sexta-feira, 13 de abril de 2012

HEI-DE SER LEMBRANÇA



















Hei-de um dia ser lembrança
Numa fotografia antiga
Numa tarde que declina
No rosto da menina!
Numa voz amiga.
No grito duma hora
Numa criança que chora
No silêncio dos rios que passam
No desatino do vento
Numa sombra que se liberta
Na renúncia do sofrimento
duma ferida aberta.

Hei-de ser lembrança
No bater do mar
Numa noite preciosa
Numa semente de esperança
Num sorriso, num olhar
No odor duma rosa.

Porque eu sou árvore aqui!
E serei sombra ali...

Fui criança reluzente
P'lo caminho fiz-me gente
Orvalho campestre p'la aurora
Cheguei à idade mofenta sem demora
P'la mão da madrugada
Pela vida cercada.

Serei ausencia, serei lembrança
Serei manhã, serei tarde
Serei criança, musica, flor!
Serei saudade...
De tudo ao meu redor.
Serei um verso vazio,
neve a cair, chuva, frio.
Solidão do campo, flor do laranjal
Poeta rendida... ensurdecida
Mulher do retrato,
mas poeta até ao último acto.
Poesia é em mim, manancial...

natalia nuno
rosafogo

4 comentários:

Bi eL disse...

"Porque eu sou árvore aqui!
E serei sombra ali..."

... e porque és "poeta até ao último acto."

... tens em mim a admiradora de sempre :)

Beijinho e bom fim de semana.

B. Luz

Maria Gomes disse...

Poeta e das boas, gosto muito do que escreves, bem sabes disso, beijinhos amiga.

rosafogo disse...

Minha querida amiga, grata pelas tuas palavras, sabes que te admiro e estimo muito.

Obrigada, beijinho também para ti, já um pouquito atrazado.

rosafogo disse...

Oi Maria, sempre me mimando, qualquer dia fico mesmo convencida, obrigada amiga, tudo bom para ti e para os teus.

Beijinhos