terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Realidades Alternativas

O universo das palavras
Mostra-se desordenado
E paralelamente
Um canto perdido

Versos delinquentes
Vozes corrompidas
Soltam uivos aos ventos
Morte encenada
Numa longa estrada

Canção iletrada
Ecos de nada
Musica cismada
Engendrada
Nos corredores da alma

E as estrelas
Baixam os segredos
Declinam o sol
À inconstância do que reluz

Às cegas
Correm desvairadas
Em carreiros incendiados
Entre o alegórico
E o mútuo reconhecimento da dor

As luzes brilham só por um dia…
Visão singular enquanto dorme
A alma esvai-se
Procura-se num compasso
Ritmado…a dois!

Plantados na mudez solarenga
De um poema
Soltam-se dos beirais dos telhados
Respingues da chuva

E a fluidez dos versos cantados
Abrem-se às gotas de orvalho
Vislumbram-se novos trilhos
Arrastam-se nus
Nas pedras da velha calçada

Onde te escondes?


Onde te escondes no meio da multidão?
Por de trás de que rosto?
Por que caminho vagas?

Onde te escondes nos meus sonhos?
Em que nuvem voas?
Em que onda flutuas?

Onde te escondes no meu pensamento?
Não vejo nenhum rosto,
Não recordo palavras…

Onde te escondes nas noites ao luar?
Serás a estrela que mais brilha,
Serás a estrela Polar?
Será essa a tua casa,
Será esse o teu olhar?

E as palavras que procuro,
Serão elas ditas no silêncio da noite?
Será o teu toque tão suave
Que me aconchega no meu leito?

Serás tu a razão da solidão?
Do meu viver atordoado,
Da ausência da paixão?
E que razão
me dás para viver?
Se o teu rosto desconheço,
O teu toque e o teu cheiro…
As palavras caladas
Num silêncio ensurdecedor…
Nem um olhar de magia,
Nem um sorriso arrasador…
Nada me dás se não a angústia do desejo,
O pecado da curiosidade,
A incerteza de um amor…

Mimmy

Hubbard


Há um barco à deriva
nas palavras e gestos
amarrotados no mar onde
escondo os pensamentos
para não serem iluminados
por mais ninguém
mesmo que tragam flores
na mão e paz nos bolsos
para ensopar de sangue
as guerras sem limites
se os homens sem olhos
não sabem ver o chão.

Que pisam.

Descontentes mas vibrantes
de segredos mal escondidos
escritos e esquecidos.
O lirio branco, um gostar
sem fim de jardins proibidos
infinitos de sal nos olhos
e sussurros de vida
transparentes, palpitantes
caíndo a direito sobre
o peito à maré vazia
onde pés molhados prometem
pisar a areia se a onda
morrer no horizonte.


domingo, 21 de dezembro de 2008

Fascinação




Que lindas!
Que belas!
As estrelas no céu sem fim!
Olho para elas
Elas para mim
Que lindas!
Que belas!
As estrelas no céu sem fim
Mas... é dia...
Ah, já sei!
Dormia...
Sonhei...
Mas... aquelas estrelas
Tão lindas
Tão belas
Que eu vi lá nos céus...
Estou a vê-las
Meu amor
Nos olhos teus!

Conceição Bernardino

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Cacharolete

Atravessei quase a pé
a angústia das palavras
polidas no teu olhar
que viaja rompendo
as copas das árvores
vivas e sem raízes
onde acaba o
cacharolete das palavras
que tinges de azul

Magenta e limão
tons, cheiros, costumes
áridos e secos de
felicidade redonda e seca
espalhada ao acaso
nos olhares
que amanhecem
nas planícies sem água
do deserto
em vagas incertas
de lamentos repetidos
desencontros e mentiras
com eco de quatro passos
que trincam o soalho
do hotel de Praga
mal iluminado e bafiento.

Os lençóis são
limpos e frios
aquecidos com tempo
e olhos vendados pelo
coração da menina
que foi à escola
para não aprender
que nunca se morre
nos meus olhos
mesmo que mintam
à superfície, para
proteger a carne nua
das miragens que
se vêem ao longe
fora da calmaria
das bússolas com
azimutes de trazer para casa
paixões perdidas
porque estamos sós
e não seguramos
o bater das asas.

Calvário

Nos ombros... A Cruz
Destino por si próprio traçado
Vida sob o comando da vida!

Preso aos cravos da Cruz
Num palco não apropriado
Para si atrai o olhar da eternidade!

Insere no tempo
Não uma simples Cruz
Mas o sinal dos sinais...

Numa profusão sem limites
Florescem as rosas
E o sopro perfumado de amor.

Ulysses Laluce

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Contra-Senso

Que as palavras que não escrevo
Me sigam em pensamento
E as vozes que não ouço
Se fustiguem num só sopro
Que circulem com o vento

Que os nomes que não lembro
Me façam criar a eternidade
De um momento
Um mero acaso que se define
Neste contratempo

Que os sonhos que não sigo
Se concluam com o tempo
Visão alucinante...
Um olhar, um contra-senso
Nos limites deste centro

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O mar no meu olhar


Escuto o sussurrar do mar
Segredando segredos inaudíveis
Como uma carícia humedecida
Afagando o calhau vivo da praia
Num vaivém ternurento de prazer

E eu que faço?

