sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Nas teias do teu rasto
Procuro um rosto na multidão.
Uma luz que alumie as trevas.
Alguém que conheci noutras eras
mas de quem já não recordo o nome.
Procuro na margem dos rios
atento ao murmúrio das águas
e nos desolados caminhos de pedra
onde febril me perdi
sem encontrar sinal de ti.
Vim de muito longe.
Onde o fim da noite pulsa
nos confins profundos de uma vertigem
à deriva nos oceanos do tempo.
Já cruzei mil caminhos,
atravessei céus de luz e escuridão
esgravatando a imensidão do vazio
sem sequer cheirar teu perfume
ou o vulto da tua sombra fugidia.
Uma vida inteira não bastou
para achar as pegadas do teu rasto
afundadas nas ruínas chuvosas do pó
e nas rugas arrefecidas dos milénios.
Talvez não passes de uma ilusão
que o vento murmura à noite nos muros;
esboço inútil que rabisco
nos sonhos cegos que alimentam
a névoa triste da minha passagem.
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1 comentário:
O céu ilumina-se de mil estrelas
E o teu poema tem o brilho delas.
É lindo, fico sem palavras, com sinceridade dos mais belos que li.
Beijo Runa
da amiga
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