sábado, 12 de maio de 2012

À espera



Aqui estou
sentado na espera sem tempo de chegada
as pessoas passam pelo atendimento
num balcão que os recebe
seguindo o destino indicado
onde o exame clínico os acolherá

há um contraste em cada vida
e outro diferente no exame que os aguarda
enquanto sentado continuo à espera
olhando o ritual de cada chegada
e o ápice da partida

para uns haverá regresso
para outros o registo de desiguais passos
se o registo do envio pelo correio
for liquidado à partida
ou se for díspar o registo em cada exame

o resultado da novela clínica
equacionará o sentido da revolta
ou a acalmia de um respirar profundo
entre um singelo rastreio à próprio alma

tudo isto acontece
enquanto sentado
os pensamentos em turbilhão
se sucedem

e eu
continuo à espera


António MR Martins

1 comentário:

Nanda disse...

António,
A espera entre a cura do corpo e da alma.
Beijo
Nanda