Trago uma mão cheia de verdade
Faço dela o farol dos meus dias
Na alma um sol de alegrias
Caminho que me leva à liberdade
Desconheço o conceito de mentira
Creio que é apenas ilusão
Nunca me movi pela ambição
Nem vou me abalar por quem me fira
Não me cabem juízos de valores
Nem pretensos falsos moralismos
O bem é a luz universal
A verdade não é coisa de doutores
É abrangente e não tem preciosismos
Já a ilusão é o sinónimo do mal
sábado, 29 de dezembro de 2012
sábado, 22 de dezembro de 2012
Por Um Pedaço De Terra III
O rodopio forte da ventania
fez desaparecer na atmosfera
as letras do poeta
de seguida ...
a chuva ! implacável !
um caminhante
que por ali passava
sentiu-se loucamente embriagado
pelo cheiro irresistível
da terra húmida
e com um largo sorriso no rosto
clamou :
- este é um bom chão
para semear poemas .
Luíz Sommerville Junior , 221220120023
Nota : será reeditado com uma ligeira modificação , pois esqueci de colocar o primeiro
verso e de acrescentar um outro, de qualquer das formas, mantenho o texto , por enquanto,
sem acrescentar a frase em falta que é o seguinte: Neste lugar sem paternidade .
Para todos : Admin, colaboradores, autores e leitores, votos de continuação de Festas Felizes e de Ano Bom de 2013 . Fiquem bem .
261220121705
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poesias
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Ilimitadas sensações
Nessa pele, remendada de
carícias amorfas, onde se enrugam as esperas consumadas. Nesse condimento
revelado pelas intenções omitidas em ânsias de tanta espera. Nesse subtil corpo
decorado pelo rubor de uma qualquer cereja, estendida na plenitude de toda a
contemplação. Nesses poros sequiosos, onde manobram as glândulas de toda a
exposta sensualidade em metamorfoses de movimentos inesperados, mas
determinantes. Nesse perjúrio revoltante cintila a luz de todo o fragor,
regurgitado pela adjacente exteriorização. Nesse todo clamam as fontes das
águas onde prima a clarificação do teu ser. Torna-se inebriante esse expoente
sem mácula e o sagaz efeito de tanto desejo. Há prazeres que as palavras não
conseguem justificar, nem sequer enunciar.
António MR Martins
sábado, 15 de dezembro de 2012
Encontro de amantes
No
largo se encontraram
Numa
manhã de domingoEncontro premeditado
Por entre a multidão
Que despercebida
Ali os deixou sós
Questionaram
seu anseio
Por
entre seus quentes corposAlheios à sua paixão
Que a tanto respondeu
Ruídos
vaguearam
Nas
pedras daquele chãoE a voz que vinha da gente
Fez silêncio para eles
Deram-se
nas suas mãos
E
sorriram-se loucamenteNum abraçar que tanto aperta
Enquanto o sol se despedia
À chegada da nova lua
Naquela praça já deserta
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Lá fora
A profundidade é algo que não tem fundo, sendo que todos os fundos são a espera até que se defina em qual deles se quer despejar todas as vontades de se ser uno ou por vontade própria, indivisível numa multiplicidade de formas. A grandiosidade está na forma como nos despimos e nos vestimos para algo que desconhecemos, mas sabemos existir na forma mais grandiosa, mas que não se vê. Eu tento abrir os olhos para essa grandiosidade mas quanto mais os abro, mais eles se fecham para que a veja cá dentro e não lá fora. La fora estão os gestos corrompidos e amaldiçoados por todos os olhares que se esforçam por multiplicar-se, não sem antes se fecharem para a verdade residual e plena que existe desde que o mundo é mundo, ainda mesmo antes de dele sabermos.
Lá fora é o mundo a querer endireitar o mundo,
é a vida que corre,
é a dor que se encolhe,
é a felicidade pintada de fresco nos rostos que passam,
é o amor desenhado nas paredes de betão,
é o desamor pela falta de pão,
é a verdade que se cruza com a mentira em cada esquina,
é a perfeição catalogada nas mãos estendidas,
é a desordem natural dos mais crentes
é a crença na desordem natural,
é naturalmente a ordem inscrita na desordem também natural
Lá fora está tudo o que compõe um belo quadro, enquadrando tudo o que é uno e por si só se desintegra no espaço que o próprio espaço criou
é a metafísica existente,
é o lado obscuro da mente,
e a mente disfarçada de forma eloquente,
é o negro e o escuro,
é a noite e o dia....
