segunda-feira, 17 de maio de 2010

- Truz, truz
- Entre
- Olá chamo-me Valkiria, escrevo versos e gostava de publicar um livro. Trago umas coisas.
- Deixe-me ver... os falsos imortais.
- Não, os imorais
- Minha cara Senhora isto é uma editora, não é uma fabrica de colchões, de qualquer forma posso falar com o meu primo, ele precisa de alguém com experiência na área do empilhamento.
- Mas eu sou uma poetisa, já ganhei o campeonato da rima aleijada.
- Estou a ver, acho que o meu primo a vai contratar
- Contratar-me?!
- Imagine esta publicidade. " rimas Valkiria enchem colchões de Portugal á Síria.

Valkiria tira um lenço branco da malinha de mão e sai a chorar do escritório do famoso editor ex errado de vinho. Não perca o próximo capitulo em que Valkiria planeia matar José Saramagro, autor do livro o memorial do emagrecimento.

Lobo 010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

As asas cortam como facas

As asas cortam como facas,sobrevoam o silencio das palavras olhares magros e incertos dos que caminham no vento. As asas cortam como facas as almas angustiadas dos que não arriscam qualquer destino, dos que preferem ficar para morrer. As asas não deixam adormecer e o ceu pode cegar erguer os braços, repirar beber o perfume gasto do mundo. As asas cortam como facas talvez os sonhos e quem sabe as mãos que na terra são como árvores . lobo 010

domingo, 4 de abril de 2010

Não te creio Senhor!?

Dei o meu corpo
ás tuas raízes…
Senhor
e também dei a alma
que te entrego fiel!
…doei-te o meu existir
nu a teu olhos
abro os braços febris,
abro o peito ao fogo que me habita,
e o sentir dilata-se
cresce, nos fios do teu lar
ou nas contracções dum sol
escorrendo sem rumo,
na vertente da face
onde separo a vida
…onde a fé é um eco
deste mundo em sangue…
Não te creio, Senhor!
…e sei que morro!
sabem as veias,
o acordar diurno das fogueira
…e sobe a solidão
na penumbra nocturna
cavada em restos de luar…
Não me sinto profeta!
Não o sou, sei-o!
não possuo no ventre
o ritual dos sábios
ou as encéfalos sem pele
dos mensageiros do céu!
…mas não te creio, não!
Senhor
agora os homens cantam,
e canto com eles
entoações cinzentas duma espera inútil
ao câmbio do tempo!
…Não! Não te creio!
suprimo à mente
a imagem do teu templo
recolho da razão íntima
todo o cepticismo,
que a certeza decifra
na própria incerteza!
Creio no irreal
no vazio indefinido do absurdo…
Na paz!
Busco-a no meu espaço,
mas não a tua paz
onde os deuses se enlaçam
e se abandona o real!
Senhor!
sim creio na paz
na que oculto no útero
com o fulgor bravio
do silêncio que invento,
lanço à tua silhueta
o meu discreto desafio!
Não, Senhor Deus
não te creio…
Contudo
invoco-te confuso
da certeza do teu existir!
desconheço-te!
…sabes o meu nome
…eu sei a distância
pelo tempo fora…

quarta-feira, 31 de março de 2010

Como umas asas na imaginação

Há um momento em que os dedos dos homens
parecem como bichos
quando os olhos deixam de chorar
á espera que o mar
guarde todos os amigos para consolar.

Há um momento em que a cidade
fica mais fantasma
quando perdemos a alma
como perdemos a noite
quando perdemos os olhos
porque não podemos recordar.

Há um momento em que os dedos dos homens parecem como bichos
em que as pernas já não conseguem andar
nem a boca falar
porque é dificil descrever a tristeza
que nos invade quando se pensa que
a vida fica tarde quando não bate o coração.


Há um momento que é facil
e parece dificil
quando é só começar

como umas asas na imaginação.

Há um momento em que os dedos dos homens parecem como bichos
em que o pensamento está doente e é dificil acreditar.

Há um momento que é facil
e parece dificil
quando é só começar
como umas asas na imaginação.

