domingo, 23 de novembro de 2014
meus passos...
num lapso de tempo foi-se a vida
felicidade é como água que corre
de cheio e vazio, descida e subida
tudo à mercê do tempo vive e morre
mergulho num torvelinho de ideias
à mente os anos felizes descuidados
ainda ontem comigo, paredes meias
hoje fardos a cada dia mais pesados
num vôo como águia no céu planando
ou como uma pena levada pelo vento
entre dúvida e esperança vou acabando
meu sonho é vela já meia consumida...
na tremura dos dedos procuro alento
uma razão, raiz que me agarre à vida
natalia nuno
rosafogo
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
Quando digo de mim
Quando digo de mim
há um bocal ofuscado que me suga
nos beirais dos olhos insanos
um ciclo perigoso cola-se ao peito
e desdiz as mares secas dos olhos
Quando digo de mim
da ponta do espinho solta-se
o reverso do tempo por onde escorre
enxames de beijos roubados
presos à boca.
Alucinando…
Quando digo de mim
o aço estremece
na lisura dos dedos febris
e as partículas adormecidas
gemem ao lado do vento
famintas de ti
Quando digo de mim
calo-me num rosário aceso
na sombra da noite
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Se aquele chão falasse
Foto: CS |
Ah se aquele chão falasse…
Aquela terra calcada
lisa e brilhante
(de tão pisada)
contaria tantas histórias
a cada folha que cai
a cada gota que absorve quando chove.
Ah se aquele chão falasse…
Chão de lugar
tantas vezes desprezado
brilha como vibra
de vida
sem a vida
de outros tempos.
Continua a brilhar
para mim
quando observo
cada planta que volta a nascer
cada flor que volta a desabrochar
cada vida que ali viveu
e continua a viver
dentro de mim.
Clarisse Silva
16 de Abril de 2014
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Esses teus braços
Esses
teus braços me rodeiam o corpo
num
afago permanente de intenção,à plenitude relevante que sorvo
apogeu variável duma sedução.
Esses
teus braços me apertam tanto
num
sorridente nó sem avaliação,cobrindo meu peito como um manto
que faz bater meu singelo coração.
Esses
teus braços são a força maior
que
incentiva na vida meu caminharnum porvir de amplitude bem melhor.
Os
teus braços definem o desbravar…
como
se da Terra conhecessem de cora conjugação real do verbo amar.
contemplativo fascínio
a
pedra imobilizada
toca-nos
o olharneste denso caminhar
por onde a vida nos vai fugindo
a
pedra vai permanecendo
serena
e estáticana frágil estante transparente
de um chão
nas emoções perdido
os
dias pendentes
vão
encurtando a caminhadada resistência
a
pedra
essalá se mantém
mas tudo em sua volta
é pura e simples fascinação
sábado, 25 de outubro de 2014
Tenho em mim
Tenho em mim
nada do que poderia
ter.
Tenho tudo o que
terei
para ser
aquilo que já
sou.
Tudo do nada
acomodada
empreitada
fatigada
caminhada
para o nada.
Fantasia
prodigiosa
alegoria
vertiginosa.
Quem me retira
este direito
que aspira
a eleito
que suspira
a satisfeito?
Tenho em mim
todas as ilusões
realidades
não vividas
superações.
Clarisse Silva
15.04.2013
nada do que poderia
ter.
Tenho tudo o que
terei
para ser
aquilo que já
sou.
Tudo do nada
acomodada
empreitada
fatigada
caminhada
para o nada.
Fantasia
prodigiosa
alegoria
vertiginosa.
Quem me retira
este direito
que aspira
a eleito
que suspira
a satisfeito?
Tenho em mim
todas as ilusões
realidades
não vividas
superações.
Clarisse Silva
15.04.2013
domingo, 24 de agosto de 2014
Para que a morte não possa chegar mais cedo
As palavras atravessam o carril branco da folha
para poderem chegar ao lugar dos comboios
que desconhecem as linhas do seu destino.
É aqui que os labirintos se abrem à febre da lonjura
e a viagem resvala para a escuridão dos túneis
onde a próxima estação é a vertigem do silêncio.
As palavras avançam por dentro do frio noturno
traçando um rasto de fumaça e gritos descarrilados.
Sílaba a sílaba escoam nos relógios de areia
à procura da geometria que reequilibre a paisagem.
Mas só o poema conhece os caminhos da manhã.