Lá fora está tudo menos a vontade de ser feliz, porque é cá dentro a morada onde todos os fogos ardem e se consomem, onde todos os amores se conhecem e se fundem num só.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
sonhando de novo...
estendo a manteiga,
numa fatia de pão
faço chá, com casca de limão,
os pedaços de pão que levo à boca,
são coisa pouca...
tão pequenos quanto eu.
meu rosto reflecte vários
sentimentos,
estou no céu...no meu céu!
tendo esta saudade presente
de quando era dez réis de gente.
extasio-me diante das brasas
da lareira,
o fumo provoca cegueira,
os olhos fazem arder!
dou uma olhadela ao relógio
e relaxo com prazer...
que quadro realista,
voltar à antiga cozinha...
por mais que o sonho insista
não regresso sem ver os parentes,
que por ora estão ausentes,
irei à horta das traseiras,
onde passei manhãs inteiras
a ver crescer os gerâneos
e as margaridas,
curarei da saudade
e suas feridas.
exala um aroma fresco e amargo
da folhagem que sussurra,
e meu sonho não largo,
sem uma ponta de amargura.
na saboneteira
resta ainda um pouco de sabão,
o santo na cómoda carunchosa
e é tanto o amor
que meu coração,
fica pregado ao chão...
as vidraças têm os caixilhos negros,
já não ouvem minha voz, nem minhas
aventuras,
já não lhes conto segredos...
por preço algum deixaria de sonhar,
meu rosto fresco e são
cantarolando baixinho,
neste meu amado cantinho
que bela recordação...
Impossível melhor coisa p'ra lembrar..
natalia nuno
rosafogo
imagem da net
A tez branca da nudez
Contorce-se -nos os corpos em vultos vivos
na manhã que nos espia arregalada de espanto
na manhã que nos espia arregalada de espanto
e em lençóis vadios, acaricia-mo-nos delirantes
no vaivém sedento dos corpos, blasfémicos
As mãos percorrem a tez branca da nudez
em soluços trémulos, deliram insaciáveis
nos corpos orvalhados de rubra avidez
As bocas devoram-se em saborosas iguarias
desejos acre-doces de exímias poesias
em desnudas bússolas de mapas corporais
desbravam livres tesouros ancestrais.
E o tempo dá-nos o tempo de ser tempo
num momento do tempo sem nada mais
os corpos saboreiam o bónus do destino
num caminhar fugaz de simples peregrino
Escrito a 04/11/12
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
O vão do poeta
Com a minha voz d’ emoção
Eu canto com liberdade
Os versos desta canção
Como o fado da saudade
Que tenho na minha mão.
Com a minha pena em ação
Eu faço com a lealdade
A rima do meu refrão
Com efeitos d’ amizade
Que trago no coração.
Com a minha vida ou não
Eu faço com a vaidade
Mil gestos d’ ilusão
Castrados e sem verdade
Por tudo aquilo que são.
Com a minha poesia então
Eu toco tudo à vontade
Em momentos de tensão
Já cansados pela idade
Não sabem por onde vão.
E o vão do poeta em questão
Só escreve aquilo que sabe.
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Lar de idosos
Um sótão de eternas velharias
guarda uma paisagem virada do avesso
as cores exíguas de uma sina exilada
sem porta nem janelas
por onde a claridade possa respirar
A aranha cerca os cantos da casa
corroendo a geometria das paredes
lado a lado com a poeira empilhada
onde numa lenta insónia colige
suas teias de fio de baba e alabastro
Sombras de uma luz esvaída
na intimidade oxidada da ruína
flores secas mirram à ponta da mesa
sobre a toalha enrugada
numa jarra branca de porcelana
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Árias do vento
tanto tempo vazio e mudo
nesta tarde formosa de estio,
árias dos ventos escuto
como se fossem meus dedos
a executa-las em cadência,
sonoridade de gotas de orvalho,
múrmurios de paz ao ouvido,
ecos de saudade
que fazem a vida ter sentido...
