segunda-feira, 6 de julho de 2009



Chamo-me raiva
E estou grávida
De um grito agudo
Que carrego
Dentro de mim

Foi gerado à força
Numa cópula maldita
Num beco escuro
Entre o fio de uma navalha
E uma parede fria

Hei-de pari-lo
Numa noite destas
Quando voltarem os lobos
E uivarem em coro
A uma lua incandescente

Nesse preciso momento
Algo rasgará o silencio
E ouvir-se-à
Um eco estridente
De um grito medonho
Que galgará
Os muros do crepúsculo
Até ao cabo do infinito...

Devastará cidades
E províncias
Ensurdecerá os vivos
Paralisando-lhes o resto dos sentidos
E ressuscitará os mortos
Que se erguerão dos seus túmulos

Nesse dia
Cumprir-se-à a profecia
De todos os demónios
Que na terra habitam
Há milénios
Disfarçados de homens comuns...

E alguém anunciará a boa-nova
Que ditará os destinos
De um mundo decrépito
Corrompido e moribundo
Mesmo à beirinha do colapso

Nesse dia
Ouvir-se-à
De uma voz cavernosa
Uma só frase

Uma frase curta
E seca...
Nasceu a besta!

Sem comentários: