-me,

Meu coração bate em ti…

E adormeço… no teu corpo generoso…

Entro no mundo onírico

E ouço ao longe

Uma música de flauta…

E o melro provocador

Canta em desafio…

Tudo é belo e…libertador!

Teus dedos de poesia...

Suaves e perfumados...

Vão-me acordando devagarinho

E entro na realidade

Num aconchego de ninho

Meu sorriso é de espanto...resplendor…

Alegre e feliz...sussurro ao teu ouvido:

MEU AMOR!...