os sorrisos confundem-se com
as lágrimas
e a felicidade com raio de sol,
a tristeza com chuva matinal
e tudo vai na paz do Senhor,
enquanto não chega o final...
folhas levadas pela corrente,
flores de laranjeira lembrando
noivado...
e o céu um grande toldo azul,
bordado...
uvas maduras, longas parras,
meu olhar é de curiosidade!
só tu, saudade, me agarras
neste sonho de saudade!
e o vento canta notas que ninguém
lhe ensinou,
e diz tanta coisa ao coração,
tanto prazer ao ouvido,
ecos de saudade
que fazem a vida ter sentido.
nesta tarde distraída e fria
surge o negro no horizonte,
acabou o estio, o sonho, o dia
ficou minha esperança a monte,
meu coração, pássaro que tenta
voar,
ou bola de neve pronta a desfazer
à falta de amor que o possa suster.
o vento é companheiro vivo
da minha solidão,
e diz-me tanta coisa ao coração,
tanto prazer ao ouvido,
ecos de saudade
que fazem a vida ter sentido...
natalia nuno
rosafogo
A foz do fim do dia
Pôs-se o sol quase ao fim do dia
E sereno o tempo se calava
Pusera-se a noite a cantar
O sonho que à muito trazia
No silêncio que em mim pairava
Viera a trote e sem parar
A onde já nada bulia
E por fim o dia que deixava
De ser na noite que rompia
Em gritos mudos a minha voz
Com a arte modesta e nobre
Como um refugio do povo a sós
E nas garras de quem é pobre
Que em luta anda por nós
E não há grito que ocorre
Para chegar com o ar feroz
É mais uma brisa que já corre
Pela corrente nua do dia para a foz.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Estou presa na bestialidade
Foto: Clarisse Silva |
Estou presa na bestialidade
Surpresa com a infantilidade
De uma inteireza com a idade
Na certeza da futura realidade.
É ridícula mais uma vírgula
Sou dois pontos à espera
De uma lista que não se iniciou
Um ponto final que se afastou.
Inteira é marca certeira
Parca em espaço preenchido
Baço o presente tido.
Eis o futuro detido
Num presente ausente
De um passado indiferente.
Clarisse Silva
27 de Outubro de 2011
Tu vieste cobrir-me de palavras nuas
Tu vieste cobrir-me de palavras nuas
trajei-me de luar, apaguei as estrelas
deliciei-me no teu corpo…sôfrega
provando o desejo, descaradamente nua
e em orgasmos vítreos, fiz-me tua
Tu vieste cobrir-me de palavras nuas
estremeci no areal em seiva pura
e aspergi a noite de sublime loucura
Tu vieste cobrir-me de palavras nuas
o desejo morreu asfixiado de beijos
e em delírios palatais gemi solfejos
Ah! Tu vieste cobrir-me de palavras nuas
e o meu olhar projectou a cor tingida da lua
Escrito a 20/10/12
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
um sonho apenas
Lá no alto
está pousado um
pardal
atiro-lhe uma
pedrinha
sem o intuito de
acertar
fico assim em
sobressalto
foi só vontade de
atirar
sinto ganas de
rebolar no chão
de dizer parvoíces,
gritar...
meus gestos ficaram
na criança
ainda por lá
estão...
balouço as pernas
pendentes
meus cabelos são
chuva de verão
e meus olhos são
como batentes
em tudo pousam com
sofreguidão
vou buscar os
brinquedos
à casa da avó...
trago-os em segredo
pra não me sentir
só.
o cão preso à
corrente
ao longe o uivo da
locomotiva
e eu sinto-me gente
sinto-me viva!
o que me falta está
ausente
meu pai e minha mãe
e minha avó também
corajosamente,
prossigo sozinha
levo sonhos
nas mãos nodosas
e a criança em mim
adormece
sente falta das
mãos carinhosas
deita a cabeça
sobre um pedaço de
bolo
mas que sonho tão
tolo!
atrás duma cortina
de cores desbotadas
me vejo menina
de faces coradas
faço o caminho de
regresso,
sem interesse
ah...se eu pudesse
lá ficar
se pudesse!
