terça-feira, 14 de setembro de 2010

A água subia como as lágrimas dos olhos á cabeça.

A água subia como as lágrimas dos olhos á cabeça. Havia o monstro em figura de homem que planeava aquele homicídio, não acreditava que aquele momento fosse uma alucinação. A minha mãe era a expressão cruel da doçura caminhando ao meu lado como uma nuvem ao lado de um anjo. Que fazia eu ali, o que é que eu tinha tomado? Escondia-me nas igrejas vestido de militar, lia os salmos e as cartas do apostolo Paulo aos Romanos, lia as tuas cartas apaixonadas e obscenas. A água subia no pequeno cubículo da casa de banho, parecia um filme, a imagem do diluvio a repetir-se na minha vida. Aquilo era tudo falso, precisava de felicidade, um tiro nos miolos não bastava para chegar ao paraíso.

LOBO 010

1 comentário:

Nézinha disse...

Muito arrebatadoramente sentido.
Muito bem escrito.
M.