domingo, 28 de junho de 2009

Os poetas



Quem entende os poetas?!
No olhar o horizonte
Deslumbram o firmamento,
Deslizam no arco-íris
Sentem rios serenos no peito
Ou mar revolto,
Beijam a lua, abraçam o sol.

Quem entende os poetas?!
Nas palavras navegam,
Em marés de emoção se afundam,
Aquietam o vento
Correm descalços sempre com a mão na palavra.
Na boca pintam sonhos
E voam com pássaros em folhas claras.

Quem entende os poetas?!
Na trigonometria fazem contas
Mas nunca conseguem
Só somar, subtrair ou dividir
Erguem números sem paredes
Nas letras constroem alicerces,
Onde mora a poesia
Que para eles é respirar.
Calam no silêncio onde se refugiam.

Pois quem entende os poetas,
Com toda esta forma estranha
De sentir a vida…


Inspirado naquilo que o meu filho pensa da poesia e dos poetas(rapaz mais virado para os números)

Ana Coelho

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Janela de luz

Permanecias
por entre a luz,
dimensionando
a luminosidade,
que se reflectia
através
daquela velha
janela.
Lembranças
de um passado
remoto
na quantificação
da minha
existência
terrena.
Momentos
de contornada
ternura
pela leitura
da poesia
mais bela.
Saudades
de outras horas
sumidas,
pelo declinar
da vida,
por pena...
António MR Martins

Sonhar de ti

Cedo ontem me deitei…
atitude fora do comum;
logo o sono espreitei,
sonhos foram mais que um.
Tais, que não sei definir,
entravas em quase todos;
nuns triste, noutros a sorrir,
mas sempre com bons modos.
Era tua morena pele macia,
o teu lindo olhar reluzente
e a tua voz cheia de magia.
O teu belo ser proeminente…
que envolto em fantasia
empolgava o seres gente!...

António MR Martins

Um dia... talvez um dia

Nas palavras…
O momento que fica,
Que marca…
Entre os sonhos habitados
Que percorrem as naus do meu lar.
A imensidão…
De uma aura destinada,
Além dos tempos
Que gerem emoções,
Sentimentos,
Na missão de quem escreve.
Sou tudo o que escrevo,
Não sou nada afinal…
Poeta na aspiração das letras
Que falam em silêncio
Numa ânsia… somente presunção
Entre conquistas
Numa visão…
De o ser.
Nas palavras…
Retrato o quadro,
Como a tela de sentimentos
No encanto…
Entre o perfume das cores.
No poema…
Os farrapos que me vestem
Na leveza dos sabores
Escorre a tinta nos rabiscos que deixo
Mostrando o quando nu estou.
Sou o que gostava de ser…
E assim fico…
Vagueado no horizonte
Muito além do pensamento
Quiçá, o meu destino.

quinta-feira, 25 de junho de 2009




Nas águas paradas
De um rio morto
Sem nascente
Nem afluente
Lancei o meu velho barco
Sem remos
Nem velas
Suspenso nas brumas
Indiferente ao vento
Imóvel...

Rumei à fronteira da minha mente
Nos limites do entendimento
Prisão obscura
Demente...
Onde não existe o ontem
Nem o amanhã
No espaço aberto do esquecimento...

Estiquei o meu braço inerte
E toquei o sino da morte
Chamando os corvos da noite
Desligando-me assim
Do tempo...

Impulsos (Lurdes Dias - Cleo)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Os Esquecidos de Sempre

Oiço os passos da verdade
com emoção repartida...
em conflito com a realidade
no contorno da própria vida!...

Paradigma de contextos
anunciados num momento,
revolvidos na memória
vazia de outros pretextos
entregues ao lamento
dos esquecidos da História!...

António MR Martins

Eclipse


Acorda os sentidos molhados de lágrimas
nó na garganta
rouca
a solidão
perpetuada
em risadas infantis.

