De repente era de novo Setembro
e Setembro nem sei bem porquê.
Talvez
porque as chuvas vieram mais cedo
e as lágrimas que eu tinha
continuam salgados
no meu peito em ferida.
Maio passou de fugida
muito subtilmente
tal como as rosas virgens de um amor perdido.
É assim o tempo,
a doer na memória de um Verão livre
ou de um Inverno quente.
A solidão existe onde quer que eu vá
mesmo nas ruas de néon
de uma cidade que invento
minha,
a vontade de que alguém fique comigo
no meu mundo
tão sem cor,
quando te perdi.
Resta-me a memória.
E hoje
o que eu mais queria
era que estivesses aqui.
Ou eu aí.
Para sempre.