Banho-me nessas ondas espumosas
Onde mergulho sem temor
Consciente da época invernal
Que importa

Em murmúrios flamejantes
Dispo-me das sombras enegrecidas
E visto-me do soalheiro do sol
Brilho ameigada pela quietude
Dessas águas cristalinas
Da ardência do meu sol
Cintilando em céus límpidos
Em melodias sensoriais
Em corpos vestidos de amor
Perco-me na imensidão de sentires
Feliz de ser o que sou
De usufruir das ondas e do sol
Desta minha ilha seduzida
Por ti….. praia idílica

Onde o horizonte longínquo
É a quimera do meu sonho de mulher

domingo, 14 de dezembro de 2008

Intemporal (Do you want to make a memory...)


Penso-te em ondas de desejo
único,
violento
repetido,
colorido,
intenso,
perfumado,
assim o beijo sem fim
eterno enquanto dura.

Olhas-me
e o tempo pára
tocas-me
e reeinvento o momento
contínuo movimento
mágico
fascinante,
impossível
como tu.

Nascido em mim


Canto este fado
Nascido em mim
Em tom alinhavado
Com notas de cetim

Dizem ser saudade
Chamam de dor
Eu tenho para mm
São lágrimas sem cor

Estrelas semeadas
Luas enfeitadas
Sois procurados
Constelações viciadas

É tudo o que tenho
Nesta lembrança cansada
Fica o esperar
Nesta saída emparedada

Escuro infinito
Percorro tacteando
Ao fundo a luz
Para mim acenando

Com notas de cetim
Canto este fado
Nascido em mim
Em tom alinhavado

SOZINHO...


Suspeito que me invado constantemente com sonhos de outrora...
Suspeito que sonho, ausentemente, onde me encontro agora...
Estarei ainda contigo...???
Estarei além...???
Estarei sozinho... mas ausente de quem...???
Ardilosamente, rastejam até mim...
Inconscientemente, permito a aproximação, ilícita...
Insistentemente, afasto quem sinto, de relance...
Enfim...
Mantemos a distância segura, em que insisto...
Nunca sentimos que esta esteja explícita...
Sendo assim... Estou sozinho...
Mas sozinho e ausente de mim...???
Será este pensar em que não existo...???
Suplico-me para voltar...
Sem mim... O nosso plural se voltará a ocultar...
Apenas tu existes...
Mas onde...??? Ausente de quem para estares aqui...???
Não sabes onde navegas...
Não sabes quando sossegas...
Não sabes... Mas eu sei...
Quando ausente de mim te encontrei...
Este será meu julgamento...
Serei o arguido...
Sem defesa possível, vocifero, escrevo, grito...
E serei ouvido...
Mas nunca serei escutado...
No peito... Um orgão sem música, lancetado...
Defendo-me de mim...
A qualquer hora...
Por um momento...
Defendo-me de ti... Quem sabe, de forma sucinta...
Mergulho no mar, no rio, na chuva...
Mas minha alma nunca será limpa...
Molhado, húmido até à raiz da desorientação...
Vejo uma infindável, eterna, uma nómada multidão...
Será que ali passaste...
E em momento de cansaço inevitável, meu olhar com o teu não cruzei...
Meu olhar baixei e minha turva visão quebrei...
E não o cinzento, nem o vento de tua sombra...
Apenas vislumbro a usual penumbra...
Não presenciei tua real cor...
Mas existe... Eu sei...
Do alto do teu canto vês um abandonado monte...
Naufragado na rocha, ali jaz um encarnado ponto...
Num mar escuro de proíbido azevinho...
Local ideal para um rasgado e visual encontro...
Minha água ali corrente, onde será sua fonte...???
Quem me vê és apenas tu...
Aquele singelo ponto... Apenas eu...
Sozinho...
Só a paixão existe...
Só eu estou triste...
Nada, nem ninguém neste local àrido subsiste...
Apenas um desalinhado caminho...
Onde me procuro, e encontro...
Sozinho...
DARKRAINBOW

sábado, 13 de dezembro de 2008

O meu fado

Este fado que canto
Em que rio e choro
Abraço o desencanto
E beijo a morte
Caminhos percorri
Lutas travei
Desafios aceitei
Nesta vida de má sorte

Viciados são os dados da vida
Até doer gargalhei
Ri para me ouvir
Acreditar assim que era feliz
Amei como sabia
Sonhei quando podia
Apostei onde não devia
Agora estou perdida

Não foi mal de amor
Nem tão pouco reles ilusão
Foi nascer na hora errada
Protegida por alma desventurada
Sina tão mal escrita
Que por linhas tortas
Sempre andei
E sempre tão mal lidas

(Peço desculpa aos poetas colaboradores deste blog, pela minha tentativa de fazer um poema, acontece que ando com este escrito à 3 semanas a bailar na minha boca. Não resisti. Desculpem)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Encosto-me aos Sonhos do Mundo

Colorindo o pensamento
Eu sou tu, e tu és eu...
Entrelinhas do meu pensar
Assim me encontro
Entre um e outro
Sem conto e história a contar

Se dermos enfoque à acção
Tu e eu recriamos momentos
Num céu a pintar...
Eu e tu misturamos as cores
Lembramos os nomes
E as lendas que ficaram no mar

Colorindo as cores do céu
Encosto-me aos sonhos do mundo
Acorda teu reino ao meu chamado
Meus olhos são o princípio e o fim
Amanhecem nas costas da aurora
Sentam-se no trono sagrado

