Ecos de tinta negra
chegam de um poema que nunca terminei,
quando tropeço numa inesperada rebentação
de folhas velhas e amarrotadas.
Um emaranhado de sílabas que sacode
a clausura bafienta
de uma inércia de fundo de gaveta,
recordando uma dor antiga
que nenhum parágrafo pôde finalizar.
Palavras esquecidas,
fechadas num silêncio mutilado,
num sono profundo e lazarento,
esvaindo-se num vazio de raízes,
acorrentadas à ferrugem de um grito incompleto.
Numa vertigem de nostalgia,
sopro do papel a poeira amarelecida
onde o poema rumina a réstia de memória
que se desmoronou na lentidão sufocante dos dias,
e junto-lhe as palavras que lhe faltam
para que se liberte, finalmente,
de uma dor que já não me pertence.
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3 comentários:
Que lindo!!! Profundo! Autentico!
bj
As palavras aprisionadas no tempo são postas em liberdade e salvas nessa expressão de dor. Lindo! Um abraço, Yayá.
Meu amigo...
Eu também tenho poemas não terminados.
Sentimentos que ficaram guardados, com eles, em gavetas.
Às vezes, eu pego a caneta e tento reescrevê-los,
Mas tenho por eles tanto zelo...
guardo-os novamente.
Bom final de semana!
Com carinho
e uma flor
rosa
de
Fátima
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