domingo, 27 de maio de 2012
NO VAI-VEM DO AMOR
Espero que apareças...
Espero-te aqui na esquina,
mas não esqueças!
Traz contigo o perfume campestre,
o mesmo que me ofereceste
quando era menina.
Chorei,
no dia em que nos despedimos.
Só eu sei!
O gosto das lágrimas salgadas,
as vozes enamoradas,
o beijo exasperado,
a lembrança de mão na mão.
O coração trémulo, calado.
A nossa sede, o nosso abraço
A minha oração sem esperança
O meu rosto sem traço
Aquele que me viste em criança.
Sangue sem sangue, sem pulsação
E a noite, a mansidão?
Meu vestido branco, flores no cabelo
louco, louco este meu desvelo.
Com meus olhos digo que amo
Meu andar fica cativo
No meu sonho por ti chamo
Amo-te, amo-te!
Docemente te digo.
Espero que apareças!
Recolhe-me no teu olhar
e não esqueças,
traz contigo a magia do luar,
e uma ou duas lágrimas para às minhas juntar.
Faremos um lago a soluçar,
e dos meus olhos cairão rosas,
que crescem ainda, por entre pedras preciosas.
E nossos dias serão de marfim.
Falaremos de magnólias, de jasmim,
enquanto os nossos sonhos adormecem.
E depois, por fim...
o tactear que buscámos tanto
Milagrosos sonhos que permanecem,
e vamos sonhando por enquanto.
natalia nuno
rosafogo
imagem ret.da net
sexta-feira, 25 de maio de 2012
TRAÇO A TRAÇO
Ao desenhar-te
Traço a traço
Compreendo porque meus olhos te soletram e respiram
Faça brisa ou sol pela manhã.
Chuva seremos sempre nós dois
Em pranto pelo nosso (a)mar…
Numa partilha que não se quer p’ra depois
Se a pele pede p’ra se entregar!
Tua boca arrebatada beija o silêncio nu
Das minhas mãos suadas
Pelos teus contornos acesos
Sobrando eu e tu
À palavra amor a dar-se em uníssono…
24.05.12
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Um poema
um poema
esbatido
no olhar
é o canto
no canto
da boca
nos lábios
a pele
ressequida
na língua
a folia
arrependida
um poema
a lembrar
um dilema
no corpo
que antes
foi de mulher
e agora
é estátua
caída
esbatido
no olhar
é o canto
no canto
da boca
nos lábios
a pele
ressequida
na língua
a folia
arrependida
um poema
a lembrar
um dilema
no corpo
que antes
foi de mulher
e agora
é estátua
caída
domingo, 20 de maio de 2012
Isto é amor
Na doçura dos teus beijos
O amor brota a florir
Como num fechar e abrir
A caixinha dos desejos.
Na ternura dos teus braços
A paixão fluí, flutua, eu amo
Com minha boca amor te chamo
Minhas mãos são como laços.
Na perdição do meu amor
Onde enlouqueço um pouco
Ao trocar um beijo louco
Que em nós eterniza o sabor.
O amor brota a florir
Como num fechar e abrir
A caixinha dos desejos.
Na ternura dos teus braços
A paixão fluí, flutua, eu amo
Com minha boca amor te chamo
Minhas mãos são como laços.
Na perdição do meu amor
Onde enlouqueço um pouco
Ao trocar um beijo louco
Que em nós eterniza o sabor.
sábado, 19 de maio de 2012
TRAGO NA MÃO UM ROUXINOL

Quero aguardar o dia que se avizinha
A única porta para mim aberta
Com as mãos molhadas de ternura
e sonhos que a vida ainda em mim desperta.
Despeço-me desta noite deserta
Que me deixou o sonho destroçado
Quero mais um instante para amar
Voltar a ter-te a meu lado.
Trago na mão um rouxinol
Que canta a tristeza e a alegria
E nos olhos cresce um girassol
Lembrando-me que amanhã é
outro dia.
Esta viagem já me tolhe
os gestos e os pensamentos
Não há chuva miúda que não molhe
Nem vidas sem sofrimentos.
É breve o tempo que nos resta
Nada o faz adiar
Daí a saudade é o que resta
Para a solidão enfrentar.
Chega a madrugada soalheira
Cantam os pássaros aos milhões
E a vida vai pregando sua rasteira
Com ela levando-nos os corações.
rosafogo
natalia nuno
imagem da net
sexta-feira, 18 de maio de 2012
A noite foi uma epopeia passada dentro de um quarto fechado!