Mª Dolores Marques

LUA MÁGICA


Quantas vezes olhamos o Céu..
sem vermos o seu azul.. carregado de sombras de aves..
Nuvens vivas que te saúdam, com suas penas sedosas…
…como as queria tocar.. como te queria sentir…
Fazer parte de uma beleza imaginária..
Uma natureza veloz no horizonte..
Maravilhamo-nos com o azul do mar…
As cores do arco-íris…
O verde do campo…
Mas tudo que nos invade os sentidos se altera,
Consoante a luz do dia, ou da noite..
A tua cor.. a tua energia..
Apenas a tua beleza mágica me percorre a qualquer hora…
Todos vêem o que irradias de dia..
O teu reflexo que nos afaga o cabelo à noite..
Para eles és um satélite que percorre a Terra..
Para mim só percorres o meu corpo..
Mesmo distante…
És um segredo da minha alma..
Apenas eu sei que és humana..
Só eu sei..
Só eu te ouço em silêncio..
Só eu sei que tua beleza tem mais cor que qualquer arco - íris
Teu reflexo de alegria tem mais força que as ondas do Mar…
Que as linhas do teu corpo não têm limites..
Para o toque dos meus dedos…
E só tu sabes.. o quanto eles te podem tocar..
Mesmo te vendo, apenas através do teu brilhar..
Mesmo me vendo, do alto do teu altar..

DARKRAINBOW

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Alma...perdoa-me


Tenho a alma descalça
Ela em queixumes lamenta suas feridas
Procuro quaisquer sapatos para a calçar e…não encontro
Tenho a alma perdida no escuro
Ela por mim grita…e soluça
Procuro uma lanterna…e não encontro
Tenho a alma despida
Ela chora seu frio
Procuro roupa para a confortar…e não encontro
Tenho a alma faminta
Ela com sofreguidão pede comida
Procuro uma refeição…e não encontro
Desculpa alma
Perdoa-me se fores capaz
Tuas necessidades já não são mais as minhas
Desculpa alma
Perdoa-me se poderes
Estou a trair-te eu sei
Sei que queres minha força
Precisas da minha garra
Mas eu já não quero mais
Alma, sempre foste companheira
Alma, obrigado por tua companhia
Alma, não fiques triste
Um dia tinha que acontecer
Sonhei sem nunca contar as vezes
E todos eles só foram sonhos…nunca mais do que isso
Recomecei vezes sem conta
Corri, lutei, em tudo sempre me dei
Nunca virei a cara a um desafio
Desafiei o destino
A morte anulei
A fome venci
Fui amada como ninguém
Gargalhei até doer
As lágrimas anulei
Cantei alto para me ouvir
Amei… como sei
Minha vida troquei para oferecer vida
Um dia tinha que acontecer
A guerreira está vencida

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

QUERO...

Queria ser um pássaro para as asas fechar…deixar-me cair neste abismo que em eco chama por mim
Queria ser a folha no Outono, que dançando caí no chão e que já ninguém a olha já ninguém a vê…e finalmente na terra descansa
Queria ser um barco qualquer…para me afogar na primeira ondulação
Dava-me tanto jeito deixar de se covarde
Esta teimosia de que tudo consigo ahhh não passa de cobardia
Esta persistência de que tudo venço aiiiiiii não passa de vaidade
Queria ter a força de saber desistir
Queria ter a coragem de saber ser vencida
De nada vale escrever e reescrever sentires ou emoção…quando dentro de mim morreu aquilo que me prendia aqui
Sonhar é muito bom…quando temos permissão para o fazer
Receber é óptimo…quando não temos que pagar o resto dos nossos dias, os juros desse prazer
Rir é arma mortífera, de tanto rir por desprezo aprendi a desprezar a vida
Quero muito o dia em que já não gargalho e finalmente permito uma gota de orvalho nascer dos meus olhos
Quero muito o dia que olho para mim, e saber que naquele dia tenho a coragem e a força de encontrar a sabedoria que estou vencida




terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Novos Sonhos de Inverno


Descem da montanha novos sonhos
Carentes e sem nova direcção
Mergulham no nevoeiro que dorme sobre o rio
Beijam levemente o solo sagrado deste vale

Passou agora aqui o vento do Norte
Dos telhados das velhas casas
Rolam flocos de neve
Na lareira crepita a lenha para um novo serão

Da minha janela abrem-se novos sorrisos
Encontros no meio da solidão
E o sono desce leve e solto
E eu colada no sofá da sala

Os meus olhos vêem por aqui um céu aberto
Subiram ao cume mais alto
E choram lágrimas ao sol
Diluem-se sempre no fim do verão

Mª Dolores Marques

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Verão em fuga



Espero o tempo das uvas maduras
das castanhas,
da neve em flocos
e
das lareiras acesas.

Espero
a chuva que há-de
escorrer-me da tua memória
o vento
que te afaste
do meu pensamento
alguém
que me segure os passos
para que eu não te siga.

Espero
Setembro,
num mês de adeus.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Sei lá...

