quarta-feira, 10 de outubro de 2012

a barca do sonho


hoje recolho-me com a lua
olho-me mais uma vez
no espelho das águas
e pergunto ao barqueiro
onde deixou minhas mágoas
e meu coração desgarrado,
volvendo assim olvidado...?

ah!...meu rosto não tem nada
de excepcional,
mas a saudade ao olhar-me,
faz-me mal,
há quem diga
que a face já foi beldade,
hoje resta a saudade,

da frescura e mel da minha boca,
do coração á flor do peito,
nardo a florescer...idade louca,
canteiro de amor perfeito
resta a saudade, até dos cardos
do caminho
do sol ardente,
da sombra dolente,
hoje sou o reflexo de alguém
na tarde que vai morrendo
e a noite aí vem...

hoje sou como a voz do sino
que ecoa peregrino
como se lhe sobejasse a dor,
ou serei sangue sem côr?
serei silêncio ou rumor?

trago a voz adormecida
depois de tão largo tempo
e minha carne que era florida
adormece sem lamento
Mas eu sei!
que já tive o que não mais terei,

aquieto o cansaço dos dedos
hoje me recolho com a lua
esqueço o sabor amargo
e os medos
e minha alma se apazigua.

natalia nuno
rosafogo


2 comentários:

Anónimo disse...

Preciosa Poesía, mirándose a través del Espejo del Agua y del Tiempo.
Un abrazo.

orvalhos poesia disse...

Fico grata amigo Pedro e feliz com seu apreço.

Meu abraço e bom fim de semana