Lobo 010

Na penumbra do vácuo

São tão vazios os dias
Na penumbra do vácuo
O vento canta lá fora
Leva com ele folhas
Para o cume dos telhados

As nuvens choram
Em prantos húmidos
Nas costas do sol
A nostalgia vagueia
Pelas paredes brancas

O lume nos vidros
Crepita sonhos…

Utopias de gente que sente
Com medo dos gritos…

Voam nos planaltos aromas da terra
Buracos profundos
Que o espírito espanta
Na dor de não saber calar…

As árvores pintam o verde
Em branca flor…
O Inverno acena um adeus
Mas a Primavera
Teima em não chegar…

E será somente
Um dia vazio de Verão…

Ana Coelho



domingo, 21 de março de 2010



Trago nas mãos suaves

as cores singelas

as que iluminam

os dias mornos

da primavera.



sim!Aquelas!



as cores que me embalam

meus sonhos

de criança

aquelas

que me guiam

nas veredas

errantes.



Sim!Aquelas!



Novos odores

sentidos em alerta

Ah! corpo maduro

que já não teme

a descoberta.



Sim! Aquelas!



Primaveras nas telas da pintura

palavras suaves e profundas

na alma de um poeta.

Ah! E sou eu

aqui debaixo deste sol

ameno da estação mais bela

compondo com palavras

os meus sonhos

nesta tela.

sexta-feira, 19 de março de 2010

xô, xô, o palco agora é meu - Outros textos - Poemas e Cartas - Luso-Poemas

xô, xô, o palco agora é meu - Outros textos - Poemas e Cartas - Luso-Poemas

Provérbios


"Em Terra de Cegos, Quem Tem um Olho, é Rei"


Vivia estigmatizado por certos olhares, conscientes de que haveria algures, um reinado capaz de ser eloquente, ao ponto de o aceitar e de o fazer acreditar, que o novo é sempre o novo, mesmo que as luzes se encontrem dispersas num movimento inconstante.

No entanto, eram simplesmente novas vistas de um mundo prestes a cair no vazio.

Tal como a magnitude de um cometa , que rasgando os céus, se encontra numa posição privilegiada em relação aos seus congéneres, estaremos sempre em forma, não fôssemos nós um composto e várias espécies, acompanhando a frota designada por um calibre máximo de objectivos mortos.Há tempos mortos, que marcam num reino de cegos, a centelha viva que abrirá caminhos para o mundo dos vivos, mas nesse reino, só um cego poderá valer a quem quiser ter só um olho, sem se sentir perdido, por não saber ao certo, do reinado fantástico deste mundo, envolto em fantasia. Só assim poderá aceder à terra dos mortos-vivos, porque aí, quem tem um olho é rei da noite para o dia. Criou-se para o efeito, uma ilha que está aberta a quem quiser entrar. As palas serão oferecidas à entrada, e as entradas são gratuitas.

Que se dê então, início ao espectáculo!


sexta-feira, 12 de março de 2010

Deixar os olhos pousados nas estradas

Ter olhos gastos ou deixar os olhos pousados nas estradas. Já não há peregrinos que caminhem nos dias. O sabor dos frutos na lingua de quem navega, navegamos nas palavras quando as perdemos do corpo para a mesa das tabernas.

Ter os olhos gastos ou deixar os olhos vestidos nos gestos dos que se desencontram. Sabemos que os sabios se desencontram dos livros. Ter os olhos gastos ou deixar os olhos pousados nas estradas. Gostaria que me guiasses, o silencio das mãos no grito da terra.

Ter os olhos gastos ou deixar os olhos prostrados nas estradas.

Lobo 010

segunda-feira, 8 de março de 2010

O meu voo

Não encontro palavras,
No brotar de um poema,
Nem o verso que conjuga alvorada,
Nem o grito denso que abre as janelas,
Da conjugação das estrelas
Que acendem a minha noite.
Recolho o olhar do voo de uma borboleta,
Deitando-me na pedra esculpida
Esperando um novo amanhecer,
Contando os traços dos filamentos do gesto.
No silêncio esperei,
Que o vento inspirasse em segredo,
Guardando no templo do meu peito,
O eterno cântico dos sonhos
Da poesia que corre em mim.
Neste casulo,
As águas rompem no rosto,
Entoando letras tecidas nas mãos
Nascendo sílabas que a boca prenuncia,
Na espuma do ventre
Deste desejo de voar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O amor arde em mim

