O meu abraço a todos
Dolores Marques
Lembras-te como éramos pássaros
Irrequietos e sedentos
Saltitando de momento a momento
Alegremente…
Debicando sensações
Pelos nossos caminhos
E sempre esfomeados
Procurando sempre ir mais longe
Em rumos encantados?
Lembras-te como as nossas asas se uniam
E voávamos em uníssono
Conquistando novos terrenos
Perdendo a noção do tempo
E entrando pela noite escura
A embalar num mesmo tom a fantasia
Até o sono nos haurir e declinar
E dormirmos em perfeita harmonia?
Hoje os nossos voos
São arrevesados...
Não são a linha intangível...
São como cordas
enroladas...com nós...
Difíceis de desembaraçar...
Vais, partindo de desassossego
Vens depois com promessas
Mas basta uma nota desafinada
Para te distanciares
E o tudo delineado fica em nada!
Assim caminhamos pelo avesso
Sem conseguir vivermos desligados
Com uma anilha não visível
Mas sem cadência, desafinados…
Junho - 2011
Naquele mundo nebuloso e à margem… amo-te tanto!..
Suavemente o teu corpo percorro com beijos insaciáveis
Deixando a tua pele humedecida de saliva
E as mãos num corrupio a percorrer-te incansáveis…
,
Palavras sussurradas como sopros de lume
Agitam-te como uma cana abanada pelo vento
Nas planícies fulgentes e excitantes do deleite
Nossos corpos dançando em ritmo turbulento…
.
Contigo atinjo a paz, o universo prometido!..
Depois de tantas palavras trocadas, envolventes
O encontro carnal desejado, tantas vezes esculpido…
.
Fico nua na essência, pelos teus braços abraçada
Com o desejo de aderir a ti, para sempre
Pelo teu amor, protegida e aconchegada.
.
Junho-2011
(Video: Marisa Soveral)
Percorro o espaço solitário…
Os barcos são embalados
Pela inquietude das águas…
Tudo está suspenso…mas preparado…
De madrugada rasgarão o mar
De risos e mágoas…
O silêncio é quebrado
Pelo grito das gaivotas
E pelos ruídos das coisas
Que o vento agita…
Numa estranha melodia
Sem pauta, nem notas!
Daqui por umas horas
Será o burburinho, o alvoroço
A labuta de mais uma jornada…
Solitariamente faço um esboço
Coragem e medo
Alegria e tristeza…
Amanhã muito cedo
Partem transpirando de incerteza…
Mas atarefados na faina
Sem tempo para pensar
Será mais um dia para colher
O pão que lhes dá o mar!...
Respiro o odor dos teus cabelos
Agarro-me ao teu dorso
Aconchego-me,
Meu coração bate em ti…
E adormeço… no teu corpo generoso…
Entro no mundo onírico
E ouço ao longe
Uma música de flauta…
E o melro provocador
Canta em desafio…
Tudo é belo e…libertador!
Teus dedos de poesia...
Suaves e perfumados...
Vão-me acordando devagarinho
E entro na realidade
Num aconchego de ninho
Meu sorriso é de espanto...resplendor…
Alegre e feliz...sussurro ao teu ouvido:
MEU AMOR!...