sábado, 16 de maio de 2009

PALCO VAZIO...


Actuo em meu palco,
soalho em tábuas apodrecido...
plateia vazia se ri de meu mundo...
guião esquecido...
*
surgem gargalhadas, silhuetas, sombras,
cenas inanimadas...
alimentando vidro fosco e sujo...
correndo o pano em cores esbatidas...
escadas perversas...
Falas dispersas...
destinando penumbras...
ao longe tímidas vozes latidas...
*
recolho ao camarim...
meu espaço profundo...
serei querubim...
serei tua face...
serei arco sem fim...
Que desagua a montante...
aguardas por mim...
orando a jusante...
*
entre olhar e sentir, tímido enlace...
clivagem severa,
entre tempo parado e inglório impasse...
uma lua apagada...
uma nuvem quebrada...
escondo esta pena,
que desenhou seu trespasse...
*
envolto em frágil esfera...
quem afinal represento?
Raio de sol, primavera...
uma estrada sem nome...
um farol de trevas na escuridão...
um astro sem volume...
um nada pesado em cada mão...
Um alimento, uma fome...
uma incógnita, uma razão...
*
Enlouquece e me encontras...
Ao fundo dum túnel...
Num folha perdida...
Numa rima esquecida…
Deslizando no Outono de teu chão...

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