Um novo estilo de escrita? Será uma transformação emocional?
Foi-me dito em tom de interrogação
Sei lá…novo estilo…transformação emocional…evolução…amadurecimento…pouco importa
Escrevo como escrevo
Sou quem sou
Estou como estou
Se é um grito… se é um choro…se é um encolher de ombros…se é um desprezo em tom de gargalhada…talvez mesmo um virar de costas…sei lá
É o que é
Pouco importa, analisar para querer saber e com isso compreender
É engraçado nada sentir, estou desligada e muito serena
Sei lá…é como se eu fosse dona do TEMPO
Sei lá…é como se eu fosse rainha da terra do DEPOIS
Sei lá…é como se eu fosse senhora DO ACASO
Pouco importa se estou acordada
Pouco importa se durmo
Estou por estar
Correr atrás do incerto…?
É pouco coerente
Segurar nas mãos a certeza…?
Inteligente não é
Viver na neblina do sonho sorridente…?
É negligente e credulidade a mais
Abraçar o acreditar…?
É tão pouco consistente
Novo SENTIR?
Nova etapa?
Novo estado de alma?
Novo olhar?
É possível…sei lá…provavelmente nem quero saber



Virar de página...

11h da noite, bebo um álcool qualquer, cigarro na mão, tenho frio o sono pesa e…dou comigo a escrever
É como se eu fosse desventrada por um grito assassino
Dói-me o corpo
Pesam-me os olhos
É como de minha alma estivesse morrido
Escrevo sem pensar
Escrevo porque preciso escrever e…sem nada para dizer
Mais um golo com garra
Mais uma passa com ganas
E volto a escrever
Quero sentir
Preciso sentir
E…rio
Rio de mim
Rio da vida
E rio de nada sentir
Deito o passado fora em caixotes
Dou a memória a quem quero bem em caixas
Tudo coisas, somente coisas …nada mais do que objectos
Quem recebe…fixa-me nos olhos não querendo acreditar…e lamentam, e querem negar
Eu rio, gargalho…e…dói-me o corpo
Olho para as novas paredes…e acarinho os móveis meus conhecidos
Vejo um fragmento e outro do passado e…ainda espreito o futuro…ridículo nada sinto
Mais um golo
Outro cigarro
Estou inteira, estou viva…estou bem
Vira mais uma página desta minha vida



Zinabre


Colorido das luzes
questionável ausência
das nódoas sobre as
luzes em agulha
que perfuram virtudes
e silêncios de gestos
sem dono.

O gume das facas
percorrendo as veias
do corpo inerte
solidão de luzes acesas
de brilhos em que
a tua cor é ausente
das viagens que apenas
começamos juntos
e acabam no espaço
da imaginação
mesmo quando estamos
deitados e me perguntas
se podes gritar.

(e)

Ninguém te ouve porque
o Sol me está a bater
nos olhos e sou
apenas mais um cego
dos sentidos
ao sair à rua de
papel na mão
à procura de amarguras
para escrever à
mesa do café, se
estou inundado de mim
e de felicidade
teletransportada nos teus
lábios, seda e cheiro,
hálito de respiração de
hospital, anestesia
nos olhos felizes, vidrados
em dor e exaustão.

Tecidos e mulheres
espreitando, voluptuosidade
flutuante, errante
na crina das
palavras com futuro
onde arrumo sonhos
peregrinos, confessados
sob hesitação, por
entre as dobras dos
lençóis amarrotados
suados, misturados
com vestígios da tua pele
de marfim florido, sépala
da imaginação que
desabrocha no gelo
de olhares lentos e chuvosos
errantes, cristalinos de extâse
e paixão escondida
por entre fumo de tabaco
de estranhos a usar
curativos para tapar feridas
da alma que surge
repentina no timbre
onde murmuro ideias
recortadas, flutuando
à superfície dos teus
movimentos ondulantes
e difíceis, sobre o meu
corpo que te acaricia
por dentro, carnívora
flor branca de espasmos
descontrolados, observados
pela respiração e
cantados em versos
timbrados
proibidos de ler
nas estradas onde líquidos
escorrem por entre sinais
intransitáveis de medos e
perigos que não medimos
porque não sabemos como.

Desabrocha devagar
não sobrevivo às tuas
explosões de carácter
característico e afogamo-nos
nas ansiedades que
dividimos, olhando em silêncio
o vazio.

Paulo Lopes

sábado, 6 de dezembro de 2008

LIVRO DE FANTASIA


Quero ler teu segredo…
Me embrenhar em teu livro sem medo…
Minha alma pelo peso de momentos espalmada…
Marca uma qualquer página escondida da tua vida…
Um destino, uma estrada, uma ideia perdida…
Respiro a poeira dos tempos…
Me sento contigo, esqueço meus lamentos…
Ambos perdidos numa multidão de leitores…
Nem nos olham, apenas lêem páginas vazias, sem cores…
Ouço passos na sala…
Um piano toca sozinho, sua música, sem dedos me embala…
Ninguém volta a cabeça, é um pulsar na minha mente…
O bater deste pêndulo que alguém chamou coração…
Relógio antigo sem corda, sem vidro, sem som…
Apenas palavras surgem por minha forte emoção…
Sem respirar levanto-me, afasto a cortina…
Pela janela escapam dois ou três raios...
Que a tua mão suja de tinta ilumina…
São letras, palavras em círculos, sem significado…
Tua alma as baralhou para esconder o pecado…
Preciso fazê-las ganhar o teu, o meu sentido…
Reescrevê-las nas páginas em branco do meu livro perdido…
Mas minha caneta, quase sem tinta…
Que escreveu nele prefácio sem nome…
Contigo aprende a arte daquele que com os dedos um quadro pinta…
Uma imagem duma lareira, de ti, de mim, do nosso lume…
Desenha comigo de olhos fechados…
Quatro mãos entrelaçadas em sintonia…
Neste livro o epílogo de minha fantasia…
Em percorrer teu colo…
Sentir teu calor…
Se necessário sofrimento…
Assim grito ao vento…
Assim clamo por dor…

DARKRAINBOW

Sonho proibido



Tranco-me por dentro
numa tentativa de fuga.