Na praia olhando o pôr-do-sol
Teu sorriso bailava em subentendidos
O silêncio quedou,
Nas tuas palavras acaloradas
De sensações emaranhadas,
Cavalgando em marés de espuma
Como um animal louco!
Bates-te à porta das minhas sensações
E a música passou frenética aos meus
ouvidos
Caminhamos no reflexo do sol tímido
De mãos dadas, com os dedos cruzados
De desejos líquidos embebidos!
Devagar nos abraçamos com zumbidos de emoção
E partimos para a epopeia da noite
Dentro de um quarto fechado!
quinta-feira, 17 de maio de 2012
...Já nada sei de mim
Já não caminharei nas áleas do teu corpo
nem nas nuvens cristalinas do teu olhar oásis
nem no rio ameno dos teus braços quentes
Não mais penetrarei nesse olhar vulcão
incandescente lava que me abraça a ilusão
nem mais o meu corpo sentirá o tempo
aprisionado nas nossas mãos, indolente…
Dispersa piso a densa floresta da inanição
onde o sol chamusca as copas secas das árvores
onde os pássaros cantam no horizonte desconexo
na magnitude vítrea de ser poesia… mais além
e onde as ruas se estreitam nos olhares baços
em lamentos calados dos seres ainda crentes
Sabes amor? já nada sei de mim
Escrito 16/05/12
domingo, 13 de maio de 2012
SUBLEVAÇÃO
O teu território de sedução
É tão distante e tão real!
Cruzamo-nos todos os dias no éter
Seguindo em frente contra a injustiça
É duro este impacto dia após dia
Com a minha consciência despertada
Pela engrenagem injusta que vivemos!
Sinto-me enclausurada na aridez
Lábios gretados pelo pó barrento
Clamando água da tua boca!
O mistério de que estou impregnada
Materializa-se em rebelião
No vértice sensório
Do corpo alvoraçado!
Arranco máscaras de hipocrisia
Dinamito interditos
Liberto furores do corpo
Desvendo o excelso prazer
Ascendo-me esbraseada!
Etiquetas:
MARISA SOVERAL - SUBLEVAÇÃO
sábado, 12 de maio de 2012
Sou fã dos meus escombros
Sacudi o vento dos meus ombros
Não quero nada que me pese
Nem segredos sussurrados
No lóbulo descrente da orelha
É desta canseira que vos falo
No dia em que me abstenho
De viver em função de desafios
Faz tempo que os preteri
Passei a ser fã dos meus escombros
Por onde disserto a minha tese
De solidão e abandono
À margem do que resta de mim
Num mundo sem risos, nem vitórias
Nem gritos soltos no palato
Se já fui livre... hoje, calei-me!
Contra mim, afirmo...
Já nem o vento me arranca um desabafo.
Não quero nada que me pese
Nem segredos sussurrados
No lóbulo descrente da orelha
É desta canseira que vos falo
No dia em que me abstenho
De viver em função de desafios
Faz tempo que os preteri
Passei a ser fã dos meus escombros
Por onde disserto a minha tese
De solidão e abandono
À margem do que resta de mim
Num mundo sem risos, nem vitórias
Nem gritos soltos no palato
Se já fui livre... hoje, calei-me!
Contra mim, afirmo...
Já nem o vento me arranca um desabafo.
À espera
Aqui
estou
sentado
na espera sem tempo de chegadaas pessoas passam pelo atendimento
num balcão que os recebe
seguindo o destino indicado
onde o exame clínico os acolherá
há
um contraste em cada vida
e
outro diferente no exame que os aguardaenquanto sentado continuo à espera
olhando o ritual de cada chegada
e o ápice da partida
para
uns haverá regresso
para
outros o registo de desiguais passosse o registo do envio pelo correio
for liquidado à partida
ou se for díspar o registo em cada exame
o
resultado da novela clínica
equacionará
o sentido da revoltaou a acalmia de um respirar profundo
entre um singelo rastreio à próprio alma
tudo
isto acontece
enquanto
sentadoos pensamentos em turbilhão
se sucedem
e
eu
continuo
à esperasegunda-feira, 7 de maio de 2012
AMOR É

Amor é pássaro leve
fugitivo
Que canta numa acácia florida
Pássaro que não se quer cativo
Voa...voa num vôo obsessivo.
O amor é estrela perdida
no firmamento
É lua amarela, solitária e oca
Água fresca na boca
Nevoeiro onde se abriga o relento
O amor é um mundo despovoado
Doce batalha de paixão
Ave que não esquece caminho andado
Amor é seiva, floração.