O Verão chega de mansinho
ora numa manhã abafada
ora chuvosa
infiltra-se no peito
amargura(n)do
o dia
em que os sonhos desistiram de ser.

Corre solta
a dormência da memória
inibidora
de momentos gloriosos
vilões assaltantes
curiosos
breves
intensos
salgados
espelho de mim
em lu(g)ares inventados.

Noite enfim.

terça-feira, 23 de junho de 2009

ANDORES NO DESERTO...


Sou peregrino no Cosmos do deserto...
Sombra cansada, vertendo sangrenta areia...
Vislumbrando-te ao longe...tão perto...
*
Arrasto-me erguido em calor...
Na vibração que a terra anseia...
De joelhos carrego este andor...
*
Com seu peso me enterro...
Em dunas planas da Eritreia...
Pegadas circulares em desejo que encerro...
*
Seguidor da Igreja de ninguém...
Descanso em regaço de plebeia...
Onde nuvens de anjos negros são harém...
*
Que Deus atento a estas inatendíveis preces...
Gasta seu infinito Tempo...
Se em teu oásis me enlouqueces...
*
Contra mim se erguem temíveis elementos...
Contra mim sopra teu caloroso vento...
Navegam secos, perdidos lamentos...
*
Em fina areia esvoaça meu escrever...
Entre dedos planto profundo e inóspito rebento...
Em que te lembras de me esquecer...
Darkrainbow

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Melodia Breve



Sei
a musica que me atraiçoa a memória
de momentos
separados
em que juntos
éramos um
corpo
em almas gémeas
superfície lunar
palavras a
l
i
b
e
r
t
a
r
em perpétuo movimento.

Sei
o sonho
que (a que) sabes
translúcido
vitral
musica em mim
canto tenor
jasmim
(ar)dor
princípio
de ti,
meu amor.

Sei
o amanhã sem lembranças
nossas
as promessas
sem rasto
o crime
da cobardia
sem fim
o sentir
fingir
não vivo
adormeço
nas madrugadas
porque a noite não (me) vence
apesar da ausência
e do vazio.

Luminosos os dias
em que brilhávamos juntos
tu ao piano
eu no sofá
da sala casa encantada
desencontro de mim
em bebedeiras de nós.

Sei
um amor proibido,
castrado,
destruído
pelo tempo
que jamais teremos
pela paz escolhida
em vez
de vida vivida
calma ambulante,
em vez
de paixão vibrante.

Sei
as escolhas
tranquilas
em imagens cinzentas.

Prefiro
o desassossego colorido
a
uma morte por escolha.
Mesmo que em paz necessária.

Sei
que te perdi
por não saber estar
ser
tranquilo
meu pesar.

Minha melodia por inventar.

Sei
a cor da traição
sem perdão.

Sei
o castigo
da solidão.

Sem ti.

Sei
que já não sou eu.

E assim, parti.


domingo, 21 de junho de 2009

Hoje saí!


Hoje não estou!
Saí no silêncio das palavras
As que ouvi e não senti,
Ou
Não entendi…
As que gravei no peito…

Saí!
Parti sem destino
No refugio
Do meu interno sentir.
Ocultei cada sílaba
Do alfabeto grego…
Linguagem vã,
Insana e profana…

Hoje não estou!
Foi à procura das lágrimas
Que já não sinto…
Dos sorrisos do meu rosto…

Saí!
Na busca das silhuetas…
Neste dia vazio de sol e dor,
Sem chuva ou aguaceiros.

Hoje não estou!
Pois saí…
Nos vagabundos sentidos,
Momentos que engolem
A saliva agridoce…

Hoje não estou!
Nem para mim…

Ana Coelho

Sete



Adormece na madrugada tardia
em que a (tua) voz se nega à evidência
do Ser

enquanto
disfarça amores permitidos
pelo cansaço do proibido.