Em breve partirei de mim,
como se de outro eu se tratasse...

Avançam as lágrima secas,
violência e paixão
num olhar vagabundo.

Percorro a casa vazia, em busca de sombras.

Respiro lentamente
o perfume da lenha queimada.

Uma fogueira por arder.

Dor no peito
e
nas mãos
a
impotência da acção.

E o sono que não vem

Imensurabilidade universal




Les Fleurs Sauvages - Instrumental


Partilhamos sentimentos, emoções
Amores renascestes e ancestrais
Rasgos de afagos ardentes
Assim … espontaneamente

Tocas-me em desvelos de ternura
Imensurabilidade universal

Buscas o cerne em ti, em mim
Engrandecida pela pulcritude
Intemporalidade efémera de nós
Juntam-se palavras carentes
Obramos a amizade transcendente

Aqueço-me no soalheiro do teu sol
Zarpo no azul desse teu mar
Unto-me de doce maresia
Libertando devaneios de mim, de nós

PARA TI BEIJO AZUL

Liliana Maciel

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

LÁGRIMA DE VIDA...


Sustenho, teoricamente, esta água salgada...

Que em meu mar alto não nasceu...

Sinto-me vivo por sofrer...

Sinto-me vivo de forma inacabada...

Tristeza permanente é algo perverso, que nunca se desvaneceu...

Alegria eterna é utopia, que nunca quis erguer...

Sei que existirei, quando esta lágrima soltar...

Sei que existi...

Mesmo com a face distorcida...

Beijarei as fauces à besta...

Aproveitarei o que me resta...

Olhos vermelhos, raiados de vida...

Boca dormente, que treme sem lutar...

Saliva que escorre...

Num chão degradado se vai prostrar...

Ostento um dislexo sorriso...

Porque sei que ora vivi...

Triste???...

Apenas saber quem sou depois do que narrei e sofri...

Triste???...

Apenas saber quem és...

E já não estares algures...

Ou porque não???...

Aqui...


Darkrainbow

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Mãe



De repente era de novo Setembro
e Setembro nem sei bem porquê.

Talvez
porque as chuvas vieram mais cedo
e as lágrimas que eu tinha
continuam salgados
no meu peito em ferida.

Maio passou de fugida
muito subtilmente
tal como as rosas virgens de um amor perdido.

É assim o tempo,
a doer na memória de um Verão livre
ou de um Inverno quente.

A solidão existe onde quer que eu vá
mesmo nas ruas de néon
de uma cidade que invento
minha,
a vontade de que alguém fique comigo
no meu mundo
tão sem cor,
quando te perdi.

Resta-me a memória.

E hoje
o que eu mais queria
era que estivesses aqui.
Ou eu aí.

Para sempre.

Virar de pagina


11h da noite, bebo um álcool qualquer, cigarro na mão, tenho frio o sono pesa e…dou comigo a escrever
É como se eu fosse desventrada por um grito assassino
Dói-me o corpo
Pesam-me os olhos
É como se minha alma tivesse morrido
Escrevo sem pensar
Escrevo porque preciso escrever e…sem nada para dizer
Mais um golo com garra
Mais uma passa com ganas
E volto a escrever
Quero sentir
Preciso sentir
E…rio
Rio de mim
Rio da vida
E rio de nada sentir
Deito o passado fora em caixotes
Dou a minha memória em caixas , a quem quero bem
Tudo coisas, somente coisas …nada mais do que objectos
Quem recebe…fixa-me nos olhos não querendo acreditar…e lamentam, e querem negar
Eu rio, gargalho…e…dói-me o corpo
Olho para as novas paredes…e acarinho os móveis... tão meus conhecidos
Vejo um fragmento e outro do passado e…ainda espreito o futuro…ridículo nada sinto
Mais um golo
Outro cigarro
Estou inteira, estou viva…estou bem
Vira mais uma página desta minha vida

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CHUVA DE PECADO


Hoje não estou solitário...
Acompanham-me o bater dos pingos de chuva lá fora...
As nuvens choram...
Negras...
Se olhassem para cima veriam que lá o Sol brilha...
O céu continua azul...
Espreito pela janela mas não o vejo...
Valerá a pena sair destas quatro paredes?...
Molhar-me no pecado?...
Sentir a roupa molhada junto ao corpo...
Fechar os olhos e imaginar o calor daquele sol...
O seu pulsar de luz...
O seu sentir...
Que está lá.. mas não o vejo...
Valerá a pena ficar seco... incólume
E ver apenas a chuva através dum vidro sujo?...
Ou imaginar que aquela roupa molhada...
Que me envolve...
É o teu corpo...A tua Alma...
E aquele calor agora imaginário...
É o toque quente dos teus lábios...
No meu corpo sedento de ilusão...
Chamar-se-á VIVER a quem não queira sentir tal chuva..???
Ser castigado pelo vento de liberdade...
Na esperança de vir a ter tal sensação...



DARKRAINBOW

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Piano enigmático



Deitas-me sobre
teu piano enigmático,
cobres-me de olhares silenciosos
sussurras-me pautas penetrantes.