lá no alto continua
pousado o pardal
e a lua
e eu criança sei
quando faço
algo mal,
prometo não atirar
mais pedrinha
deixem-me ficar
por favor, nesta
infância minha
natalia nuno
rosafogosábado, 20 de outubro de 2012
Refrescar da alma
Intervalo
os meus receios
onde
escondo um sorrisoestabelecendo os meios
para tudo o que preciso
me
inundas de fragrâncias
sensibilidade
sem apelopelas leves ondulâncias
que enfeitam o teu cabelo
o
teu aroma benfazejo
me
envolve em novas rotasentre tanto e mais desejo
se
esquecem tantas derrotas
quando
me dás outro beijoe alegre me amarrotas
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
A Chuva
A chuva é agora o pranto de todos os rostos
E que bebo como quando bebia de todos os aromas primaveris
A chuva cai lá fora
E tu, colhes uma a uma, as folhas caídas no outono dos teus passos ainda verdes
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Cada vez que assomo à janela e o vento bate assim
?
Cada vez que assomo
à janela e o vento bate assim
[fresco na cara
Ah, sinto o meu
mundo todo estremecer, sinto um arrepio
[no corpo inteiro.
Das savanas de
África aos néones de Tóquio
Tudo me diz quem
sou e que o meu lugar é aqui.
Aquilo que sei de
mim e do mundo, é porque não fui, indo
[porque nunca me
esqueci.
Apesar de todas as
viagens
Nunca chego a
esquecer a transparência do que me leva
E as viagens são
como o vento que bate fresco na cara
As partidas
espontâneas, os percursos com todos os seus tesouros
Os regressos onde o
pó do caminho se torna origem de novo
Mas, cada vez que
assomo à janela, é sempre aqui que me encontro
Que estremeço e
tenho esta certeza de fazer parte de tudo.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Julgamentos
Julgamentos
Actos
julgadores
De supostos
Mensageiros de
Deus
Querendo-O
substituir
Sentam-se em
altas poltronas
Ditando as
suas leis
Aos
abnegados fiéis.
Fiéis da
igreja
Que despeja
Sobre sua
alçada
Adornadas
palavras
E ficam por
aí…
A teoria
Apodrecida
Acabará
Desaparecida!
A teoria
Sem
seguimento
É como
prática
Sem
fundamento.
Clarisse Silva
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Ah tempo maldito que me invade
Tenho saudades de mim, das palavras que brotavam apaixonadas
dos meus dedos, em versos embriagados de paixão, lavra incandescente saída abrupta
do coração.
Tenho saudades da suavidade do mar banhando a avidez salvagem
da minha pele, feito poema
O tempo decorre manso, insólito, perpendicular às linhas do
meu corpo ressequido…
A mente vagueia abstracta por entre as paisagens vivas que se
mexem no meu olhar, sem o fulgor de antes, num perigoso desinteresse
existencial.
Nas noites quentes, os sonhos desapropriados se repetem no cérebro,
desconexos.
O desenrolar de situações rotineiras engorda o corpo de inercias desconcertantes. É um tempo desconhecido, um tempo ausente no tempo…
Pudera eu reinventar a poesia nas minhas mãos, fazê-la galgar
o cosmos e cavalgar ao infinito da ilusão.
Pudera eu voltar a dissecar o meu corpo em fonemas de amor
banhando as vogais inertes.
Mas …só me resta esperar que novamente o amor fervendo nas
minhas veias…rubro, volte a enlouquecer nas páginas brancas do papel
amarelecido, guardado nas gavetas húmidas do meu peito.
Ah tempo maldito que me invade em total desinspiração.
Escrito a 11/10/12
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
a barca do sonho
hoje recolho-me com a lua
olho-me mais uma vez
no espelho das águas
e pergunto ao barqueiro
onde deixou minhas mágoas
e meu coração desgarrado,
volvendo assim olvidado...?
ah!...meu rosto não tem nada
de excepcional,
mas a saudade ao olhar-me,
faz-me mal,
há quem diga
que a face já foi beldade,
hoje resta a saudade,
da frescura e mel da minha boca,
do coração á flor do peito,
nardo a florescer...idade louca,
canteiro de amor perfeito
resta a saudade, até dos cardos
do caminho
do sol ardente,
da sombra dolente,
hoje sou o reflexo de alguém
na tarde que vai morrendo
e a noite aí vem...
