quinta-feira, 7 de abril de 2011

olha-me sem dor…

Desenha-me no fundo da chávena


onde as borras do café


se esbarram no meu rosto.


Ainda me resta a cafeína


na cor da minha pele



[Naquela cor reproduzida


no pincel da chibata]



[Desenha-me de qualquer cor


pouco me importa]



Rasguei a carta de alforria,


a sentença, a liberdade condicional.


Retalhei-me por dentro e por fora


com o mesmo olhar negro,


com que retalharam a pele branca


da minha mãe…



Conceição Bernardino

1 comentário:

Luiz Sommerville Junior disse...

São , um poema que magoa como a implacabilidade d´aço afiado ! Estrutura , ritmo e mensagem de cortar a respiração !

Grato amiga , pela excelente partilha!

Bom final-de-semana!