(En)canta as tarde de Verão
em subtilezas da
alma
(im)pura
a
razão
com que tece lençóis de linho
numa cama de nupcias
sem noite
sem nada,
inventada
a verdade que se quer
em momentos de musica
aberta
a janela sem cortinas
a sala sem sofá
o piano abandonado na praia
e
os corações dilacerados
mergulhados no mar
em esquecimento
tentando resistir
à partida
sem regresso
numa maré
de Lua Cheia.

Pequena
a concha
que a acolhe
sete mares,
sete vagas
sete escravas
de prata
envoltas no corpo
estático
pés firmes na areia movediça
que lhe engole a alma
por jamais
entender
porque desistiu,
quando
a noite
era a mudança
da morte
em vida.


sábado, 20 de junho de 2009

No corrimão bolorento da vida

Gente que vagueia por mim
no corrimão bolorento da vida
toco-lhes com um olhar
ao de leve, sinto-os
gente estéreis de sonhos
errantes na penumbra existencial
deslizando em céus pardacentos

Gente, tão-somente gente
faltos de quereres
sem tempo para desejar

Movem-se meramente
em labirintos ociosos
ombros descaídos
em semblantes obscurecidos
alimentam o corpo
com a vida parca de viver
esquecidos na imensidão do ser

Gente que apenas permanecem
no tempo intemporal
falecendo na ignorância
essencial de viver
“no nós”

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O meu destino

Não procurei…
Nunca o fiz… com medo do nada
Que preenchia o meu espaço
Indiferente ás linhas da palma da mão
Às estradas e caminhos cruzados que lia,
Que percorri sem metas anunciadas,
Entre a névoa dos abismos.
Carreguei o fardo da vida…
Nos trilhos sinuosos que se abriam
Passo a passo… á medida que caminhava
Entre os sonhos e as promessas escondidas
Nos desejos que brotaram na fonte,
Como gotas de orvalho que escorriam
No caule de uma flor pela manhã.
Pedras e pedras ergui…
Tantas as barreiras que venci,Nos mistérios de um tempo que sorria
Interferindo abertamente na união
Construídas em letras e em escritas.
Nos delírios mais profundos,
Raros são os deuses que me tem escutado…
Atento… no silêncio, não ousei dizer
Com medo dos sonhos que fingi ter…
Louca, esta odisseia em que me encontrava
Nesta procura do próprio amanhecer.
Afinal…
Descobri em mim, o que sentia
Libertei a minha alma ao vento…
Sem medo de naufragar
Saciei a fome desta crença desgraçada
Vivendo para o amor doentio que me prendia.
Supus… que um dia
Entre as palavras imerecidas que escrevia
Com orgulho do destino que me abraçava
Que o meu pecado
A frase… treme ao ser dita
Ser… poeta!!!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

RESPIRO EM TI...