Delicio o teu sabor letal
entre as notas que escoro
na rebeldia das cores
que se curvam ao fastígio
da minha avidez lasciva.

O teu olhar predador
persiste em seguir-me
e eu não resisto
desejo ser a tua presa
a mais indomável.

Desejo ardentemente
ser possuída,
algemar a minha demência à tua...


Conceição Bernardino

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Estou aqui, ali ou além


Sinto-me cansada,
já não sinto frio,
a tristeza invade-me,
descontrolando a dor
Gotas orvalhadas afluem
da imensidão dos céus
molham meu corpo dormente
inundam o pensamento
amordaçam a minha tremula voz
afogam o meu ser.
Nesta inquebrável teia perco-me,
nem sei onde estou,
estou aqui, ali ou além,
salto de tempo em tempo,
de espaço em espaço,
sem saber onde descanso,
onde adormeço e volto a sonhar

Liliana Maciel

terça-feira, 18 de novembro de 2008

De Mim Para Ti

Quando o teu olhar
Percorre as estradas do desejo
Quando as minhas mãos
Te afagam o rosto frágil

De mim para ti
Sou um momento
Completamo-nos neste silêncio
Com um doce beijo

Os rios que correm no meu corpo
Matam a sede
De ti para mim
Em nós
E esse amor sem fim

Mª Dolores Marques

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Correntes Vadias e as Musas do Tempo

Secaram as nascentes que alimentavam as rosas
Esqueceram-se dos rios que transbordam o meu jardim
Um amor carpido nos caminhos do céu
Pinta as novas flores em folhas de jasmim

Já repicam os sinos...
À terceira badalada acordam as estrelas
As fases lunares são musas do tempo
Serenatas mistas...regalo dos mares
Perdem-se neste rio sem fim

Abrem-se as cores de um novo céu
Quebra-se o encanto
Devaneios e loucuras são um sonho errante
Avista-se daqui a simulação do desejo
Reparte com o mundo a melhor fracção do momento

Abrigo-me no deserto do tempo
E a água das rosas perde-se nas areias movediças
Beijos lunares carecidos de afectos
Molham-me a face rosada
Traem-se no seu genuíno anseio

Centelhas vazias amansam o calor da emoção
Amores que se espantam
E cios agonizam nos momentos de silêncio
O espírito acorda o perfume das rosas
Um jardim que se encanta com poemas e prosas

Adormecem os ecos do vento que passa
Amaciam as roseiras em flor
Quebra-se esta monotonia
E a corrente de beijos
Corre vadia...rega as pétalas da sede de amor

Mª Dolores Marques

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Partida

Não sinto.

Não consigo explicar
a sensação
indiferença?...

E o medo?!

Flutuo perdida
num dia
de desespero

a espera que não quero.

A musica vem até mim,
uma lágrima pelo desencontro,
solidão sem rumo,
um espelho no charco.

Um segredo na noite,
o olhar perdido
Genesis
a diferença está numa flor
as papoilas ultrapassam-me...

Partir para onde?
As ruas estão cheias de vagabundos
a música impede-me de correr
até ao mar,
o Sol incita-me
a
pre-ma-ne-cer.

Mas como?!...

Não chega
o mar nos olhos
de alguém
com muita ternura
nas mãos...

Eu quero o Mundo
e
quem me entenda
porque
eu não consigo.

Searas Encantadas

Lírios brancos em tons de luas
Alfazemas da cor do céu
Searas cismadas
Com o dourado do sol

Uma planície distante
Adormece junto ao mar
Alcança a terra dos sonhos
Alimenta-se da luz do luar

Rosas rubras caiem pelo chão
Espigas cheias...
Encantam-se com a brisa que passa
Tecem as malhas no calor da paixão

Choramingam orquídeas roxas
Em troca de um favo de mel
Inspiram a terra molhada
E saciam a sede com pétalas de cristal

Mª Dolores Marques

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Por mim...


Por mim não chorem
De mim não desistam
Porque eu nunca vou desistir de ser quem sou
Eu gargalho sem vergonha alguma
Com desprezo por esta coisa que chamam vida
Os ombros encolho quando no chão estou caída
E cara levantada sorrio e gargalho
Deste poço em que nasci – VIDA
Por mim não chorem
De mim não desistam
Porque eu nunca vou desistir de ser quem sou
Teimosamente DIGNA
Tenho garra
Esgravato até à alma ao nascer de cada dia
Até as unhas sangrarem lágrimas doridas
Teimosamente digna eu sou
Chamem-me o que quiserem
Por mim não chorem
De mim não desistam
Arranhada chego ao fim de cada dia
Quero lá saber
Na dor sou mestra
No renascer destemida
Por isso me chamam de altiva
Nas minhas certezas me calo
No saber do meu EU me silencio
Sei até onde sou capaz
Destemidamente não me renuncio
Por mim não chorem
De mim não desistam
Riam …gargalhem comigo
Esta vida não merece mais nada

