sexta-feira, 13 de abril de 2012

Miragens e passagens

Vejo o exterior
da desabitada casa
onde dantes a vida permaneceu

Nas cores esbatidas
de suas paredes envelhecidas
se ramificam as tenazes do desmoronamento

Tanto tempo passou
desde a última visita a este lugar
e as memórias são as mesmas

Nada mais de sólido resta
nesta surdez que tudo envolve
perante o ruído do vento que passa

Tantas gerações
aqui depositaram seus alicerces
e inundaram este espaço de alegrias e tristezas

Vejo neste exterior mutilado
o sentido de que nada mais vale
que a coerência connosco e com os outros

E a verdade
é simplesmente o sentido de cada vida
mesmo que a mentira caminhe em paralelo

Restam as imagens
que ocupam a retina
de cada um dos seus passageiros


António MR Martins

1 comentário:

Nanda disse...

António,
A coerência de estilo que é a imagem de marca da sua boa poesia.
Bj
Nanda