...Respiro em ti...
Um sentimento anárquico que te domina as entranhas…
Um lapso de memória ordinária, que no teu silêncio ouvi…
Dominada pela escuridão, pelas suas hediondas manhas…
...Respiro em ti...
A voz rasgada da vida, penitenciada em ardor…
Uma vila povoada de seres oriundos de babel…
Que descreves em fugazes rabiscos que não seguras no papel…
Que te fazem tremer as mãos…
Em que teus ouvidos transparecem para teus roxos lábios…
…O gosto do vinagre… O gosto inquisitório do fel…
...Respiro em ti...
Um augúrio de liberdade…
Lanço-te a corda sem nós, esquece-te de tua tenra idade..
...Respiro em ti...
Um passado manifesto de dor…
À tua volta uma voz sentida de horror…
Uma respiração que aniquilou teu próprio respeito…
Palavras intimidatórias para teu colorido e inocente jeito..
...Respiro em ti...
Um grito meu que te ensurdece…
Que emudece essa voz, de que tua alma padece…
...Respiro em ti...
Solidão em mim, um sonho teu que acompanho…
Minha admiração te sorri…
...Respiro em ti...
A entrega de teu corpo ao desejo vagabundo…
O teu fechar de olhos que acorda o teu obscuro mundo…
...Respiro em ti...
Um cinzento de loucura…
Que se clarifica a cada nascer do sol…
Uma esperança de ao toque sentir ternura…
Onde na tua noite o toque te lembra repulsa…
Onde minhas cores são mais intensas…
Onde minha distante e próxima presença torna tua mágoa apenas avulsa…
...Respiro em ti...
Uma força que te transmito…
Um dilacerante e possante grito…
Que te levanta a meio da tua noite…
Uma manhã de alegre luar…
Que o único fim é o teu acreditar…
...Respiro em ti...
A minha energia que isolada nada vale…
Respira-a em mim...
Sente agora na boca o suor em meu sal…
Um arco – íris matinal…
Um sol em teus olhos, sonolentos, abissal…
Uma chuva de água benta em teus sentidos…
Uma água de que há anos estás sedenta…
...Respiro em ti...
Respiro contigo…
Sou apenas um homem...
um humilde abrigo…
Vê no dicionário minha silhueta na palavra amigo…
...Respiro em ti...
Um balão colorido de ar quente…
Que nos céus azuis se quer elevar…
Que para o mundo quer escrever…
A quem não me comparo, nem que muito tente…
Em fascinantes livros descrever...
Um sofrimento transformado em alegres cores…
...Respiro em ti...
Todas as cessantes cores…
Que todos os sensíveis seres te suportaram…
Sem saberes, na famigerada noite te embalaram…
Doces esperanças sussurraram…
E sim!!! Acordar..??? Acordaste sozinha…!!!
Mas agora tua alma é como a minha…!!!
Acordada em tuas palavras, tuas mãos senti…
E agora que faço…???
...Respiro em ti…???!!!
Darkrainbow

terça-feira, 16 de junho de 2009

A noite cavalga no meu peito


A noite cavalga no meu peito
Neste peito prensado de luar
Galopando o meu corpo vagueia
Na arrojada essência de ficar

Percorro as areias movediças
Em equilibrados saltos mortais
Sinto-me um mero saltimbanco
Em plenas acrobacias sequenciais

Voo no prolongamento do tempo
Nos braços da divina loucura
Estonteando o meu corpo sedento
Orvalhado-o de suave ternura

A noite morre à beira do sol
Nas madrugadas sequiosas de cor
E nos meus olhos impregnados
O gosto salgado do teu sabor

Musica


Licor
odor
margem
aragem

janelas novas portas entreabertas


a verdadeira resistência na essência do existencial

dogma
cristal
tríptico vitral

musical o dia em que te sonho
voz
canto
querubim

(e sei, tenho-te só para mim)

egoísmo casual
amor mortal

anjo salvador
embala-me nos teus braços de lenhador

sem dor

olhar vento Norte

prenúncio de vida
em mim

assim
como quem toca o piano esquecido

rocha
fragmento
mar
sofrimento
gostar-te assim.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Poema adormecido



Durante o sono caminho
Sobre as palavras difíceis da sede,
Embriago a terra com a seiva da lua
Entre espelhos vivos do branco da folha.

Sinto a nudez das palavras
Na claridade do olhar
Que em mim proclamam,
Brilho ou eco…
No silêncio descubro a sílaba redonda
Que embala a caneta na aridez da página.

Busco caminhos
Na distância sem destino,
Lavo as lágrimas
Num poema adormecido.