hoje sou como a voz do sino
que ecoa peregrino
como se lhe sobejasse a dor,
ou serei sangue sem côr?
serei silêncio ou rumor?
trago a voz adormecida
depois de tão largo tempo
e minha carne que era florida
adormece sem lamento
Mas eu sei!
que já tive o que não mais terei,
aquieto o cansaço dos dedos
hoje me recolho com a lua
esqueço o sabor amargo
e os medos
e minha alma se apazigua.
natalia nuno
rosafogo
domingo, 7 de outubro de 2012
Invento-te pelas palavras
São
as grades do teu coração
que
me aprisionam o sere nessa vasta imensidão
se percorre o acontecer
sem
limites deito o olhar
numa
infinita mensagempelas palavras de encantar
que entre tudo interagem
soltam
as raízes dispersas
no
desenvolver do alentoduma qualquer flor às avessas
sonho-te
como um portento
e
não te suplico por meçasnos versos em que te invento
Paralelepípedo
Nem sempre fui esta sombra
que repousa nos recantos
onde brilhou um dia a luz.
Sentado na escuridão
fechos os olhos
e sustenho a respiração.
Nem sempre fui
um paralelepípedo.
Houve um tempo
em que era esférico
e podia rolar…
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segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Cabem no meu corpo todos os rios do mundo
?
Cabem no meu corpo todos os rios do mundo
Trago-os nos sulcos da pele, como vida nas mãos
Com os que já morreram e com os que em mim ainda irão nascer
E tocando-lhes, percorro-os com os dedos
Seguindo novos caminhos, novos sentidos
Pois cada ruga da minha pele é água e terra
É corrente e paisagem da vida que vivi
Sinto-lhes o norte, o sul, e sei para onde vou
Assim será até ao dia que morrer, e se entretanto me olharem
Se de mim falarem, não digam que sou velho
Digam antes que sou um coleccionador de rios.
Cabem no meu corpo todos os rios do mundo
Trago-os nos sulcos da pele, como vida nas mãos
Com os que já morreram e com os que em mim ainda irão nascer
E tocando-lhes, percorro-os com os dedos
Seguindo novos caminhos, novos sentidos
Pois cada ruga da minha pele é água e terra
É corrente e paisagem da vida que vivi
Sinto-lhes o norte, o sul, e sei para onde vou
Assim será até ao dia que morrer, e se entretanto me olharem
Se de mim falarem, não digam que sou velho
Digam antes que sou um coleccionador de rios.
E o poema reescreve-se....prisioneiro
São nos segredos com que alinhavo
os silêncios nús dos
meus lábios
á brisa que me afaga… esquiva
que eu me reinvento em sóis passados
e presentes, selvagens
em mim
Vendo tempos por palavras,
nos círculos cartesianos do teu corpo
esfinge purificada
nos arcaboiços de Deuses descrentes
e em cavalos alados, unicórnios
dançando imponentes no fogo
de um poema rendilhado de ternuras
por onde se perdem rubras
nas labaredas apagadas do teu corpo
cego em mim
E o poema reescreve-se em silêncios
escondidos
na epiderme desidratada
E o poema reescreve-se húmido
em lampejos puris da mente desatinada
E o poema reescreve-se, prisioneiro…
Escrito 20/09/12
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Íntimos momentos
Entre
uma página
DesfolhadaE outra que aparece
O imaginário
De te sentir
Nas palavras lidas
Parece
que leio
Mas
não
Parei
de súbito
Pensando
em tiNum meditar intenso
E afoito ao que me rodeia
Alguns
momentos depois
Expresso
um leve sorrisoE após um rápido piscar de olhos
Regresso à leitura
Mas
questiono-me
Não
sei porque parei
E
porque a tua imagemMe envolveu a mente
Como um feliz sonho
De belas sensações
Desejadas por intermináveis
Será
por ter lido a palavra amor?
António MR Martins
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
à espera de um abraço
entre
o chocalhar das tensões
na
espera que as embalase sentem as manifestações
de fluídos em larga escala
vem
mais uma unha ruída
entre
um coçar repetentenaquela ânsia abatida
no imaginar do poente
um
movimento incessante
e
tanta imagem filtradanum desespero cativante
grata
saudade mutilada
num
abraço tão delirantepela espera compensada
António MR Martins
terça-feira, 11 de setembro de 2012
A VISITA DA SAUDADE...