terça-feira, 11 de novembro de 2008

É só... uma oração

Neste fim de tarde chuvoso, tacho ao lume com planos de melhor conseguir a ganhar tempo para nada falhar
Neste fim de tarde caí chuva miúda, parece que salpica gotas de MUDANÇAS
Vigilância repartida entre o fogão e o ecrã, nasce uma oração
Que eu seja o orgulho que quem perde
Que em mim se faça a vontade de CONSEGUIR
Que eu seja a folha virada de um livro qualquer
Que em mim se faça a CORRECÇÃO de uma qualquer leitura
Que eu seja a força desdobrada
Que em mim se faça a desdobra da CALMARIA
Que eu seja a roldana que tudo eleva
Que em mim se faça a FORÇA de nada querer
Que eu seja o sonho real
Que em mim se faça a REALIDADE sonhada
Que eu seja a palavra certa no momento oportuno
Que em mim se faça a oportunidade INESERADA
Que eu seja a mão fortaleza
Que em mim cresça a fortaleza INVENCIVEL
Que eu seja o grito da convicção
Que em mim se faça a certeza INDESMENTIVEL
Que eu seja a força que desbrava
Que em mim nasça a braveza de VENCER
Para CONSEGUIR a CORRECÇÃO em CALMARIA e com FORÇA vencer a REALIDADE tão INESPERADA e traidoramente INVENCIVEL de forma INDESMENTIVEL VENCER e poder gritar até doer eu ainda aqui estou e uma vez mais venci-te VIDA

Adeus


Despeço-me de ti
numa melodia sem compasso
noites longas
de um mês interminável.

A Lua
invade-me o refúgio
indiferente à minha vontade de ficar só.

Deito-me,
o corpo lânguido,
ansiosa a alma
e o pensamento.

Se soubesses a dor do esquecimento,
talvez não insistisses que eu ficasse...

Vou partir!

domingo, 9 de novembro de 2008

Menos um...amanhã


- Rapariga diz alguma coisa, chora ao menos, pelo menos sente raiva…não guardes as coisas assim para ti, sofrer dessa maneira e sem reagir isso não é normal
Disseram-me com voz de conselho em tom sabedoria
Nada respondi, de olhos silenciosos sorri
Neste AGORO que vivo, que até não é de todo desconhecido
Não preciso de nada falar…nada tenho para falar
Vou dizer o quê … que perdi uma vez mais por mãos que não foram as minhas???
Perdi realidades por escolhas que por mim não foram feitas???
Grande coisa isso até não uma descoberta…é simplesmente um AGORA igual a outros AGORAS
Chorar… carambas acham que vou dar de bandeja aquilo que me sobra???
Já que tudo sempre perco pois então…que ao menos fique com as lágrimas para mim…essas eu não dou nem deixo fugir
Sentir raiva do quê…só se fôr porque estou viva
Estar viva é uma grande chatice…cansa, satura e é repetitivo
Não vejo qual o interesse nisso
Sofrer…quem lhes disse que sofro???
Sofrer é para quem ainda consegue sentir
Sofrer é perder ou procurar alguém ou alguma coisa
Estou altiva na minha imunidade
Estou segura daquilo que sou capaz
Não quero saber do DEPOIS
Basta-me saber que o Hoje é menos um AMANHÃ

Breve nostalgia


Penso-te
em melodias antigas,
breve anoitecer sem lua
a memória dos teus dedos
no meu corpo
nu
o olhar que se demorava
no meu
de todas as cores,
arco-íris sem chuva.

Penso-te em tons de azul,
verde,
cor da saudade que evito
nas noites
que invento contigo
neste tentar resistir
à dor
nesta aparente
indiferença.
neste fingir
não sentir
quando te encontro
e me olhas
ou
simplesmente
quando te lembro
como agora...

Tenho que te esquecer...
...e tu ainda me lembras?

Esconderijo

Onde me escondia
Não sei de quê
Nem de quem
Talvez de nada!

Como será que via o mundo e a vida
Nessa cabana fechada de arbustos
Tão pequena que me curvo para entrar?
Mas, imensamente fantástica, para sonhar!

Refugiava-me para fugir de castigos (pura invenção)
Uso um paletozinho de lá e limpo o nariz na manga
Depois de repetir várias vezes, fica todo vitrificado!

As indagações não versavam sobre o mundo, a vida...
Ou teologia... Tudo pela insensatez, resolvido...
E com aquiescência da ingenuidade do desejo.

Ulysses Laluce
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=59165

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Outra Face

Imagem de Jet
Existo mas não sinto
Ficou-se pela mão do destino
Choro e não me escorrem as lágrimas
Secaram as nascentes
Perdi-me dos rios que correm para o mar

Encontro-me no limiar de um sonho
Sou eu neste paradoxo
Entre a realidade e a ficção
Mas sou eu sempre
Existindo e acontecendo...

Encontro-me sempre por aí
Em corpo presente
E no silêncio de mim
Desvendo a outra face
Aquieto-me em ondas de cristais
Acendem-se os caminhos que percorro

As visões sobrepõem-se a mim
Num só momento
Mas volto a ser eu
Nesta existência que se estende
No vácuo inexistente

Mª Dolores Marques

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Titulo??? Alguém que o ponha...