Ana Coelho

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Violino


No tempo que nasci,
Encontrei apenas um VIOLINO. ….
Já envelhecido,
Apenas o distinguia como um “L”.
As notas eram de vento
No seu filamento, o som era puro,
Palavras sagradas voavam
Sobre mim…
Ensinavam-me tudo o que uma criança pode saber…
Assim cresci.
Um dia, o VIOLINO calou-se.
Aprendi a chorar,
Mas eu multipliquei-me.
A magia voltou,
O VIOLINO voltou a tocar,
As notas ao princípio, eram apenas uma brisa.
Mas dia após dia, também elas voaram.
Elas e eles cresciam,
Tanto esplendor…
Afinal, eu também tocava.
As minhas notas também voavam…
Descobri que criança é toda igual,
E eu também lá estava…
Invisível.
Também as minhas iriam descobrir,
Que cada nota de nada vale…
Só juntas fazem milagres.
Fazem melodias,
Fazem famílias de notas,
Onde o som não é tudo.
Haverá dias, que o som se tornará apenas num toque,
E o amor será o seu guia
Onde apenas o belo tem som.
Mas eles crescem…
Cada dia são menos meus.
Como ensinar tudo?
Falar dos Deuses?
Ulisses,
Ele também ouviu notas falsas,
Mas o mar ainda é o mesmo.
Mas “estes marinheiros” ,
São meus…
Navegando em naus de BONDADE,
As cordas são notas da minha vida.
Passadas fio a fio com o saber do passado,
Experiências sempre entrelaçadas com o AMAR,
Serão elas capazes de resistir em continuar a navegar?
É tarde para mudar de oceano…
Resta-me que guardem o VIOLINO,
As notas continuam a ser de vento.
Serão sempre notas livres,
Terão lágrimas de SANGUE e SUOR,
Onde os “homens” que eu vi crescer,
Possam sem vergonha oferecê-las dizendo:
– São notas de família.
– São notas LIVRES e BELAS,
E de dentro do seu interior,
Todas as notas soarão a BELO.
Eu, poderei então colocar lá no alto uma cruz.
Também ela BELA,
E com palavras BELAS deixo escrito:
- Aqui, viveu um VIOLINO…
Com ele, aprendi a chorar em silêncio,
Mas de dentro dele,
Saíram todas as palavras belas
Que transformaram gerações de palavra em palavra.
Hoje, poderei partir em paz.
Hoje tudo será BELO.


José Luís Lopes

Traço um Desejo

Há sempre um sopro nas madrugadas...
sente-se o suave deslizar…

É onde os sonhos interrompidos tomam forma,
em pequenos bocejos
no aconchego das estrelas, aos nossos desejos.

O belo! Adornos cristalinos nas mãos que me afagam a alma.
É o mundo das estrelas que irrompe madrugadas
nas noites em que a solidão toma conta de mim

Mas não da esperança.
Embebida nas lembranças, forço as recordações a romper…
A chuva que ouço cair,
não são mais do que pétalas de estrelas a florir dentro de mim

Há um mundo a transbordar dentro de outro ainda maior.
Do meu peito soltam-se primaveras que se abrem a ti

E dum sorriso voltará a nascer o desejo
de poder partilhar todos os instantes que soltaste dentro de mim.
Neste caminho, que o destino traçou,
escreveremos a duas mãos, o mundo

Nas mãos traço o destino que me rouba um sonho trancado
em nuvens e algodão, e elas sentem o meu corpo já tão cansado…


Dueto: Dolores Marques e José Luís Lopes

terça-feira, 9 de junho de 2009

Carinhosos passos

Retratei
com precisão...
tua foto permaneceu
resultado de
exactidão.

Seduzi
pelo olhar...
teu semblante
resistiu
conclusão
para resfriar.

Afirmei
com prontidão...
o que te levou,
rapidamente,
a tirar
a ilação.

Refinei
o paladar...
eis que num ápice
te deixas
saborear.

Alvitrei
a solução...
para pontos de vista
onde tardava
a resolução.

Continuei
a dissertar...
na perspectiva,
sempre sofrida,
de te poder
conquistar.

Finalizei
com comoção...
chegada a hora
de te abraçar
com devoção.

António MR Martins

Bússola do tempo

click to comment
Escrevi o silêncio
na bússola do tempo
na cadência do interno ritmo,
melodia que só eu ouvia
movimentos impulsivos
íntimos vibrantes
sentidos, contidos,
expressivos verbos sem verso.


