domingo, 11 de março de 2012

Palavras cuspidas em surdina

Passas a língua sobre o rio que parou de correr
Procuras ávida o que o mar não devorou,
Chagas, amantes ocasionais degradam-se
Nas flores ressequidas que alguém te ofereceu

Sossega o vómito, a luz levanta-se
Das palavras cuspidas em surdina

A dor aperta, amputei as marés dos teus braços,
Da ausência, da timidez dos santos

Na suave ansa do grito espelha-se o lume
Deixemo-nos aquecer nas incuráveis
Preces do inferno antes que arrefeça


Carlos Val

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