Aos meus Pais, Maria Helena e
Eduardo Roseira
um
dia, sem bater à porta, aconteceu a visita da saudade…
a casa
ficou com mãos de nada…
as paredes,
vestiram-se de nudez…
o ranger
da porta deixou de cantar…
de tristeza,
as molduras, ficaram vazias…
as cortinas,
outrora bordeaux, viraram cor da palidez…
o gato,
esse, deixou de connosco falar…
as paredes,
nuas…frias…
os móveis
prontos a partir…
o silêncio
das noites, invadiu os dias nesta casa solidão…
por detrás
dos armários, as teias, agora são rugas…
o que
antes falava da história da casa, é agora velha tralha…
as prateleiras,
plenas de cultura, estão ocas…nuas…
o tapete,
primeira serventia da casa, já só atrapalha…
num canto,
esquecida, uma jarra de rosas murchas, solta um lamento…
do velho
relógio, ainda na parede, o cuco já não sorri…
é a
invasão da tristeza em lume brando e tempo lento…
o piano,
agora desafinado, em desafio toca um dó, em lugar dum si…
a ferrugenta
gaiola de vazia, emudeceu…
num constante
martelar a saudade, apenas o “ping…pang…ping…pang…”
da
torneira do lavatório, como que reclamando o seu eterno adiado arranjar…
perdido
neste silêncio, ecoa um fado saudade,
tocado no avariado gira-discos …
colado
na parede do escritório, o amarelecido mapa…da geografia da vida,
já
não nos seduz para qualquer destino…
a carunchosa
credência, junto à entrada, aguarda a chegada do lixeiro,
e ironicamente,
na sua gaveta conserva uma velha cautela que a vida não premiou…
...eis
a história do dia em que dentro da casa a saudade se instalou…
Eduardo Roseira
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Eduardo Roseira; Maria Helena Roseira; Pais
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
sonho de amor
a noite estremece ao redor
da nossa cama,
o amor ainda fulgura,
ainda por nós chama
é grande a ventura,
apesar da memória já obscura
povoa-se de fantasia,
enquanto eu sou
e tu és
a minha força, a tua força,
dia a dia.
o fogo é esse,
ainda temos muito prá andar
deixa nos teus braços descansar,
do cansaço que o inimigo tempo
em mim plantou
quero sempre voltar a te ofertar
o amor
que em nós nunca se recusou.
entra a lua pelas frestas
esquecemos o mundo á nossa volta
afecto é o que nos resta
só o tempo me traz revolta.
e o sono sem saber
se deve ou não aparecer
assim nos amaremos
até Deus querer.
natalia nuno
rosafogo
domingo, 9 de setembro de 2012
Serás tu, Xerazade ?
Esta noite sonhei contigo, Bagdad
Em ti buscando a minha verdade
Segui caminhos já caminhados
Cruzei-me com tempos já passados
Vivi vidas já vividas
E por desertos que não conheci
Mas a marca da minha pegada
Prometem eternizar-se
Desertos que da aridez e da secura
Não ostentam as cores
Porque na linha do horizonte
Como fluxo de divinal fonte
De ti vislumbro a silhueta
Que serena e sem alarde
Me diz que és tu
Essa que desde sempre busco
Minha amante, Xerazade
LuciusAntonius
nos teus braços de algas verdes
Pudera eu deixar a gaivota que há em mim
sobrevoar a longura dos céus
planar o sonho trancado na outra margem
desértica
Pudera eu inebriar-me do teu perfume doce,
aspergido de sal
transformar as minhas lágrimas num bote frágil
deslizar pelas ondas embravecidas da minha alma
repousar ao por do sol, nos teus braços de algas verdes
Ah pudera eu transformar o poema no meu corpo
enxague de mim
Escrito a 8/6/12
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
sonhos e magia
oiço
o estalar da
carumapisada pelos passos teus
à chegada da lua
na sua fase companheira
sobressai o
semblante
em que assentasteu corpo
perante deslumbrante luar
que te ilumina a fronte
na noite
a plataforma
do entendimentona mistura dos sentidos
pelo cheiro
que os provoca
sorris
pertinente e
sedutoraentre a magia que vem dos céus
e na aureola que é tua
numa imagem derradeira
retenho-me
caminhante
no trilho me
acalentasrastreio
de um pleno brindar
ao longínquo horizonte
em ti
poderoso
elementopara um abraço contido
e um afago matreiro
para o prazer que se evoca
a caruma se
desprende
a lua nos
observao horizonte não se entende
e o luar nos reserva
sublimam-se
tantos travos
o suor nos
saciano beijo das descobertas
que nos eleva o rubor
fantasia de
um sonho
na magia de
uma noitequarta-feira, 5 de setembro de 2012
Murchou a flor do amor
Um canteiro da vida aqui, floresceu
No matizado da Orquídea, em flor
Ao beijar a tua face, ò amor meu
No Lilás desbotado da tua cor.