Decifrados expoentes
latentes no peito
pulsam pausadamente
à luz da mente,
guia estrela cadente
murmura no meu ouvido
arfar ávido
escondido no ventre,
misteriosos caminhos do corpo
ao som do tambor
marchar sem hesitar ou recuar.
A força do espírito
desperta no silêncio,
na quietude da alma tranquila.

Ana coelho

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Parabéns Francisco Coimbra

Para o Francisco Coimbra vão os votos de que tenha um dia pleno de alegria e de sol radiante. Que a luz irradie por todos os cantos do mundo e que ele se encontre nele como um sol que nunca termina

Beijos de parabéns

GRITO MUDO DE EXISTÊNCIA...


Assisti à queda dum anjo...
À sublimação de um homem…
Alguém como eu…
Que suas lágrimas na penumbra humana se somem…
Alguém que se manteve na quietude dum limbo entre sobriedade/devaneio…
Preso para sempre na liberdade do anseio…
Preso para sempre nas teias de algo alheio…
O seu amor, um simples e inerte travesseiro…
Toco-me inesperadamente e sinto que nunca existi…
Foi o sentido de humor distorcido de Deus que testou o que vivi, e sofri…
Fito o horizonte com semblante sério…
Em busca de felicidade nunca sentirei o tédio…
Para mim o outro lado do mundo não é impropério…
De almas paralelas sentirei sem desejo seu assédio…
Parado no Tempo… sorriso no vento…
Após minha última curva já não vislumbro qualquer lamento…
Diz-me, não me mintas…
Toca-me, não me sintas…
Fala-me, não me ouças…
Enlouquece-me com algo que invento…
Olha-me mas não me vejas…
Desenha-me em tua mente, através de sons que me trespassam…
Deixa-me desenhar-te através de teus sussurros que me enlaçam…
Não me beijes com teus lábios quentes…
Oscula minha face com tua alma…
Durante nossos sonhos que se misturam ardentes…
Enquanto dormes numa relaxante calma…
Que contemplo noutra existência…
Livre de qualquer sana coerência…
Sinto-me alegre, sinto-me triste, um ser bipolar…
Não há coração que resista a esta vontade pecaminosa de amar...
Depressiva sensação de querer fazer minha a tua mão…
De criares comigo letras que nunca ninguém viu…
Mas que qualquer um sonha e imagina que as sentiu…
Libertares comigo sentimentos nunca descritos…
Mistura de realidades, contos de fadas, sonhos restritos…
Químicos que invadem meu corpo, por um anjo superior ora prescritos...
Sombras afastadas do além, para ti, para mim, para sempre malditos…
Teu corpo é meu Mundo que percorro sem descanso…
Em teu deserto mato minha sede em teu sexo…
Dou-te sensações que em simples pensamento lhes falta nexo…
Dá-me o teu grito silencioso, acorda minha tempestade…
Juntos num Tempo eterno seremos nossa liberdade…
Juntos transformamos o nosso arco – íris numa ponte de fé…
Uma fé em nós, na cor, no abandono da escuridão…
Lá em baixo correm para o mar almas perdidas…
Que nos saúdam com sua negra ilusão…
Almas que inspiramos a nadar contra a maré…
Eu e tu só temos olhos para o brilho que emanamos,
e nos cega todos os sentidos…
Tu e eu esbarramos em nossa parede que nos soltou de tristes desvarios…
De incontáveis e solitários alaridos…
Nós somos a Lua, o Mar, o presente…
Sorrimos do passado, lugar ausente…
Construímos o futuro…
Agora somos dois corpos, uma alma…
Atrás do mesmo impenetrável muro…
DARKRAINBOW

domingo, 7 de junho de 2009

tu cá tu lá


Tu cá tu lá
Tu cá
num mundo de sonhos
partilhados
rios de palavras por
inventar
mares de emoções por
desbravar.
Tu lá
nas mãos que se
estendem
numa dádiva incontida
alma que se liberta
nas palavras sem
despedida.
Tu cá tu lá
eu e tu nos caminhos
que nos aproximam.

