sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CHUVA DE PECADO


Hoje não estou solitário...
Acompanham-me o bater dos pingos de chuva lá fora...
As nuvens choram...
Negras...
Se olhassem para cima veriam que lá o Sol brilha...
O céu continua azul...
Espreito pela janela mas não o vejo...
Valerá a pena sair destas quatro paredes?...
Molhar-me no pecado?...
Sentir a roupa molhada junto ao corpo...
Fechar os olhos e imaginar o calor daquele sol...
O seu pulsar de luz...
O seu sentir...
Que está lá.. mas não o vejo...
Valerá a pena ficar seco... incólume
E ver apenas a chuva através dum vidro sujo?...
Ou imaginar que aquela roupa molhada...
Que me envolve...
É o teu corpo...A tua Alma...
E aquele calor agora imaginário...
É o toque quente dos teus lábios...
No meu corpo sedento de ilusão...
Chamar-se-á VIVER a quem não queira sentir tal chuva..???
Ser castigado pelo vento de liberdade...
Na esperança de vir a ter tal sensação...



DARKRAINBOW

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Piano enigmático



Deitas-me sobre
teu piano enigmático,
cobres-me de olhares silenciosos
sussurras-me pautas penetrantes.

Delicio o teu sabor letal
entre as notas que escoro
na rebeldia das cores
que se curvam ao fastígio
da minha avidez lasciva.

O teu olhar predador
persiste em seguir-me
e eu não resisto
desejo ser a tua presa
a mais indomável.

Desejo ardentemente
ser possuída,
algemar a minha demência à tua...


Conceição Bernardino

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Estou aqui, ali ou além


Sinto-me cansada,
já não sinto frio,
a tristeza invade-me,
descontrolando a dor
Gotas orvalhadas afluem
da imensidão dos céus
molham meu corpo dormente
inundam o pensamento
amordaçam a minha tremula voz
afogam o meu ser.
Nesta inquebrável teia perco-me,
nem sei onde estou,
estou aqui, ali ou além,
salto de tempo em tempo,
de espaço em espaço,
sem saber onde descanso,
onde adormeço e volto a sonhar

Liliana Maciel

terça-feira, 18 de novembro de 2008

De Mim Para Ti

Quando o teu olhar
Percorre as estradas do desejo
Quando as minhas mãos
Te afagam o rosto frágil

De mim para ti
Sou um momento
Completamo-nos neste silêncio
Com um doce beijo

Os rios que correm no meu corpo
Matam a sede
De ti para mim
Em nós
E esse amor sem fim

Mª Dolores Marques

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Correntes Vadias e as Musas do Tempo

Secaram as nascentes que alimentavam as rosas
Esqueceram-se dos rios que transbordam o meu jardim
Um amor carpido nos caminhos do céu
Pinta as novas flores em folhas de jasmim

Já repicam os sinos...
À terceira badalada acordam as estrelas
As fases lunares são musas do tempo
Serenatas mistas...regalo dos mares
Perdem-se neste rio sem fim

Abrem-se as cores de um novo céu
Quebra-se o encanto
Devaneios e loucuras são um sonho errante
Avista-se daqui a simulação do desejo
Reparte com o mundo a melhor fracção do momento

Abrigo-me no deserto do tempo
E a água das rosas perde-se nas areias movediças
Beijos lunares carecidos de afectos
Molham-me a face rosada
Traem-se no seu genuíno anseio

Centelhas vazias amansam o calor da emoção
Amores que se espantam
E cios agonizam nos momentos de silêncio
O espírito acorda o perfume das rosas
Um jardim que se encanta com poemas e prosas

Adormecem os ecos do vento que passa
Amaciam as roseiras em flor
Quebra-se esta monotonia
E a corrente de beijos
Corre vadia...rega as pétalas da sede de amor

Mª Dolores Marques

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Partida

Não sinto.

Não consigo explicar
a sensação
indiferença?...

E o medo?!

Flutuo perdida
num dia
de desespero

a espera que não quero.

A musica vem até mim,
uma lágrima pelo desencontro,
solidão sem rumo,
um espelho no charco.

Um segredo na noite,
o olhar perdido
Genesis
a diferença está numa flor
as papoilas ultrapassam-me...

Partir para onde?
As ruas estão cheias de vagabundos
a música impede-me de correr
até ao mar,
o Sol incita-me
a
pre-ma-ne-cer.

Mas como?!...

Não chega
o mar nos olhos
de alguém
com muita ternura
nas mãos...

Eu quero o Mundo
e
quem me entenda
porque
eu não consigo.

Searas Encantadas

Lírios brancos em tons de luas
Alfazemas da cor do céu
Searas cismadas
Com o dourado do sol

Uma planície distante
Adormece junto ao mar
Alcança a terra dos sonhos
Alimenta-se da luz do luar

Rosas rubras caiem pelo chão
Espigas cheias...
Encantam-se com a brisa que passa
Tecem as malhas no calor da paixão

Choramingam orquídeas roxas
Em troca de um favo de mel
Inspiram a terra molhada
E saciam a sede com pétalas de cristal

Mª Dolores Marques

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Por mim...


