quarta-feira, 21 de abril de 2010

As asas cortam como facas

As asas cortam como facas,sobrevoam o silencio das palavras olhares magros e incertos dos que caminham no vento. As asas cortam como facas as almas angustiadas dos que não arriscam qualquer destino, dos que preferem ficar para morrer. As asas não deixam adormecer e o ceu pode cegar erguer os braços, repirar beber o perfume gasto do mundo. As asas cortam como facas talvez os sonhos e quem sabe as mãos que na terra são como árvores . lobo 010

domingo, 4 de abril de 2010

Não te creio Senhor!?

Dei o meu corpo
ás tuas raízes…
Senhor
e também dei a alma
que te entrego fiel!
…doei-te o meu existir
nu a teu olhos
abro os braços febris,
abro o peito ao fogo que me habita,
e o sentir dilata-se
cresce, nos fios do teu lar
ou nas contracções dum sol
escorrendo sem rumo,
na vertente da face
onde separo a vida
…onde a fé é um eco
deste mundo em sangue…
Não te creio, Senhor!
…e sei que morro!
sabem as veias,
o acordar diurno das fogueira
…e sobe a solidão
na penumbra nocturna
cavada em restos de luar…
Não me sinto profeta!
Não o sou, sei-o!
não possuo no ventre
o ritual dos sábios
ou as encéfalos sem pele
dos mensageiros do céu!
…mas não te creio, não!
Senhor
agora os homens cantam,
e canto com eles
entoações cinzentas duma espera inútil
ao câmbio do tempo!
…Não! Não te creio!
suprimo à mente
a imagem do teu templo
recolho da razão íntima
todo o cepticismo,
que a certeza decifra
na própria incerteza!
Creio no irreal
no vazio indefinido do absurdo…
Na paz!
Busco-a no meu espaço,
mas não a tua paz
onde os deuses se enlaçam
e se abandona o real!
Senhor!
sim creio na paz
na que oculto no útero
com o fulgor bravio
do silêncio que invento,
lanço à tua silhueta
o meu discreto desafio!
Não, Senhor Deus
não te creio…
Contudo
invoco-te confuso
da certeza do teu existir!
desconheço-te!
…sabes o meu nome
…eu sei a distância
pelo tempo fora…