terça-feira, 4 de outubro de 2011

QUE DIA É HOJE QUE JÁ LHE PERDI A CONTA?

(Museu do Chiado - autor ?)

Passam dias e dias …passam anos

Instantes que depressa deixam de ser

Com enganos e desenganos…

Seivas na penumbra a irromper…

A minha mente é uma biblioteca

Em caótica desordem alfabética

Pesada nos dias mais sombrios

Bafienta, desalinhada e hipotética…

Sítios…pessoas…cores e cheiros

Uma bicicleta…uma bola…um jardim

Uma bolsa de tabaco…um isqueiro…

Um busto esbelto de marfim…

Um cão apaixonado e rafeiro…

.

Como conseguir esquecer tudo?

A dissonante babel de sonoridade…

Como conseguir lembrar tudo?

Este caos de diversidade…

.

São gotas de água diluídas

Que se juntam numa poça…

Memórias vastas e poluídas

Filme «noir» que em mim roça…

Livros…casos…palavras…segredos…

Oscilações…entre o real e o onírico

Dia a dia de acaso e justaposição

Com muito de errático e de empírico…

Imagens granuladas de cores desbotadas

Casas de espaços moídos e mofados …

Com portas e janelas assaz afeiçoadas

Poeiras voadoras quentes de afecto

Sem contornos nos olhos cegos pela luz

No caminho de um devoluto sem trajecto…

Out.2011

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