Não queiras abrigar uma gaivota de asa ferida porque mesmo guinchando de dor, buscará seu poiso no rochedo sulcado pelo mar. Sozinha.
Não queiras uma metade de laranja se não puderes sorver igualmente a outra metade.
Não me queiras. A vida fez-me onda selvagem embalada na força das marés e na folia dos ventos, não tenho costa nem mar. Sou nómada e feita de sal. O meu brilho perdeu-se na cinza.
Não me queiras porque te encanta meu sorriso, é o único que tenho, não o sei esboçar de outra forma.
Não me queiras porque te faço sentir menos só. Eu sou solidão trajada de mulher. Sou dor apaziguada por vezes ao por-do-sol, mas regresso todas as manhãs quando a vida se ergue.
Não me queiras pelo luar nos meus olhos. Sou perpétua amante da mais bela estrela, ao seu brilho minha alma consagrei.
Não me queiras, não... vidro não é cristal.
2 comentários:
Eu não quero comentar este poema porque ele é uma obra perfeita e eu não estou à altura de me pronunciar a esse nível. Ele invade a sensibilidade mais requintada.
Antonius
Adorei o poema. Nunca me dispenso de a ler.
Olema
O abraço do nosso muito apreço
Boa noite.
Estou lhe seguindo, e voltarei depois para ler com mais calma.
Um grande abraço. (Maria) Amapola.
Enviar um comentário