A luz que se acende no interior dos atalhos
para que a morte não possa chegar mais cedo
nem desvende o mistério que nos guarda o rosto.
terça-feira, 29 de julho de 2014
As palavras secam-se nas entranhas do palato
As
palavras secam-se nas entranhas do palato
o
silêncio descreve esta inercia
que
catapulta de mim
reinvente-a …
sussurra as paginas brancas do poema
ouço-me
na brandura do verso
em
ninhos emaranhados de ilusões
asas
soltas nas palavras por escrever
sois
bravios colorindo horizontes
da
cor dos olhos meus
Reinvente-a ..
gesticula as mãos translucidas da poesia
fadando
o corpo teu
na
longura diáfana da mente perdida
E
as palavras nascem sem ecos
na
sombra do verbo por dizer
Reinvento-te
no
silencio da noite
desnuda
de mim
Escrito a 27/07/14
quinta-feira, 29 de maio de 2014
este poema...
neste poema há o rosto
duma mulher triste
nas palavras abriga-se assustada
tem a idade dum tempo sem idade
e o bocejar cinzento
quando o pensamento se passeia
pelos labirintos da saudade.
neste poema há ainda outros sinais
palavras surdas de consoantes e vogais
que ora são rios de mel
ora são agitações e fel...
este poema é feito
de cicatrizes, rugas e sonhos
e insónias que não deixam adormecer
encantos e desencantos
memórias de momentos de prazer
de ternura, de dureza e insensatez
de palavras surdas providas
da minha surdez...
palavras encostadas aos meus lábios
alheias ao tempo
surgem em ventos de desejo
recordando o tempo que me agasalhou
outrora...
e eu acalento o sonho...hora a hora...
natalia nuno
rosafogo
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Fases Lunares
Se o meu ventre
se alimentasse das tuas mãos
sempre que te dispões a tê-lo
debaixo dos teus lençóis
seria num dia de sol
sem a lua por perto
Sinto que no corpo da lua
há ramificações dispostas
a prender-te os movimentos
Imagino-te deitado sobre a terra
banhado pelo seu brilho nocturno
confundindo-te com os raios solares
Não esqueças que te amo
desde a formação do mundo
se alimentasse das tuas mãos
sempre que te dispões a tê-lo
debaixo dos teus lençóis
seria num dia de sol
sem a lua por perto
Sinto que no corpo da lua
há ramificações dispostas
a prender-te os movimentos
Imagino-te deitado sobre a terra
banhado pelo seu brilho nocturno
confundindo-te com os raios solares
Não esqueças que te amo
desde a formação do mundo
Dakini - Mulheres de Areia/2010
sábado, 17 de maio de 2014
Num foliar de melodias
Deixa-me perder-me
no murmulhar ensurdecedor das ondas
onde se sente a macieza translucida dos sons
pernoitar a pele enclausurada de silabas
Deixa-me visitar-te
antes que as heras cubram o meu corpo
e a palidez das horas escorram por entre as mãos
num foliar de melodias transversas á pele, quente
Deixa-me abraçar-te
em gemidos transeuntes de sol
num tiritar de pássaros que habitam em mim
debicando inquietos, os sonhos cilíndricos
que devoram o meu corpo, num antro de loucura
E dá-me a leveza das palavras com que arquitetas
os versos que pincela o teu peito robusto de tons
Calo-me… e abandono-me á fúria dos ventos
que me arranca de ti
Escrito a 14/05/14
terça-feira, 8 de abril de 2014
Ela anda pela cidade
parece que anda naquela postura da meditação
e os meus olhos revirados fazem aquela oração
que faz fogo no corpo
A meditação que ela faz
eu acho que não é coisa sagrada
mas mesmo assim eu vejo o céu
e é como se eu fosse o seu Deus operário
Ela anda pela cidade
parece que anda naquela postura da meditação
e os meus olhos revirados fazem aquela prece o movimento
da língua quando apetece.
Ela anda pela cidade
parece que anda naquela postura da meditação
é uma postura assim
sexual - oriental
E os meus olhos revirados fazem aquela oração
que faz fogo no corpo
E os meus olhos revirados fazem aquela prece
o movimento da língua quando apetece
parece que anda naquela postura da meditação
e os meus olhos revirados fazem aquela prece o movimento
da língua quando apetece.