Desabrochou a Rosa, do teu amor
E que de tão pequeno, se perdeu
Voou nas asas negras do condor
Agora amor finado que é o teu.
Em cada beijo trocado me embalou
Encandeado perdido se enganou
E jaz no teu peito e no meu jardim.
Em cada abraço dado que me iludiu
Desvendado, acabado, se fundiu
E choram as flores com dó de mim.
Alma
Nada me traz a este lugar
A não ser a alma que tenho
A que me quer sempre levar
O momento certo
Para me lembrar
Que tenho alma
E sonhos ainda por realizar
Se eu soubesse como é a minha alma
A sua cor, a sua forma
Mas não
Só sei que sinto o que sinto
Por saber que existe um fundo
Ao fundo
Onde me espera a minha alma
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
AMAZÓNIA
Viajar nas tuas mãos é viajar na
liberdade
olhares cruzados no espaço inventivo,
aberto, vivenciado
construído de sentires, imprevistos e
inesperados
passos que se fazem em florestas
navegantes,
rotas de cheiros exóticos, numa
Amazónia só nossa
de vislumbre de afetos eletivos,
num pulsar único!
Idiossincrasias
partilhadas, num caminho
íntimo, poético,
jorrando suor e seiva!
Brasa -paradigma do
prazer incandescente
sensual, como um
carrocel à volta do sol
percorrendo lugares,
indo e voltando, inventando o tempo!
Nas tuas mãos que me
transportam, cheias de extravagâncias
degusto o cheiro, que
elas de mim estão impregnadas,
dom de improviso,
sentido de prazer, imagética ousada
misto de energia,
lirismo, imaginação…superação!
Entre relâmpagos de
sentidos, no encantamento
dos pequenos trilhos,
de coxas entrelaçadas, pelos bosques dos gemidos
soando icónicos, na
nascente de água sulfurosa borbulhante!
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AMAZÓNIA - MARISA SOVERAL
sábado, 1 de setembro de 2012
Num colchão de nuvens
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
trovas...tanto amor...tanto! tanto!
é aqui no cais da saudade
onde meu coração aportou
que escrevo a simplicidade
do que fui e o que sou...
sinto o pulsar da terra
e o vento vai silvando
este meu verso encerra
saudade em mim sangrando...
fruto amadurece e cai
anda o destino à toa
a saudade que não sai
já a vida se esboroa...
raios de sol cativos
na noite fios de luar
andam meus olhos vivos
na sede de te encontrar
sou poeta ou talvez não
mas aos poetas sou igual
dizem louco e com razão
sou de ignorância total...
anda no ar cheiro a tília
aroma tão estonteador
meus olhos fazem vigília
aos teus olhos meu amor
estrada a perder de vista
levo os meus pés já nús
ainda que a vida insista
a estrada é minha cruz
não há palavras bastantes
que m' enxuguem o pranto
ao lembrar tantos instantes
de tanto amor...tanto, tanto!
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Cravam-se-me asas nos olhos
Cravam-se-me asas nos olhos
verticais à córnea humedecida
soltam-se as palavras molhadas
em bagos de uvas amadurecidas
das vinhas infecundas de beijos
esvoaçam em leves brisas
nos cumes longínquos do grito
indomáveis, sussurram ao vento
em trajes de vários lamentos
nas mãos débeis do tempo
tombem em lentos vagidos
nas ramagens secas da vida
morrem em solos orvalhados
enclausuradas em mim, vivas
Escrito 25/08/12
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