Parabéns AnaMar

Para a Ana, vai o desejo de que este dia que agora se inicia, seja um dia com muito sol e que haja sempre muita luz a inundar os caminhos que irás palmilhar pelo mundo fora, em busca do tal "inacessível mundo do encanto"

Beijos

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Rescaldos intemporais

Fragmentei um sorriso...
de ténue e simples maneira.
Pelo resultado,
creio ter feito asneira.
Do rescaldo o emaranhado...
senti-me infiltrado na poeira.

Percorri os verdes campos
que ali deixei
e,
de forma breve,
reli os textos escritos nas
folhas dobradas que tinha no bolso...
não dissequei!

Num tempo que já não era o meu,
restabeleci a viagem
e alinhei-me à dianteira...

Para trás ficou a arder
a fogueira!...

António MR Martins

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Palavra Maldita

Palavra…
Oh palavra maldita…
Que tanto me persegues…
Sufocando o meu silêncio,
Aglutinando o meu ser,
Na masmorra do falar.
Matas-me…
Matas-me assim lentamente,
Cravando o punhal na minha língua,
Onde jorram os sons do meu querer,
Nos caminhos sinuosos…
Entre as pedras que ergo no tempo.
Palavra…
Não te odeio,
Não choro por ti…
Vivo contigo, amando-te secretamente
Nos rios secos onde navego
No sol que despertas em mim.
Escravizas o escrever,
Na escrita que liberto,
Entre os textos, onde me deito,
Vagueio sem fim,
Até ao fim do principio dos meus dias.
Rasgas-me o embrião dos sentimentos
Na inocência mágica…
Que escorre nos meus dedos,
Deambulando como moribundo,
Entre as sílabas que soletro
E me faz escrever…
Palavras, apenas palavras...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A força do espírito

Tão simples é a vida quando não resistimos
ganhamos o recordar em tudo para aprender,
vasta é a mente na alma segura
sono profundo, dormir acordado
sem interrogações
talvez exclamações e até pontos finais.

Nada existe sem ser criado
no espaço e no tempo,
destruído é irreal
na questão do vento intemporal.

A força é o poder, caminhar é vencer
desistir não marca história
nem faz renascer,
a ira será aviso?...
O medo não é defesa!
Será fraqueza?...

O importante já foi pensado
reportado e escrito,
em todo o conhecimento
viaja a palavra
entre o certo e o errado.

O universo é incognoscível
nada importante faz sentido.

Ana Coelho

terça-feira, 2 de junho de 2009

Assim & Mim

Espumas

do batido feito
entre sexos espremidos
ficam expressos

nossos versos
leves como plumas

rio de risos
Assim
Plumas és
macio
interior de sonhos
em almofada

meu sonho
assim corporizado
prazer, canto, fado
Mim

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ser Criança

Como são belas as crianças,
Que bailam na inocência da sua alma,
Brincando…
Sentido a luz do mundo,
Por muito que as noites abracem a luz.
Coração puro,
Criam… inventam…Sonham…
Entre a imaginação
Fermentando a alegria
Que germinam nas acções,
Até onde o seu brincar as levar.
De sorrisos em cânticos ao vento,
Correm soltas,
Como pássaros destemidos
Abrem esperanças no tempo…
Na hegemonia do encanto
Pintam cores de beleza sentida.
São raízes que nascem na terra
Cultivadas nos jardins da vida
Entre os espaços que moldam
Abrindo as fronteiras do ser.
Com seus cabelos soltos
Saltam… correm… vivem…
Crescem num tempo que voa
E voam… sem sentir o tempo
Habitam no presente
Sem medo do futuro que se aproxima.
Transportam nos rostos,
Olhos que brilham de felicidade
Como é bom sentir esta liberdade…
Quando se sabe ser criança.