terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Em frente ao mar encrespado


Esse beijo que me roubaste
em frente ao mar encrespado
foi doçura molhada
nos meus lábios grudada

Os olhos com que me olhaste
eram ondas de incertezas
cegos aos desejos
que de mim emergia

O corpo com que me abraçaste
sufocou no peito a voz
num silencio orquestrado
dum louco ardor castrado

E as mãos que me tocaram
foram pétalas de flores
caricias desvairados
em mim meu amor

Escrito a 24/11/13

variações temporais


Imagem da net, em: www.r7universal.blogspot.com


fecham-se as portas
lentamente
de um dia
de um mês
de um ano
onde as paisagens
foram secas e húmidas
a destempo

fecham-se as portas
na dor
que nos tormenta o íntimo desflorido
na inquietude dos sobressaltos
em correntes de desespero
nos episódios da vida…
daquela vida verdadeira

fecham-se as portas
rangendo
nos intervalos do silêncio
ante a lágrima não escorrida
pelo peito do sofrimento

fecham-se as portas
mas outras se reabrem
dizem!…

que as portas do amanhã
nos proporcionem
vistas verdejantes
com azuis cintilantes
e que um novo ar
mais puro
possa entrar em nossas narinas
rejuvenescendo-nos as memórias
e acicatando-nos para o futuro

a vida é assim
plena de altos e baixos

as portas
essas
consoante a ferrugem das dobradiças
e dos fechos que as sustentam
vão rangendo nos seus desígnios
umas mais que outras
entreajudadas pelas janelas
que entreabertas
as vão rodeando

que a abertura de novas portas
nos sustentem na felicidade
tanto no sentido da vida
como no silêncio da morte!...

António MR Martins

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Dois Homens e Três Mulheres (Entre Parêntesis-extracto)


(Uma árvore enraizada num grão
e três ventanias granuladas
que são o povo
em exclamação
que são na minha mão
a água
em reticências ...)



Luiz Sommerville Junior, 191220101629
Eu Canto o Poema Mudo


 Festas Felizes e Bom Ano 2014


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Abnegações

Transformar o nosso olhar num lugar inóspito, onde o sol despeja todos os detritos luminosos, e não abrirmos os olhos para a segunda metade de nós. Ir ao encontro do mar onde guardamos os restos mortais de um corpo que quer a todo o custo vencer a tormenta.

Resíduos que se afogam num mar de lágrimas que não sabem onde mora a fonte de todas as abnegações.

Dolores Marques; (Dakini - Ilusorium/11)
Foto:  DM: Bem perto do mar