domingo, 24 de agosto de 2014

Para que a morte não possa chegar mais cedo


As palavras atravessam o carril branco da folha
para poderem chegar ao lugar dos comboios
que desconhecem as linhas do seu destino.
É aqui que os labirintos se abrem à febre da lonjura
e a viagem resvala para a escuridão dos túneis
onde a próxima estação é a vertigem do silêncio.

As palavras avançam por dentro do frio noturno
traçando um rasto de fumaça e gritos descarrilados.
Sílaba a sílaba escoam nos relógios de areia
à procura da geometria que reequilibre a paisagem.
Mas só o poema conhece os caminhos da manhã.
A luz que se acende no interior dos atalhos
para que a morte não possa chegar mais cedo
nem desvende o mistério que nos guarda o rosto.

3 comentários:

mfc disse...

As palavras... sempre as palavras que tudo transmitem!
Belo.

Um abraço.

Edith Lobato disse...

As palavras revelam o eu mais oculto e por elas podemos atravessar fronteiras inimagináveis. Adorei. Linda semana. Bjs

Irene Alves disse...

Através das palavras fala-se
de sentimentos.Gostei.
Bj.
Irene Alves