domingo, 7 de dezembro de 2008

Zinabre


Colorido das luzes
questionável ausência
das nódoas sobre as
luzes em agulha
que perfuram virtudes
e silêncios de gestos
sem dono.

O gume das facas
percorrendo as veias
do corpo inerte
solidão de luzes acesas
de brilhos em que
a tua cor é ausente
das viagens que apenas
começamos juntos
e acabam no espaço
da imaginação
mesmo quando estamos
deitados e me perguntas
se podes gritar.

(e)

Ninguém te ouve porque
o Sol me está a bater
nos olhos e sou
apenas mais um cego
dos sentidos
ao sair à rua de
papel na mão
à procura de amarguras
para escrever à
mesa do café, se
estou inundado de mim
e de felicidade
teletransportada nos teus
lábios, seda e cheiro,
hálito de respiração de
hospital, anestesia
nos olhos felizes, vidrados
em dor e exaustão.

Tecidos e mulheres
espreitando, voluptuosidade
flutuante, errante
na crina das
palavras com futuro
onde arrumo sonhos
peregrinos, confessados
sob hesitação, por
entre as dobras dos
lençóis amarrotados
suados, misturados
com vestígios da tua pele
de marfim florido, sépala
da imaginação que
desabrocha no gelo
de olhares lentos e chuvosos
errantes, cristalinos de extâse
e paixão escondida
por entre fumo de tabaco
de estranhos a usar
curativos para tapar feridas
da alma que surge
repentina no timbre
onde murmuro ideias
recortadas, flutuando
à superfície dos teus
movimentos ondulantes
e difíceis, sobre o meu
corpo que te acaricia
por dentro, carnívora
flor branca de espasmos
descontrolados, observados
pela respiração e
cantados em versos
timbrados
proibidos de ler
nas estradas onde líquidos
escorrem por entre sinais
intransitáveis de medos e
perigos que não medimos
porque não sabemos como.

Desabrocha devagar
não sobrevivo às tuas
explosões de carácter
característico e afogamo-nos
nas ansiedades que
dividimos, olhando em silêncio
o vazio.

Paulo Lopes