domingo, 8 de julho de 2012

Leva o vento as palavras que não disse

I.

Leva o vento as palavras que não disse
Que pensei, que senti intensamente, mas não disse.

Adiantei-me ao tempo neste poema incompleto
Escrevi amor nas ruas, em todas as paredes
Esperando que percebesses os sinais, os meus ais

E a distância entre pensar, sentir e não dizer.

II.

Descreve-me os teus olhos quando o vento sopra
Mostra-me o que escondes no peito, os teus segredos
Revela-me, os teus íntimos desejos, porque desejo intimamente
Ser parte presente do teu corpo até ao fim do meu

E dizer-to para sempre.

III.

Perdi os teus passos e esgota-se a força dos meus dedos.

Cheguei tão tarde, com a chuva dos teus lagos secos
A terra quebrada e ventos que sopram do sul.
Ainda draguei os mares, perfurei o céu, aglomerei as nuvens
Mais o frio e o sentir que me trouxe aqui

Mas pensei demais, demorei-me demais
E os peixes já estavam mortos.
  
Descreve-me os teus olhos quando não me vêem
Sente o vento, as palavras que pensei, que senti imensamente
Mas não disse.  

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