Ela anda pela cidade
parece que anda naquela postura da meditação
é uma postura assim
sexual - oriental
E os meus olhos revirados fazem aquela oração
que faz fogo no corpo
E os meus olhos revirados fazem aquela prece
o movimento da língua quando apetece
Guardei um segredo
um peixe musica no aquário do teu quarto
toquei para ti um solo, amarrei um lenço no teu cabelo
Guardei um segredo
um anjo com cabelos de flor
a tocar guitarra como um ser de fogo
Guardei um segredo
um peixe musica no aquário do teu quarto
toquei para ti um solo e numa visão tu eras um pássaro
Guardei um segredo
um peixe musica no aquário do teu quarto
passei os dedos na fotografia e nela vi os olhos do mundo
Guardei um segredo
um peixe musica no aquário do teu quarto
toquei para ti um solo, amarrei um lenço no teu cabelo
toquei para ti um solo e numa visão tu eras um pássaro
Guardei um segredo
um peixe musica no aquário do teu quarto
passei os dedos na fotografia e nela vi os olhos do mundo
Guardei um segredo
um peixe musica no aquário do teu quarto
toquei para ti um solo, amarrei um lenço no teu cabelo
lobo
Quando a nossa infância
não teve um trono
lobo
imaginamos que usamos a coroa do rei vagabundo
O rei vagabundo está mesmo dentro de nós
e tem uma estrela no céu a apontar em nossa direcção.
Nós usamos a coroa do rei vagabundo, dividimos com ele o
peixe do rio.
O rei vagabundo está mesmo dentro de nós, muitos não sabem
que ele existe mas já viram o seu caminhar e pensaram que era a terra que
andava.
Quando a nossa infância
não teve um trono
imaginamos que usamos a coroa do rei vagabundo
Quando a nossa infância
não teve um trono
imaginamos que usamos a coroa do rei vagabundo
lobo
domingo, 2 de fevereiro de 2014
Paginas emprenhadas
Crivo-me de ânsias, no limiar do desejo
sinto-te
raiz enroscada no meu corpo
em
seiva bruta despetalo-me febril
num abraço profundo em teu dorso
esvoaça-me
asas de beija-flor, tremulas
no
enroscar da face um beijo suave
e
estremeço qual flor lançada ao vento
no
estio rubro de madrugadas quentes
ato
gemidos num mapear de caricias
no entrelaçado húmido dos poros
da
pele una dos corpos distantes
e
num rodopiar de versos alados
reescrevo
em paginas emprenhadas
a
melodia deste meu triste fado
Escrito
a 28/01/14
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Proliferam
Proliferam palavras em explosão de guilhotina na carne humana. Jazem corações espatifados aos olhos, alimentando a mente de sangue fresco como veneno. É só deixar fluir que ele espalhar-se-á, tomando conta da pouca Luz que existe…
Clarisse Silva
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
A Melodia do Tempo
Meu 2º livro de Poesia «A Melodia do Tempo» foi publicado pela editora Lua de Marfim e apresentado pelo Poeta Julião Bernardes no Hotel Palácio Real em Lisboa no dia 11/01/2014
cala-te ó vento
Cala-te, cala-te ó vento
deixa-me neste pesadelo
que é meu destino
de Poeta
deixa-me o pensamento menino
e esta inquietação resignada
deixa-me neste frenesim
adoça a solidão que há em mim.
Cala-te, cala-te ó vento
leva contigo a ventania
deixa-me nesta esperança fria,
deixa-me apenas o silêncio
em melodia,
e o cheiro das ervas da madrugada
deixa-me, deixa-me
nesta inquietação resignada.
Quero sentir o eco dos meus passos
ainda que sonâmbula eu siga
sentir o gozo da lembrança dos abraços
e a sedução que lembro da tua cantiga
cala-te, cala-te ó vento
não vês o meu sofrimento
e esta dor verdadeira
quando me olho aos espelhos
e outra me invento?
Quem dera enganar o destino
ser como era,
e esquecer como sou
deixa-me ó vento
deixa-me com meu pensamento
menino...
num sonho debruçado
mesmo que,
de coração apertado.
natalia nuno
rosafogo
NOTA: Este foi o poema que fiz e li durante a apresentação do Melodia do Tempo.
cala-te ó vento
Cala-te, cala-te ó vento
deixa-me neste pesadelo
que é meu destino
de Poeta
deixa-me o pensamento menino
e esta inquietação resignada
deixa-me neste frenesim
adoça a solidão que há em mim.
Cala-te, cala-te ó vento
leva contigo a ventania
deixa-me nesta esperança fria,
deixa-me apenas o silêncio
em melodia,
e o cheiro das ervas da madrugada
deixa-me, deixa-me
nesta inquietação resignada.
Quero sentir o eco dos meus passos
ainda que sonâmbula eu siga
sentir o gozo da lembrança dos abraços
e a sedução que lembro da tua cantiga
cala-te, cala-te ó vento
não vês o meu sofrimento
e esta dor verdadeira
quando me olho aos espelhos
e outra me invento?
Quem dera enganar o destino
ser como era,
e esquecer como sou
deixa-me ó vento
deixa-me com meu pensamento
menino...
num sonho debruçado
mesmo que,
de coração apertado.
natalia nuno
rosafogo
NOTA: Este foi o poema que fiz e li durante a apresentação do Melodia do Tempo.
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