Em ti,
Existe o fogo do Verão,
Onde cintilam os meus versos,
Respirando a brisa nua,
No encontro do olhar.
Trazes o sonho,
Que preenche o meu chão,
Onde movimento o meu sangue,
Na chama o florir do meu espírito.
Em tua face,
Sinto o vento a soprar meu coração,
Sufocando o silêncio do toque
Abrindo as nossas mãos
E voar no infinito do céu.
O nosso beijo,
O encontro do desejo,
Colando os pedaços do tempo,
Partículas do halo das searas
Estremecendo as águas
Do paraíso do nosso mar.
Eu meu amor,
Na comunhão plena,
Fui feito para te amar
Amar-te mais e mais
Deslizando na curva quente de teu dorso
E assim morrer por Ti.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sonhei ser lágrima

Esculpi em mim
numa só camada de dor,
a lágrima que sonhei ser,
na terra fértil,
dum só rio único
descendo na intimidade
da raiz que cresce.

Improvisei os contornos
com traços de cimento,
à distância dum tempo
concedo a existência
ao inconcreto real
daquilo que sou!
…e todo o corpo liquido
são ossos da língua
que o sonho sustenta
em ruínas de asfalto
…onde o sangue chora
submerso no vazio diário!...

E sou fragor de mim
nas horas que se perdem,
em rios de Outono
como murmúrios amargos
na ausência da razão…

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Fico a pensar de mais
nas coisas que magoam
olho a rua e vejo os barcos no cais
que guardam as palvras
que não consigo dizer mais.

Sei dos velhos abandonados nos hospitais
de alguem pronunciando
os enganos da vida
quando o amor parece
uma causa perdida.

Sei da fome atrás dos muros e
dos livros escuros

da escola
e sei dos crimes e das prisões
da mentira que nos redime
no noticiário das televisões.

Fico a pensar...

lobo 010

Balada dos amantes

Fios leves na sementeira,
Verso que se revolta no poema,
Boca que saboreia o beijo,
Do local onde te vejo, perco-me
Bebendo do sentimento.
Encho o tempo com as horas,
Penetrando na sombra com meus passos
Sentindo o meu desejo em teu ventre
Não conheço a solidão a teu lado,
Mas morro quando não te tenho!!!
Abraço o mar…
Onde a flor da amendoeira,
Desvenda o seu mistério
Acordando as palavras em seu leito,
Onde suspiram os poetas.
Pedes-me todos os momentos,
Todos os ventos,
Em todos os lugares…
As tuas mãos trazem segredos
Do perfume do meu cais
Onde desaguam ondas de amor.
Solta-se a paixão…
O fogo da carne acende labaredas,
Ama-se no chão,
Contra as paredes,
Os olhares cúmplices dos amantes
Feitos de lágrimas em desejo,
Onde deixas em mim, tanto de ti.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Faltas-me

continuo a perguntar por ti ao tempo.



haverá ainda tempo e aquela nossa brisa
que se ria para nós quando nos abraçávamos?

gostava de ser outra pessoa para assim
não permanecer na calçada deste beco sem saída.

permaneço acorrentado.
agarrado às paredes e amarrotado por dentro.

faltas-me na vida,
concluo agora tarde, será?

17 de Fevereiro de 2010

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

NUANCES de Um Silêncio a Dois




Nuances...De um Silêncio a Dois (O LIVRO)


Um livro que tem como ponto de partida, a poesia a duas mãos, Ana Coelho e José Antunes
O evento irá realizar-se no dia 20 de Fevereiro próximo, e conta com o apoio da Câmara Municipal do Alenquer.
Esta apresentação está inserida na Feira do Livro a decorrer no Fórum Romeira em Alenquer, local onde será realizado o evento.
A organização do evento estará a cargo da editora "EDITA-ME" que contará com alguns momentos musicais e com as crianças presentes, irão ser desenvolvidas actividades pedagógicas por animadoras socioculturais, que estarão sob orientação de Cátia Costa.
Gostaríamos de poder contar com a Vossa presença.