Alquimia que nos deixa a levitar
Luz que não se deixa aprisionar.
natalia nuno
rosafogo
sábado, 5 de maio de 2012
Feito na magia da noite
Com magia se faz a vida
Com amor se faz o mundo
Crescer em paz e alegria
Numa prece que é trazida
Por um bem tão profundo
Nos suspiros da poesia.
Com alma se faz bater
Mais forte um coração
Que se abre em harmonia.
No silêncio da noite a correr
Com sintonia e bênção
Que trazem os sons da magia.
Sentido, amizade e bem
Ao peito da hora que passa
Em vozes de louvor e raça
Que dão cor e graça que tem.
Maria Gomes
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Como um rio é um livro bilingue, escrito em Português e Francês, a língua materna, a língua que amo e me fascina e em Francês a língua adoptiva, aquela com a qual comunico no pais que me acolheu.
Este livro para alem de ser um rio de palavras onde autora navega se perde e se encontra, é também um livro de partilha. No inicio de cada capitulo há um dueto de três autores com quem partilhei palavras.
Ana Coelho
Dolores Marques
JC Patrão.
Assim como no capitulo final onde as palavras já são um mar procurando a serenidade no tempo.
São Gonçalves
Este livro para alem de ser um rio de palavras onde autora navega se perde e se encontra, é também um livro de partilha. No inicio de cada capitulo há um dueto de três autores com quem partilhei palavras.
Ana Coelho
Dolores Marques
JC Patrão.
Assim como no capitulo final onde as palavras já são um mar procurando a serenidade no tempo.
São Gonçalves
Pudera eu
Pudera eu lavar a cara das insígnias petrificadas
deixar correr o rio lodacento mesmo ao meu lado
e descobrir novas profundidades, onde
a terra possa germinar em torrentes de flores
dos que ainda ousam sonhar
Pudera eu levar-te para o outro lado, onde
o bosque já não nos mete medo e redigir
novas insígnias no teu corpo ardente
Pudera eu deixar cair as lágrimas
que assolam o meu rosto nú
e partir para o Olímpio, onde os Deuses
já não agonizam nas salvas de prata
Ah Pudera eu amor, amar-te…
Escrito 4/05/12
deixar correr o rio lodacento mesmo ao meu lado
e descobrir novas profundidades, onde
a terra possa germinar em torrentes de flores
dos que ainda ousam sonhar
Pudera eu levar-te para o outro lado, onde
o bosque já não nos mete medo e redigir
novas insígnias no teu corpo ardente
Pudera eu deixar cair as lágrimas
que assolam o meu rosto nú
e partir para o Olímpio, onde os Deuses
já não agonizam nas salvas de prata
Ah Pudera eu amor, amar-te…
Escrito 4/05/12
Holocausto
Imagino o mar como um potencial destino dos deuses
Imagino sim, um mar prostrado a seus pés
Imagino como será esta força dominadora
E imagino simplesmente que sou onda sem ter onde rebentar
Respiro ainda, sim!
Aspiro um ar denso, poluído que se entranha
Nas entranhas todas do meu corpo
Sou onda sem ter o que abraçar
Sou maré sem ter onde se entregar
Sou simplesmente um movimento aberto a todos
Os que descem do farol mais antigo
Sim, a torre mestra que suporta um céu maior
Sim esse céu que foi mar e terra
Sim, esse céu que foi sol e lua
Sim, esse céu que foi o holocausto da humanidade
E a fez calar
Respiro ainda
Sim, e aspiro um ar salgado
moribundo
e furibundo por não saber onde se afundar
A extrema-unção dos vagabundos
Que na noite serena me namora nos dias santos
E me desflora nas noites errantes
Caminho só agora
e sou mar
e onda
e sol
e lua
e terra
Sem poiso certo
Suspensa na atmosfera densa
A extrema-unção dos vagabundos
É a chama acesa que incendeia os corpos lá fora
Lá, onde não há chão onde descansar
Lá onde a vida cessa sem cessar
Lá onde os caminhos se cruzam e delambidas bocas se
fecham sem se beijar
Lá, há todo um corrimão de línguas afiadas prontas para
me furar
Lá, onde os monstros choram e as lágrimas correm para
o mar
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Chegas-te tomada de sol e de panico
Chegas-te tomada de sol e de panico. A tua mãe está sentada
tricotando duvidas, acelarando no seu tricotar as águas passadas da vida, da
casa, do matrimónio, da espera de te sentir nascer. Chegas num panico de
perguntas, tomas-te no pulso a existencia, olhas a tua mãe e a sua tristeza,
nem sempre percebeste, talvez porque se previa que irias andar ocupada na