Deitada na cama, bebo uma caneca com chá, enrolo um cigarro e sorrio e recordo os tempos em era estudante, para poupar uns trocos
Olho para o ecran branco que por mim espera
Quero escrever…quero muito escrever
Mas dentro de mim nada tenho de sentimento
Não é vazio…esse conheço de ginjeira…em tempos fomos companheiros
Apenas não sinto…nada sinto
Não me afogo em raiva
Lágrimas não as sinto
Tristeza não pressinto
Rir não consigo
Escrevo….deleto
E volto a escrever…para deletar novamente
Mais um golo de chá e ajeito o edrdon e almofada
Volto a escrever e continuo a não sentir nada
Igual a uma casa
Sem moveis, sem cheiros, sem barulhos…sem nada
E que é largada pelo dono ao rodar a chave pela ultima vez
Não sinto nada



De Loucos Todos Temos Um Pouco

Se soubesses como me reinvento
Nestes lamentos
Que me consomem
Com o passar do tempo

Chora-me a alma
De não saber como ser
Neste mundo alucinado
Onde me deito
E ajeito

Gostava de saber voar
E levar-te a ver as estrelas
Talvez o seu brilho
Te banhasse
E te ajeitasses no meio delas

Só elas entendem este meu jeito
De não ser o ideal perfeito
Para entender
Os rostos alienados
Que afluem neste paraíso
Onde todos de loucos
Temos um pouco

Deixem-me ser também
Um pouco de gente
Neste mundo
Que é mundo perdido
Por nem saber
Como ser louco

Mª Dolores Marques

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Sou vida, sou poema, sou arte

Nunca existi, pertence ao passado
Agora sou vida, sou poema, sou arte
Que rasga o ar invernal
Vaga sofregamente
O meu manso mar
Rompe a fronteira do imaginário
E desagua… ai no teu revoltoso mar
Sente a aragem adocicada
Deste meu sopro infindável e real.
Respira a nostálgica maresia
Aspira a doce liberdade
Dessa onda gigantesca
Que te sulca a pele
Fazendo-te desfalecer
Na mansidão do luar

Espreita-me a alma
Conhece-me……abraça-me.

Liliana Maciel

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Suspiro


A dor afoga as lágrimas
na memória em ferida.

Recordo-te em
olhares verdes
ternos
e fugidios.

A realidade cai
d
i
r
e
i
t
a
ao peito
entre recuos e avanços
de emoções em turbilhão.

Quisera então dizer-te,
amigo,
que hei-de estar sempre
para ti,
mesmo que
dividida,
moribunda,
a alma em ferida...

...Hei-de estar sempre aqui,
para TI.
Sempre.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Reflexos Lunares

Imgem de Jet
http://olhares.aeiou.pt/uma_porta_para_o_infinito/foto408201.html
Feitiços lunares matizam as cores do asfalto
Silhuetas bélicas riscam o céu
E os fragmentos leitosos que banham a cidade
Lançam um breve olhar às portas do sol
E o brilho da lua inexpressivo

Pétalas suaves de algodão sacudidas pela força do vento
Caem inertes na madrugada fresca do rio
Levita imutável desejo e lágrimas rolam pelo chão
Adormecem olhares, ecos difusos
Num doce beijo rente ao alcatrão

Reflexos mistos de afectos
Agitam-se no frio movimento da cidade
E o ar volta a sentir a densidade do tempo
Só o beijo da lua acorda a suavidade estática do momento
Mas fechou-se neste sol de verão

Mª Dolores Marques

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

As vezes que morri...

Encostada no sofá oiço o cantar da chuva embalado pela música do vento
Procuro carinho na manta do seu abraço quente
Fecho os olhos, e vencida as lágrimas rolam
Quantas vezes já morri???
Não me lembro
Quantas vezes renasci???
Talvez não me queira lembrar
Olho para minhas mãos e o que tenho de meu…é tão somente os caixões em que me deito
Vitórias… essas, sorrio sempre com seu sabor tão amargo
Sinto o calor da manta que me enlaça como num feitiço
Penso no DEPOIS…e fecho os olhos
Acho que não quero mais saber de voltar a morrer
Eu sei que vou voltar a nascer SIM
Ahhhh como vou voltar a nascer
Mas esse nascimento que seja para mim eternamente infinito

Traços atávicos



Encosto-me na cadeira
olho o horizonte,
cai em mim a paz da aldeia
num entardecer lento
e fresco
a lembrar os últimos dias de Agosto.

Tento afastar-te da memória,
concentrar-me no percurso de uma formiga,
nos sons que me chegam devagar,
nas pedras de granito
à minha volta,
num pássaro
que insiste em chilrear
perto de mim.

Os cães reclamam a minha atenção,
a família chama-me...

...Mas eu não estou:
viajo em segredo,
nua,
despida com ternura,
de olhos rasos de água...

Na janela do devaneio


A lua prateada apaga-se
No pardacento da noite
Os sentires transmutam-se
Na saudade perene
Os pensamentos voam
Os sonhos aparecem
Na janela do devaneio
Do meu olhar ardente
Na melodia das palavras
Das notas poetadas
De uma canção sufocante
De mim simples mortal

Perco-me na intemporalidade dos sonhos

Dos quereres asfixiantes
Nesta noite Outonal
Onde o nada é tudo
Na imaginação de ti
No sufoco de mim
Só eu e o ilusório imaginado
Neste poema delineado
Pela alma privada
Que sente como gente

Liliana Maciel

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Um Novo Céu dos Poetas

Da minha janela aberta para o mar
Invento um novo céu dos poetas
A liberdade dos sonhos livres
Está mesmo ali para mim

E eu não sei para onde vou

Extasiados neste mar acordam os astros
E na terra dormem já as novas estrelas
Trouxeram um céu aberto junto com elas
Os tempos trasladaram os poetas

Desvendam nas funduras
Naus perdidas, caravelas desviadas
Jardins alheados de outros sóis
Querubins entristecidos

E o foco da lua cheia não sabe o que isso é

Mª Dolores Marques