segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Tentações

Pessoas e pessoas, caminham…
Seguras… talvez
Incertas… Também
Chamando por mim
Gritando o meu nome em vão…
E eu?... Que faço?
Fico ali no meu espaço,
De braços cruzados
A olhar esta multidão.
Olho-os, vendo os seus passos
Num redemoinhar aos ventos
Arrastam-se sem rosto
Nestas estradas sem regras
Tantas e tantas vezes sem abrigo…
Miragem de uma viagem
De sentido proibido.
Do Politico ao Ladrão…
Filósofos, pregadores, artistas
Aventureiros, marinheiros, belas mocitas
Jornalistas, cientistas… Padres e pecadores
Podres, ricos… tias e tios
Ateus e empresários
Vendedores de sonhos.
Não os oiço…
Não estou interessado
Mais vale só… que mal acompanhado
Afinal… na verdade
Eu sou dono do meu destino.
Fui criado por pai e mãe…
Tenho essa felicidade…
Que muita gente não a tem,
E por isso tenho a vontade
A coragem e a força da escolha
De não seguir ninguém,
Que acordado… não ache bem!!!
Sigam o vosso caminho…
Rebanho de desgraçados,
Eu… sigo o meu, mesmo que sozinho,
Servirei a Deus… não ás tentações do Diabo
Nesta maneira louca… sã de agir.
Crio os meus próprios laços…
Desenho a minha vida no livro que se abre
Sou o que sou e nada devo a ninguém,
Por isso, meus amigos…
Grito…grito e gritarei
Ao mundo e a ninguém
Sigam os vossos passos…
Não vale a pena… chamarem por mim
Vou à minha vida…
À procura da Felicidade!!!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Vem de ti

Vem de ti…
A pujança do teu carácter,
a firmeza do decidir.
Vem de ti…
A beleza do teu sorriso,
a magia do teu encanto.
Vem de ti…
O enlevo que pressinto
na razão do existir.
Vem de ti…
As pétalas da esperança,
que envolvem nosso manto.
Vem de ti…
A simplicidade das coisas,
numa áurea de felicidade.
Vem de ti…
O eminente rejubilar
no colmatar o sofrer.
Vem de ti…
A voz da proeminência
no relato da verdade.
Vem de ti…
O afago que sempre sinto
e que tento acolher.
Vem de ti…
Entre tantas outras coisas,
saudadas sem preconceito,
a carícia que em mim poisas
nesse teu sublime jeito!...
Vem de ti…
Tudo o que preciso em mim:
- A amizade no seu esplendor
e o auge de me sentir assim:
- Aconchegado no teu amor!...

António MR Martins

domingo, 23 de agosto de 2009

Lábios secos de palavras

O mar sentou-se ao meu lado
Num pôr-do-sol
Escorrido na penumbra auspiciosa.

Veio beber o sal do meu rosto
Nos lábios secos de palavras.

Cantou a melodia
Em acordes soletrados
Nos meus ouvidos.

Mergulhou o meu corpo
Nas águas transparentes
Do pacifico oceano,
Ofertou
Por entre as minhas mãos
Cansadas
Uma estrela viva,
Esculpida em cristais
Da lonjura inimaginável,
Onde os tesouros
Mais nobres
Se encontram protegidos
Das hostes árduas destes dias…

Sentou-se
E assim
Brindamos o acordar
Da lua nova
Na estrela céu aberto…

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

FOBIA

Não temo o medo,
Nem a foice que varre a ceara…
Colhendo o fôlego do meu respirar,
Transportando-me para parte incerta.
Não temo o passar dos anos,
Nem a conversa vazia de duas cadeiras…
Nem o tempo que encerra pequenas lembranças
Traçando no meu rosto…
Vales de linhas dos anos.
Não temo o escurecer das cores,
Nem as multidões petrificadas…
Paralisadas nos eclipses sociais
Ameaçando os seus belos rostos,
Nas noites de insónias.
Não temo a ausência das palavras,
Nem a seca das flores…
Escondendo a paisagem,
Apagando o lado intelectual do ser
Como o nevoeiro que engole o olhar
Jazendo lentamente na memória do povo.
Não temo perder-me no esquecimento,
Em lágrimas secas… nunca derramadas
A coroa de versos que repousa despida
Pois, a biografia do homem
Nunca estará completa.
Não temo deixar de voar…
Perder o romantismo…
Deixar de sonhar,
Mesmo que feche a janela do meu livro
E volte a página para chegar ao fim,
Não temerei em enfrentar o destino.
Corajoso? Talvez não seja …
Porque no fundo do meu peito,
Afinal existe um medo,
Temo os sentimentos
Nesta fobia de perder-te!!!!

sábado, 15 de agosto de 2009

Sou ser
















Quem sou eu?
Perguntam-me os olhares
que se fixam nos meus.

Sou aquele que permanece
impávido e perdido
na falésia dos sentires,
acreditando no voo enigmático
do sonho falecido.

Sou também, aquele
que um dia foi anjo e estrela ancorada
no porto inseguro de alguém.

Sou palavras esvoaçantes no vento,
da incoerência abstracta de ser
o esquecimento
nos tímpanos surdos de alguém

Sou perdição, pedra no sapato,
produto inacabado
das relações turbulentas
no oceano íntimo do permanecer.

Sou vida que permanece
alem de ti, de mim de nós,
transportando o teu fado
em cada amanhecer

Sou um insignificante aprendizado,
na imensidão dos ensinamentos
que os caminhos ofuscados
nos fornecem
na berma do real.

Sou vida, fado, saudade, paixão,
ave, fera, foca, sonho e coração

E tu? quem és tu? És um ser como eu….
produto inacabado….
constantemente a renascer
na ânsia de viver.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Não me ergo, levanto-me

Eu não me ergo, levanto-me
quem se ergue sempre caiu
e eu puxo por mim,
agarrado ao desejo férreo
de me ver elevado
por cima das vicissitudes
e à margem da agonia,
caçando alívios e suspiros
de uma estirpe sem raça.

Eu não me ergo, renasço
resgatado de um passado verve
não me estranho, nem entranho
bebo a sede de viver, indígena
não quero desperdiço nem fúteis cores,
amorfas audácias, mordaças
quando me despertar para o amanhã
que me adorna o olhar…
… no capim do dia seguinte.

Eu não me ergo, levanto-me
quem se ergue não caiu, ruiu
e eu levanto-me, persigo-me e expio-me
até encontrar o sossego que me adensa e foge…

domingo, 2 de agosto de 2009


Nas horas que me sobram
Dos dias que me fogem
Procuro o que me escapa
Nas entrelinhas do que escrevo...

São pequenos detalhes
Das coisas que não vejo
Mas que pressinto...
Estão lá
Em cada vírgula que não meto
Em cada ponto final que não uso
Até nas interrogações que por vezes me faço
Nas afirmações que admito
E nas reticências que me denunciam...

É este o meu livro
De matéria virtual
Que escrevo em tela negra
Sem festa nem pompa...
À mercê de um qualquer vírus
Que o apague dos registos
Ou o leve sem destino...

Não me importo
Escreverei outro
Tenho tempo...

Até que alguém se lembre
De me obrigar a parar!...