Por mim não chorem
De mim não desistam
Porque eu nunca vou desistir de ser quem sou
Eu gargalho sem vergonha alguma
Com desprezo por esta coisa que chamam vida
Os ombros encolho quando no chão estou caída
E cara levantada sorrio e gargalho
Deste poço em que nasci – VIDA
Por mim não chorem
De mim não desistam
Porque eu nunca vou desistir de ser quem sou
Teimosamente DIGNA
Tenho garra
Esgravato até à alma ao nascer de cada dia
Até as unhas sangrarem lágrimas doridas
Teimosamente digna eu sou
Chamem-me o que quiserem
Por mim não chorem
De mim não desistam
Arranhada chego ao fim de cada dia
Quero lá saber
Na dor sou mestra
No renascer destemida
Por isso me chamam de altiva
Nas minhas certezas me calo
No saber do meu EU me silencio
Sei até onde sou capaz
Destemidamente não me renuncio
Por mim não chorem
De mim não desistam
Riam …gargalhem comigo
Esta vida não merece mais nada

terça-feira, 11 de novembro de 2008

É só... uma oração

Neste fim de tarde chuvoso, tacho ao lume com planos de melhor conseguir a ganhar tempo para nada falhar
Neste fim de tarde caí chuva miúda, parece que salpica gotas de MUDANÇAS
Vigilância repartida entre o fogão e o ecrã, nasce uma oração
Que eu seja o orgulho que quem perde
Que em mim se faça a vontade de CONSEGUIR
Que eu seja a folha virada de um livro qualquer
Que em mim se faça a CORRECÇÃO de uma qualquer leitura
Que eu seja a força desdobrada
Que em mim se faça a desdobra da CALMARIA
Que eu seja a roldana que tudo eleva
Que em mim se faça a FORÇA de nada querer
Que eu seja o sonho real
Que em mim se faça a REALIDADE sonhada
Que eu seja a palavra certa no momento oportuno
Que em mim se faça a oportunidade INESERADA
Que eu seja a mão fortaleza
Que em mim cresça a fortaleza INVENCIVEL
Que eu seja o grito da convicção
Que em mim se faça a certeza INDESMENTIVEL
Que eu seja a força que desbrava
Que em mim nasça a braveza de VENCER
Para CONSEGUIR a CORRECÇÃO em CALMARIA e com FORÇA vencer a REALIDADE tão INESPERADA e traidoramente INVENCIVEL de forma INDESMENTIVEL VENCER e poder gritar até doer eu ainda aqui estou e uma vez mais venci-te VIDA

Adeus


Despeço-me de ti
numa melodia sem compasso
noites longas
de um mês interminável.

A Lua
invade-me o refúgio
indiferente à minha vontade de ficar só.

Deito-me,
o corpo lânguido,
ansiosa a alma
e o pensamento.

Se soubesses a dor do esquecimento,
talvez não insistisses que eu ficasse...

Vou partir!

domingo, 9 de novembro de 2008

Menos um...amanhã


- Rapariga diz alguma coisa, chora ao menos, pelo menos sente raiva…não guardes as coisas assim para ti, sofrer dessa maneira e sem reagir isso não é normal
Disseram-me com voz de conselho em tom sabedoria
Nada respondi, de olhos silenciosos sorri
Neste AGORO que vivo, que até não é de todo desconhecido
Não preciso de nada falar…nada tenho para falar
Vou dizer o quê … que perdi uma vez mais por mãos que não foram as minhas???
Perdi realidades por escolhas que por mim não foram feitas???
Grande coisa isso até não uma descoberta…é simplesmente um AGORA igual a outros AGORAS
Chorar… carambas acham que vou dar de bandeja aquilo que me sobra???
Já que tudo sempre perco pois então…que ao menos fique com as lágrimas para mim…essas eu não dou nem deixo fugir
Sentir raiva do quê…só se fôr porque estou viva
Estar viva é uma grande chatice…cansa, satura e é repetitivo
Não vejo qual o interesse nisso
Sofrer…quem lhes disse que sofro???
Sofrer é para quem ainda consegue sentir
Sofrer é perder ou procurar alguém ou alguma coisa
Estou altiva na minha imunidade
Estou segura daquilo que sou capaz
Não quero saber do DEPOIS
Basta-me saber que o Hoje é menos um AMANHÃ

Breve nostalgia


Penso-te
em melodias antigas,
breve anoitecer sem lua
a memória dos teus dedos
no meu corpo
nu
o olhar que se demorava
no meu
de todas as cores,
arco-íris sem chuva.

Penso-te em tons de azul,
verde,
cor da saudade que evito
nas noites
que invento contigo
neste tentar resistir
à dor
nesta aparente
indiferença.
neste fingir
não sentir
quando te encontro
e me olhas
ou
simplesmente
quando te lembro
como agora...