aventura de saltares da tua janela domestica para o mundo. Ajudas-te a tua mãe
a preparar o jantar, dentro da tua cabeça tu tinhas fome de planos e cozinhavas
tudo secretamente. A tua mãe perguntava-te raramente sobre os estudos, a tua
resposta era o mesmo ritual entre o sim e o não, as boas noites e as boas
tardes e depois ambas ficavam caladas como a não querer perturbar algo muito
frágil e muito pessoal. A serra circundava como braços de árvore em volta da
terra, aquelas paisagens, o cheiro frio daquele lugar, as ovelhas melancólicas
e tu e a tua mãe naquela ausencia humana desaguada para a cidade, para o
trabalho nas fábricas, para a vida das crianças nas escolas. Tu desejavas a
cidade e no teu intimo a cidade era um cão que tu chamavas para guardar o
rebanho da tua vida e o levar a outras pastagens do mundo. Tinhas estes
pensamentos enquanto ordenhavas as cabras, o sabor fresco do leite, como se aquele
sabor fosse tão genuino como o primeiro leite da criação. A tua mãe
preparava-te a comida e arrumava-te os livros que o caminho era longo e não
havia transporte... mas tu tinhas fome de espreitar os livros, de escutar a voz
que imaginavas no Constantino guardador de vacas e de sonhos, se fosse possivel
contraias matrimónio com todos os constantinos guardadores de vidas e de
esperanças. Fazias o liceu, a tua vontade era ensinar as crianças, ensinalas
que antes dos livros escritos, são as mãos na terra e o que se descobre na
terra, nos olhos que indagam tudo é que os livros sem o contacto e sem a
experiêcia não nos levam ao florescer. Tu ensinarias no propósito de receber,
partilhar emoções, essas que não conseguias partilhar com a tua mãe. Tu na tua
casa tinhas como refeição para a fome do teu calor o fogo crepitante da
fogueira e a sopa de muitas ervas, de muitas variedades de verde e de roxo.
Aquele calor fazia muita falta na vossa solidão, tu não a tinhas tão forte como
a tua mãe. Depois da morte de teu pai ela não procurara outro homem, somente
num certo dia de Abril, um homem mistura de viajante e de mistico, um poeta, um
absoluto solitário que não tem nada mas que nele tudo se precisa e tudo se
entende. A tua mãe naquele dia tomou para si os braços dele e a boca dele,
sofregamente não quiz perder toda aquela vida, aquela vontade de ver num ser,
no mais pequeno ser o grande universo da sua força de amar e ver o amor. Ela
arrancou á terra, arrancou do corpo dele agudos gemidos, os gemidos dela tão
fortes quebraram o gelo acumulado anos e anos, ela tão nua, nua como os olhos
que se abrem desejou a brutalidade do amor rude, desejou que ele dominasse a
natureza dela, que ele fizesse a jura mais seria, tinha de ser um pacto tão
forte... aquele dia seria a consequencia de muitas decisões, aquele amor de uma
memória dolorosa, também as raizes da terra haviam de guardar e de transformar
aquela sexualidade, como se aquele momento perdurasse. Naquela noite toda a
religião, todo o medo do pecado, o medo e a vergonha que não deixou que antes a
tua mãe se sentisse livre e suja, livre e absoluta, segura de uma verdade tão
próxima da natureza, tão poderosa como os ensinamentos do Deus que a igreja
castrou atravez do poder da sua hierarquia. O grande pecado seria calar o prazer,
seria não aceitar a sua força na força da água que rasga as pedras que entram
como dedos na sua humida vagina. Tu no teu quarto sentias aquela transpiração,
era como se assistisses ao plano da criação, era como se concentrassem nela o
poder de todos os nascimentos. Todos os dias despertavas muito cedo, tratavas
da criação e regavas a terra, depois vinha o Manel carteiro na sua mota e
levava-te até á próxima povoação onde apanhavas o autocarro até ao liceu onde
estudavas. Tu gostavas do estudo da zoologia e da botanica, gostavas de estudar
a natureza como um livro aberto como o céu, cada árvore falava uma linguagem,
cada pássaro tinha uma geografia, os teus colegas tinham outros interesses, tu
estavas mais próxima das coisas que para eles eram coisas comuns, tu gostavas
da terra de um modo que te absorvia, a terra como um ser que caminha, quando os
homens caminham... os outros norteavam a vida na ambição de muito dinheiro, de
muito prestigio, de muito ouro
lobo
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