Lá no alto
está pousado um
pardal
atiro-lhe uma
pedrinha
sem o intuito de
acertar
fico assim em
sobressalto
foi só vontade de
atirar
sinto ganas de
rebolar no chão
de dizer parvoíces,
gritar...
meus gestos ficaram
na criança
ainda por lá
estão...
balouço as pernas
pendentes
meus cabelos são
chuva de verão
e meus olhos são
como batentes
em tudo pousam com
sofreguidão
vou buscar os
brinquedos
à casa da avó...
trago-os em segredo
pra não me sentir
só.
o cão preso à
corrente
ao longe o uivo da
locomotiva
e eu sinto-me gente
sinto-me viva!
o que me falta está
ausente
meu pai e minha mãe
e minha avó também
corajosamente,
prossigo sozinha
levo sonhos
nas mãos nodosas
e a criança em mim
adormece
sente falta das
mãos carinhosas
deita a cabeça
sobre um pedaço de
bolo
mas que sonho tão
tolo!
atrás duma cortina
de cores desbotadas
me vejo menina
de faces coradas
faço o caminho de
regresso,
sem interesse
ah...se eu pudesse
lá ficar
se pudesse!
lá no alto continua
pousado o pardal
e a lua
e eu criança sei
quando faço
algo mal,
prometo não atirar
mais pedrinha
deixem-me ficar
por favor, nesta
infância minha
natalia nuno
rosafogo
2 comentários:
Sonho nostalgico de quando crianca... peraltices de uma crianca que soube viver sua infancia. Coisa rara hoje em dia. Parabens poeta, seu blog é muito bom!
Grata estimada amiga.
tudo bom para si.
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