Tenho que te esquecer...
...e tu ainda me lembras?

Esconderijo

Onde me escondia
Não sei de quê
Nem de quem
Talvez de nada!

Como será que via o mundo e a vida
Nessa cabana fechada de arbustos
Tão pequena que me curvo para entrar?
Mas, imensamente fantástica, para sonhar!

Refugiava-me para fugir de castigos (pura invenção)
Uso um paletozinho de lá e limpo o nariz na manga
Depois de repetir várias vezes, fica todo vitrificado!

As indagações não versavam sobre o mundo, a vida...
Ou teologia... Tudo pela insensatez, resolvido...
E com aquiescência da ingenuidade do desejo.

Ulysses Laluce
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=59165

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Outra Face

Imagem de Jet
Existo mas não sinto
Ficou-se pela mão do destino
Choro e não me escorrem as lágrimas
Secaram as nascentes
Perdi-me dos rios que correm para o mar

Encontro-me no limiar de um sonho
Sou eu neste paradoxo
Entre a realidade e a ficção
Mas sou eu sempre
Existindo e acontecendo...

Encontro-me sempre por aí
Em corpo presente
E no silêncio de mim
Desvendo a outra face
Aquieto-me em ondas de cristais
Acendem-se os caminhos que percorro

As visões sobrepõem-se a mim
Num só momento
Mas volto a ser eu
Nesta existência que se estende
No vácuo inexistente

Mª Dolores Marques

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Titulo??? Alguém que o ponha...

Deitada na cama, bebo uma caneca com chá, enrolo um cigarro e sorrio e recordo os tempos em era estudante, para poupar uns trocos
Olho para o ecran branco que por mim espera
Quero escrever…quero muito escrever
Mas dentro de mim nada tenho de sentimento
Não é vazio…esse conheço de ginjeira…em tempos fomos companheiros
Apenas não sinto…nada sinto
Não me afogo em raiva
Lágrimas não as sinto
Tristeza não pressinto
Rir não consigo
Escrevo….deleto
E volto a escrever…para deletar novamente
Mais um golo de chá e ajeito o edrdon e almofada
Volto a escrever e continuo a não sentir nada
Igual a uma casa
Sem moveis, sem cheiros, sem barulhos…sem nada
E que é largada pelo dono ao rodar a chave pela ultima vez
Não sinto nada



De Loucos Todos Temos Um Pouco

Se soubesses como me reinvento
Nestes lamentos
Que me consomem
Com o passar do tempo

Chora-me a alma
De não saber como ser
Neste mundo alucinado
Onde me deito
E ajeito

Gostava de saber voar
E levar-te a ver as estrelas
Talvez o seu brilho
Te banhasse
E te ajeitasses no meio delas

Só elas entendem este meu jeito
De não ser o ideal perfeito
Para entender
Os rostos alienados
Que afluem neste paraíso
Onde todos de loucos
Temos um pouco

Deixem-me ser também
Um pouco de gente
Neste mundo
Que é mundo perdido
Por nem saber
Como ser louco

Mª Dolores Marques

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Sou vida, sou poema, sou arte

Nunca existi, pertence ao passado
Agora sou vida, sou poema, sou arte
Que rasga o ar invernal
Vaga sofregamente
O meu manso mar
Rompe a fronteira do imaginário
E desagua… ai no teu revoltoso mar
Sente a aragem adocicada
Deste meu sopro infindável e real.
Respira a nostálgica maresia
Aspira a doce liberdade
Dessa onda gigantesca
Que te sulca a pele
Fazendo-te desfalecer
Na mansidão do luar

Espreita-me a alma
Conhece-me……abraça-me.

Liliana Maciel

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Suspiro


A dor afoga as lágrimas
na memória em ferida.

Recordo-te em
olhares verdes
ternos
e fugidios.

A realidade cai
d
i
r
e
i
t
a
ao peito
entre recuos e avanços
de emoções em turbilhão.

Quisera então dizer-te,
amigo,
que hei-de estar sempre
para ti,
mesmo que
dividida,
moribunda,
a alma em ferida...

...Hei-de estar sempre aqui,
para TI.
Sempre.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Reflexos Lunares

Imgem de Jet
http://olhares.aeiou.pt/uma_porta_para_o_infinito/foto408201.html
Feitiços lunares matizam as cores do asfalto
Silhuetas bélicas riscam o céu
E os fragmentos leitosos que banham a cidade
Lançam um breve olhar às portas do sol
E o brilho da lua inexpressivo

Pétalas suaves de algodão sacudidas pela força do vento
Caem inertes na madrugada fresca do rio
Levita imutável desejo e lágrimas rolam pelo chão
Adormecem olhares, ecos difusos
Num doce beijo rente ao alcatrão

Reflexos mistos de afectos
Agitam-se no frio movimento da cidade
E o ar volta a sentir a densidade do tempo
Só o beijo da lua acorda a suavidade estática do momento
Mas fechou-se neste sol de verão

Mª Dolores Marques