quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Quase Inverno



Deve ser o meu inicio do fim, aqui neste lugar ao sol, que já não sabe ser sol.

Nasci aqui porque me fizeram acreditar que viria bem ao centro da terra e subiria a tempo de me encontrar com todos os habitantes do céu. Nasci para me encontrar também com algumas periodicidades que me fazem acontecer, enquanto visito todos os lugares de um mundo que já havia esquecido. Assim, encontro-me tão a jeito de me fazer ir e vir, sem saber como sou lembrada e como sou esquecida por todos os enfeites de uma terra que se veste de branco e se tinge de negro, para que as estrelas sejam seus guias astrais.

Se por acaso me deixar cair num abismo onde guardei por décadas de fome, as minhas lembranças de quando era uma estrela sem norte, morarei então na catedral dos séquitos maiores, a sondar o inimaginável por cada sonho que perdi enquanto te procurava.
É quase Inverno, e o meu olhar é um tracejado vivo nas tuas mãos, que me levarão ao encontro de um verão quente a nascer nos teus olhos.
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Foto minha - foi ontem num dia de nevoeiro

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