sexta-feira, 2 de março de 2012

Hora de partir


São horas de partir.

O sol dobra já as colinas do poente.
Os relógios marcam o tempo de dizer adeus.
Faz as malas e despede-te,
como quem se precipita das inadiáveis alturas
de um solitário pontão.

A casa fervilha de inquietas sombras.
Acendem-se lâmpadas frias no cais cinzento.
Os últimos ventos
dançam na penumbra das camas desfeitas.
É tarde para sonhar.

Azedam as horas no lume brando dos ponteiros.
Rangem dobradiças velhas na ferrugem dos portões
que se abatem sobre as rugas de um fôlego derradeiro.
São horas de partir.

O tempo não espera por ninguém.

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