sábado, 1 de outubro de 2011

Dança do fogo


Ergo o cálice de sol e bebo a luz que transborda do peito
derretendo a ilha de gelo que o frio teceu nos teus lábios.
Pedra a pedra desvendo a trilha oculta nos teus ombros
cumprindo o ritual de sangue que teus deuses reclamam.
Desço a escadaria que me leva aos teus seios macios
onde a persistência do vento ergueu imponentes dunas
deixando em cada degrau o eco de mil gemidos.
Dou as mãos à fúria dos presságios que te sacodem
com as unhas feridas de acariciar falsas rosas
tateando com o frémito ofegante dos meus dedos
os caminhos proibidos que me levam ao templo escondido.
Mordo-te o ventre incendiado com dentes que roubei a um cego
cavando minha perdição no abismo que te cerca as entranhas.

É hoje que me deixo imolar nas labaredas do teu abraço
para amanhã renascer com asas de homem novo.

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1 comentário:

Gisa disse...

Mortes e renascimentos necessários durante a vida e os amores.
Um grande beijo e bom final de semana