Não me importa do universo a grandeza
Tão pouco da Via Láctea a imensidão
Interessa-me das estrelas a singeleza
Do puro bom senso o galardão
Não me interessa do mundo a opulência
Se quer a ostensiva mansão
Toca-me sim a eloquência
Dos que falam a voz da razão
Não me quero pelos proventos aviltado
Ao pobre incapaz de dar a mão
Jamais pelo fausto esmagado
Mísero sentir o do meu coração
Detesto este mundo em que pelejo
E nele grassa a fome inclemente
Por muito que abra os olhos não cotejo
Ver do novo homem a semente
Abomino a rota que levamos
Os que deste tempo temos a herança
Por certo que bem caro pagamos
Em instalada e vã bonança
O que faz de mim intolerante
E me diz que o mundo não avança
É ver os olhos negros da negra fome
No labial tremular duma criança
De corruptos a nuvem transbordante
Levem-na os ventos para longe sem retorno
Não tenha mais oportunidade o meliante
De ver vir às suas mãos o vil suborno
Antonius
1 comentário:
Humanista e puro de razões expostas
e eu gosto e aceito!
Maria Luísa
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