Assisti à queda dum anjo...
À sublimação de um homem…
Alguém como eu…
Que suas lágrimas na penumbra humana se somem…
Alguém que se manteve na quietude dum limbo entre sobriedade/devaneio…
Preso para sempre na liberdade do anseio…
Preso para sempre nas teias de algo alheio…
O seu amor, um simples e inerte travesseiro…
Toco-me inesperadamente e sinto que nunca existi…
Foi o sentido de humor distorcido de Deus que testou o que vivi, e sofri…
Fito o horizonte com semblante sério…
Em busca de felicidade nunca sentirei o tédio…
Para mim o outro lado do mundo não é impropério…
De almas paralelas sentirei sem desejo seu assédio…
Parado no Tempo… sorriso no vento…
Após minha última curva já não vislumbro qualquer lamento…
Diz-me, não me mintas…
Toca-me, não me sintas…
Fala-me, não me ouças…
Enlouquece-me com algo que invento…
Olha-me mas não me vejas…
Desenha-me em tua mente, através de sons que me trespassam…
Deixa-me desenhar-te através de teus sussurros que me enlaçam…
Não me beijes com teus lábios quentes…
Oscula minha face com tua alma…
Durante nossos sonhos que se misturam ardentes…
Enquanto dormes numa relaxante calma…
Que contemplo noutra existência…
Livre de qualquer sana coerência…
Sinto-me alegre, sinto-me triste, um ser bipolar…
Não há coração que resista a esta vontade pecaminosa de amar...
Depressiva sensação de querer fazer minha a tua mão…
De criares comigo letras que nunca ninguém viu…
Mas que qualquer um sonha e imagina que as sentiu…
Libertares comigo sentimentos nunca descritos…
Mistura de realidades, contos de fadas, sonhos restritos…
Químicos que invadem meu corpo, por um anjo superior ora prescritos...
Sombras afastadas do além, para ti, para mim, para sempre malditos…
Teu corpo é meu Mundo que percorro sem descanso…
Em teu deserto mato minha sede em teu sexo…
Dou-te sensações que em simples pensamento lhes falta nexo…
Dá-me o teu grito silencioso, acorda minha tempestade…
Juntos num Tempo eterno seremos nossa liberdade…
Juntos transformamos o nosso arco – íris numa ponte de fé…
Uma fé em nós, na cor, no abandono da escuridão…
Lá em baixo correm para o mar almas perdidas…
Que nos saúdam com sua negra ilusão…
Almas que inspiramos a nadar contra a maré…
Eu e tu só temos olhos para o brilho que emanamos,
e nos cega todos os sentidos…
Tu e eu esbarramos em nossa parede que nos soltou de tristes desvarios…
De incontáveis e solitários alaridos…
Nós somos a Lua, o Mar, o presente…
Sorrimos do passado, lugar ausente…
Construímos o futuro…
Agora somos dois corpos, uma alma…
Atrás do mesmo impenetrável muro…
DARKRAINBOW
1 comentário:
José Carlos, gostei muito deste grito mudo...
Beijinhos
Dolores Marques
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