Partilhamos convosco partes do prefácio escrito pelo Prof. Arlindo Mota

PREFÁCIOAna coelho e José Antunes: entre nuances, sonhos e cumplicidades

Ana Coelho e José Antunes, são dois autores com uma envolvente e genuína pulsão pela poesia. Na escrita e nos gestos, que de gestos também se constrói a poesia. Buscam com paixão e rigor o segredo das palavras, que renovam sem cessar. Parcimoniosos na utilização de metáforas, optam claramente por não assentar na metrificação clássica, salvo uma ou outra incursão, num ou noutro poema.Conhecedores da herança lírica portuguesa, não se confinam ao formalismo e abordam a linguagem com criatividade, onde os temas do amor estão abundantemente presentes, mas também o psicológico e o social (sem cair no realismo) não são esquecidos e isso revela-se ao longo de todo do livro. A sua poesia, seguindo a moderna estética, constitui a verdade de um mundo sentido por uma subjectividade; o que ela diz é um mundo para o homem, um mundo visto de dentro, mundo singular e inimitável a que só o sentimento dará acesso. Falei até agora dos autores como se fossem apenas um: eles de alguma forma a isso nos conduzem, porque se apresentam juntos, face a se face, porque o livro constitui para eles a sagração dessa comunhão. Mas, em boa verdade, se muitos traços os identificam, outros os distinguem. Ana Coelho navega mais suavemente nas palavras, é, de algum modo, o lado assumidamente feminino do livro; José Antunes, de escrita comedida, apresenta mais arestas na leitura e na interpretação da sua simbologia. Comum aos dois, a contenção vocabular e arredia da adjectivação excessiva, que torna a sua poesia rigorosa e límpida, dotada de uma invejável coerência interna.O livro, por sua opção, apresenta-se dividido em cinco capítulos: “Momentos”; “Trincheiras de Sonho”; “Distâncias”; “Lampejos”; “Cumplicidades”.

Janeiro de 2010
Arlindo Mota

(Convite enviado pelos autores e amigos Ana e José. Conto convosco)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Rastreio

Rastreio da segurança
empolgou os sentidos,
convidando à festança
no aliviar dos pruridos.

Lógica do bem sentir
no meio da amargura,
sortilégio do partir,
sentindo alta ternura.

Brandos foram os embates
dos actos assumidos,
pelo rigor dos cumpridos.

Rescaldo de outros debates,
mesmo dos descabidos,
mas, por ora, permitidos!...



António MR Martins

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O silêncio do poema

Quem te disse que a palavra mata,
Que embebeda a alma,
Adoçando a boca…
Que solta beijos sem asas,
Entre um mar de chamas dos amantes.
Quem te disse que em teu corpo nu,
Bailavam faluas ao vento
Ancoradas em teu seios,
Flutuando seduções no silêncio de um gesto.
Quem te disse…
Que os anjos cantam nas estrelas imponentes,
E que a espada rasga a dor de uma lágrima,
Entre o orgasmo vestido em flor,
No deserto de um poema…
Que jaz no papel esquecido pelo pó do tempo.
Quem te disse que a pétala acende o olhar,
E do ventre nasce o ensejo do infinito,
Consumindo a memória da voz,
Na lembrança de uma ave
Afagando a face num horizonte desconhecido.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Outro mar.



Hoje a incerteza bateu à porta
trazia no bolso
os dias cinzentos de inverno
beijou-me a face
com os lábios frios.
e eu...
vestida de ansiedade
mandei-a embora
fechei a porta
dei um pontapé na tristeza
fixei os raios de sol
nas frinchas da janela
fios de esperança
que me cegaram o olhar
e eu..
esqueci-me do presente
voei nas asas do sonho
miragem de um outro
mar.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Biografia

Esculpi na pedra o meu perfil,
Sou raiz do nada,
Vácuo sem saída,
Vago rodopio no suor frio da madrugada.
A vida sobe as escadas do meu ser,
Perguntando em cada piso…
Estás bem meu bom amigo?
Respondo no imediato - A envelhecer…
Enruga o meu rosto,
Negando-se ao infinito,
Despindo a minha mortalha,
Aos meus olhos…
Já não sou menino.
Tempestades de tormento inútil,
Nas horas cansadas, lentas em silêncio…
Que passam por mim,
Passam, passam… Sem as poder agarrar,
Hão-de perder-se num voo sem asas,
Desfolhando as estrelas à noitinha.
Nos bocejos do drama que acendo,
Vibram luzes dispersas em meus versos,
Iluminando o mordaz recanto onde me deito,
Não há vertigens nesta viagem,
Nem barcos ao largo do cais.
Fui ritmo, fui riso…
Fui lágrimas,
Fui história escrita sem palavras,
Fui fé em mortal pecado,
Fui o que afinal ainda sou…
Mas quem sou eu afinal?
Eu só Eu e nada mais.