Quero ler teu segredo…
Me embrenhar em teu livro sem medo…
Minha alma pelo peso de momentos espalmada…
Marca uma qualquer página escondida da tua vida…
Um destino, uma estrada, uma ideia perdida…
Respiro a poeira dos tempos…
Me sento contigo, esqueço meus lamentos…
Ambos perdidos numa multidão de leitores…
Nem nos olham, apenas lêem páginas vazias, sem cores…
Ouço passos na sala…
Um piano toca sozinho, sua música, sem dedos me embala…
Ninguém volta a cabeça, é um pulsar na minha mente…
O bater deste pêndulo que alguém chamou coração…
Relógio antigo sem corda, sem vidro, sem som…
Apenas palavras surgem por minha forte emoção…
Sem respirar levanto-me, afasto a cortina…
Pela janela escapam dois ou três raios...
Que a tua mão suja de tinta ilumina…
São letras, palavras em círculos, sem significado…
Tua alma as baralhou para esconder o pecado…
Preciso fazê-las ganhar o teu, o meu sentido…
Reescrevê-las nas páginas em branco do meu livro perdido…
Mas minha caneta, quase sem tinta…
Que escreveu nele prefácio sem nome…
Contigo aprende a arte daquele que com os dedos um quadro pinta…
Uma imagem duma lareira, de ti, de mim, do nosso lume…
Desenha comigo de olhos fechados…
Quatro mãos entrelaçadas em sintonia…
Neste livro o epílogo de minha fantasia…
Em percorrer teu colo…
Sentir teu calor…
Se necessário sofrimento…
Assim grito ao vento…
Assim clamo por dor…
DARKRAINBOW