quarta-feira, 31 de março de 2010

Como umas asas na imaginação

Há um momento em que os dedos dos homens
parecem como bichos
quando os olhos deixam de chorar
á espera que o mar
guarde todos os amigos para consolar.

Há um momento em que a cidade
fica mais fantasma
quando perdemos a alma
como perdemos a noite
quando perdemos os olhos
porque não podemos recordar.

Há um momento em que os dedos dos homens parecem como bichos
em que as pernas já não conseguem andar
nem a boca falar
porque é dificil descrever a tristeza
que nos invade quando se pensa que
a vida fica tarde quando não bate o coração.


Há um momento que é facil
e parece dificil
quando é só começar

como umas asas na imaginação.

Há um momento em que os dedos dos homens parecem como bichos
em que o pensamento está doente e é dificil acreditar.

Há um momento que é facil
e parece dificil
quando é só começar
como umas asas na imaginação.

Lobo 010

Na penumbra do vácuo

São tão vazios os dias
Na penumbra do vácuo
O vento canta lá fora
Leva com ele folhas
Para o cume dos telhados

As nuvens choram
Em prantos húmidos
Nas costas do sol
A nostalgia vagueia
Pelas paredes brancas

O lume nos vidros
Crepita sonhos…

Utopias de gente que sente
Com medo dos gritos…

Voam nos planaltos aromas da terra
Buracos profundos
Que o espírito espanta
Na dor de não saber calar…

As árvores pintam o verde
Em branca flor…
O Inverno acena um adeus
Mas a Primavera
Teima em não chegar…

E será somente
Um dia vazio de Verão…

Ana Coelho



domingo, 21 de março de 2010



Trago nas mãos suaves

as cores singelas

as que iluminam

os dias mornos

da primavera.



sim!Aquelas!



as cores que me embalam

meus sonhos

de criança

aquelas

que me guiam

nas veredas

errantes.



Sim!Aquelas!



Novos odores

sentidos em alerta

Ah! corpo maduro

que já não teme

a descoberta.



Sim! Aquelas!



Primaveras nas telas da pintura

palavras suaves e profundas

na alma de um poeta.

Ah! E sou eu

aqui debaixo deste sol

ameno da estação mais bela

compondo com palavras

os meus sonhos

nesta tela.

sexta-feira, 19 de março de 2010

xô, xô, o palco agora é meu - Outros textos - Poemas e Cartas - Luso-Poemas

xô, xô, o palco agora é meu - Outros textos - Poemas e Cartas - Luso-Poemas

Provérbios


"Em Terra de Cegos, Quem Tem um Olho, é Rei"


Vivia estigmatizado por certos olhares, conscientes de que haveria algures, um reinado capaz de ser eloquente, ao ponto de o aceitar e de o fazer acreditar, que o novo é sempre o novo, mesmo que as luzes se encontrem dispersas num movimento inconstante.

No entanto, eram simplesmente novas vistas de um mundo prestes a cair no vazio.

Tal como a magnitude de um cometa , que rasgando os céus, se encontra numa posição privilegiada em relação aos seus congéneres, estaremos sempre em forma, não fôssemos nós um composto e várias espécies, acompanhando a frota designada por um calibre máximo de objectivos mortos.Há tempos mortos, que marcam num reino de cegos, a centelha viva que abrirá caminhos para o mundo dos vivos, mas nesse reino, só um cego poderá valer a quem quiser ter só um olho, sem se sentir perdido, por não saber ao certo, do reinado fantástico deste mundo, envolto em fantasia. Só assim poderá aceder à terra dos mortos-vivos, porque aí, quem tem um olho é rei da noite para o dia. Criou-se para o efeito, uma ilha que está aberta a quem quiser entrar. As palas serão oferecidas à entrada, e as entradas são gratuitas.

Que se dê então, início ao espectáculo!


sexta-feira, 12 de março de 2010

Deixar os olhos pousados nas estradas

Ter olhos gastos ou deixar os olhos pousados nas estradas. Já não há peregrinos que caminhem nos dias. O sabor dos frutos na lingua de quem navega, navegamos nas palavras quando as perdemos do corpo para a mesa das tabernas.

Ter os olhos gastos ou deixar os olhos vestidos nos gestos dos que se desencontram. Sabemos que os sabios se desencontram dos livros. Ter os olhos gastos ou deixar os olhos pousados nas estradas. Gostaria que me guiasses, o silencio das mãos no grito da terra.

Ter os olhos gastos ou deixar os olhos prostrados nas estradas.

Lobo 010

segunda-feira, 8 de março de 2010

O meu voo

Não encontro palavras,
No brotar de um poema,
Nem o verso que conjuga alvorada,
Nem o grito denso que abre as janelas,
Da conjugação das estrelas
Que acendem a minha noite.
Recolho o olhar do voo de uma borboleta,
Deitando-me na pedra esculpida
Esperando um novo amanhecer,
Contando os traços dos filamentos do gesto.
No silêncio esperei,
Que o vento inspirasse em segredo,
Guardando no templo do meu peito,
O eterno cântico dos sonhos
Da poesia que corre em mim.
Neste casulo,
As águas rompem no rosto,
Entoando letras tecidas nas mãos
Nascendo sílabas que a boca prenuncia,
Na espuma do ventre
Deste desejo de voar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O amor arde em mim

Em ti,
Existe o fogo do Verão,
Onde cintilam os meus versos,
Respirando a brisa nua,
No encontro do olhar.
Trazes o sonho,
Que preenche o meu chão,
Onde movimento o meu sangue,
Na chama o florir do meu espírito.
Em tua face,
Sinto o vento a soprar meu coração,
Sufocando o silêncio do toque
Abrindo as nossas mãos
E voar no infinito do céu.
O nosso beijo,
O encontro do desejo,
Colando os pedaços do tempo,
Partículas do halo das searas
Estremecendo as águas
Do paraíso do nosso mar.
Eu meu amor,
Na comunhão plena,
Fui feito para te amar
Amar-te mais e mais
Deslizando na curva quente de teu dorso
E assim morrer por Ti.