quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Menina Dezassete

Era uma vez uma escola muito grande e bonita para onde muitos meninos gostariam de ir estudar. Nessa escola, havia uma menina que estava quase quase a terminar os seus estudos, mas para isso teria que superar um grande desafio: escrever um trabalho onde demonstraria tudo aquilo que aprendeu, e mais, teria que o apresentar aos professores mais velhos e cultos da escola.
Era difícil, porque quando os alunos tinham que apresentar o trabalho final, mais parecia que estavam num julgamento e os professores mais velhos e mais cultos da escola mais pareciam professores-tubarões.
Como iria ser um momento muito importante na vida da menina, todos queriam saber quando seria o “julgamento”, pelo que movida pelo medo e também pelo embaraço da atenção, a Menina guardou para si essa data e só a revelou à sua amiguinha mais querida e claro, ao Menino Dono do seu Coração. Eles sim, é que estariam presentes no grande dia.
A Menina muito preocupada com este momento, estudou que se fartou durante dias a fio, não saiu de casa, não falou com ninguém, ignorou completamente o Menino Dono do Seu Coração, não atendeu as suas chamadas, enfim…Uma azáfama!
O grande dia lá chegou, e como seria de esperar a menina estava mesmo muito assustada! E se não fosse capaz de falar com os professores-tubarões? E se se esquecesse tudo aquilo que havia preparado? E se os professores-tubarões não aprovassem o trabalho que tanto trabalho lhe deu? E se… Ai! Que nervos! Não, nem pensar! Estava preparada, iria correr tudo bem!
A melhor amiga da Menina já tinha chegado e como companheira que era, tentava acalmá-la e mandar para bem longe todas as suas inseguranças.
A hora aproximava-se e subitamente a Menina lembrou-se do Menino Dono do Seu Coração que tardava em chegar, quer dizer, ainda não estava bem na hora…mas e se ele não viesse? Durante dias a Menina não lhe dissera um olá, não lhe ligara… E se ele de triste e zangado não fosse?! E se ele se tivesse esquecido?!
Então, nada teria sentido, pensou a Menina “Se a pessoa que eu mais gosto não está cá, não quero saber disto para nada” concluiu triste. Como é que ela conseguiria passar por aquela prova sem a presença do Menino Dono do seu Coração? Nem queria! Queria era fugir dali para ir procurá-lo…para lhe pedir perdão por tê-lo ignorado.
E quando ele surgiu ofegante no átrio da escola, a menina correu-lhe para os braços aliviada ao mesmo tempo divertida “Bolas! Isto sem ti não ia ter graça nenhuma!” porque havia percebido que tudo faria sentido apenas com a presença do Menino do Dono do seu Coração ali ao seu lado. Porque ele era a sua força, a sua vida…
Passaram então os professores-tubarões arrastando a sua sabedoria. O “julgamento” ia começar. Hora da verdade!
Antes da Menina transpor a porta da sala o Menino Dono do seu Coração sussurrou-lhe “Boa sorte pequenina! Vai correr tudo bem!” E foi quanto bastou para a menina entrar confiante.
Não precisava de mais nada, apenas de saber que o Menino Dono do seu Coração estava ali perto dela no fundo da sala, observador e expectante. É só lhe escutar a tosse nervosa, confortava-a. E por ele, queria fazer boa figura para que ele se orgulhasse dela! Sempre determinada, respondeu afoita às perguntas dos seus professores, e quando o nervoso miudinho serenou, quase que pareceia estar numa tertúlia de amigos.
Quando terminou a apresentação do trabalho que tanto trabalho deu à Menina, os professores-tubarões, já não pareciam tubarões, na verdade, até pareciam simpáticos a amáveis… Agora era chegada a hora de os professores se reunirem e avaliarem o trabalho trabalhoso da Menina.
Mais tarde quando chamaram a menina, sorriam-lhe gentilmente e disseram que o trabalho estava mesmo muito bom e que reconheciam que a Menina se havia esforçado muito, elogiaram-na pela apresentação e pela segurança nas suas respostas.” Parabéns, você vai tirar dezassete valores!”
A Menina agradeceu atordoada, a amiga da Menina estava muito feliz, os professores agora amáveis sorriam satisfeitos e secretamente orgulhosos, mas isso a menina já não viu...
Só tinha olhos para o Menino Dono do seu Coração que estourava de orgulho enquanto lhe apertava a mão, naquele aperto de mão que só os apaixonados se sabem dar.
Nesse dia o Menino Dono do Coração da Menina decidiu que esta doravante seria a sua a Menina dezassete. Esse dia havia sido uma pequena demonstração de que o seu amor seria eterno pois sentiram o sabor de uma pequena vitória. Da primeira vitória.
E de prova em prova, de vitória em vitória, foram construindo a sua vida a dois, ficando na memória de todos aquele amor tão pleno e intenso sentido pela Menina Dezassete e pelo Menino Dono do Seu Coração
Não, não foram felizes para sempre, melhor do que isso, foram sempre felizes!

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