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Cabem no meu corpo todos os rios do mundo
Trago-os nos sulcos da pele, como vida nas mãos
Com os que já morreram e com os que em mim ainda irão nascer
E tocando-lhes, percorro-os com os dedos
Seguindo novos caminhos, novos sentidos
Pois cada ruga da minha pele é água e terra
É corrente e paisagem da vida que vivi
Sinto-lhes o norte, o sul, e sei para onde vou
Assim será até ao dia que morrer, e se entretanto me olharem
Se de mim falarem, não digam que sou velho
Digam antes que sou um coleccionador de rios.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
E o poema reescreve-se....prisioneiro
São nos segredos com que alinhavo
os silêncios nús dos
meus lábios
á brisa que me afaga… esquiva
que eu me reinvento em sóis passados
e presentes, selvagens
em mim
Vendo tempos por palavras,
nos círculos cartesianos do teu corpo
esfinge purificada
nos arcaboiços de Deuses descrentes
e em cavalos alados, unicórnios
dançando imponentes no fogo
de um poema rendilhado de ternuras
por onde se perdem rubras
nas labaredas apagadas do teu corpo
cego em mim
E o poema reescreve-se em silêncios
escondidos
na epiderme desidratada
E o poema reescreve-se húmido
em lampejos puris da mente desatinada
E o poema reescreve-se, prisioneiro…
Escrito 20/09/12
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Íntimos momentos
Entre
uma página
DesfolhadaE outra que aparece
O imaginário
De te sentir
Nas palavras lidas
Parece
que leio
Mas
não
Parei
de súbito
Pensando
em tiNum meditar intenso
E afoito ao que me rodeia
Alguns
momentos depois
Expresso
um leve sorrisoE após um rápido piscar de olhos
Regresso à leitura
Mas
questiono-me
Não
sei porque parei
E
porque a tua imagemMe envolveu a mente
Como um feliz sonho
De belas sensações
Desejadas por intermináveis
Será
por ter lido a palavra amor?
António MR Martins
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
à espera de um abraço
entre
o chocalhar das tensões
na
espera que as embalase sentem as manifestações
de fluídos em larga escala
vem
mais uma unha ruída
entre
um coçar repetentenaquela ânsia abatida
no imaginar do poente
um
movimento incessante
e
tanta imagem filtradanum desespero cativante
grata
saudade mutilada
num
abraço tão delirantepela espera compensada
António MR Martins
terça-feira, 11 de setembro de 2012
A VISITA DA SAUDADE...
Aos meus Pais, Maria Helena e
Eduardo Roseira
um
dia, sem bater à porta, aconteceu a visita da saudade…
a casa
ficou com mãos de nada…
as paredes,
vestiram-se de nudez…
o ranger
da porta deixou de cantar…
de tristeza,
as molduras, ficaram vazias…
as cortinas,
outrora bordeaux, viraram cor da palidez…
o gato,
esse, deixou de connosco falar…
as paredes,
nuas…frias…
os móveis
prontos a partir…
o silêncio
das noites, invadiu os dias nesta casa solidão…
por detrás
dos armários, as teias, agora são rugas…
o que
antes falava da história da casa, é agora velha tralha…
as prateleiras,
plenas de cultura, estão ocas…nuas…
o tapete,
primeira serventia da casa, já só atrapalha…
num canto,
esquecida, uma jarra de rosas murchas, solta um lamento…
do velho
relógio, ainda na parede, o cuco já não sorri…
é a
invasão da tristeza em lume brando e tempo lento…
o piano,
agora desafinado, em desafio toca um dó, em lugar dum si…
a ferrugenta
gaiola de vazia, emudeceu…
num constante
martelar a saudade, apenas o “ping…pang…ping…pang…”
da
torneira do lavatório, como que reclamando o seu eterno adiado arranjar…
perdido
neste silêncio, ecoa um fado saudade,
tocado no avariado gira-discos …
colado
na parede do escritório, o amarelecido mapa…da geografia da vida,
já
não nos seduz para qualquer destino…
a carunchosa
credência, junto à entrada, aguarda a chegada do lixeiro,
e ironicamente,
na sua gaveta conserva uma velha cautela que a vida não premiou…
...eis
a história do dia em que dentro da casa a saudade se instalou…
Eduardo Roseira
Etiquetas:
Eduardo Roseira; Maria Helena Roseira; Pais
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
sonho de amor
a noite estremece ao redor
da nossa cama,
o amor ainda fulgura,
ainda por nós chama
é grande a ventura,
apesar da memória já obscura
povoa-se de fantasia,
enquanto eu sou
e tu és
a minha força, a tua força,
dia a dia.
o fogo é esse,
ainda temos muito prá andar
deixa nos teus braços descansar,
do cansaço que o inimigo tempo
em mim plantou
quero sempre voltar a te ofertar
o amor
que em nós nunca se recusou.
entra a lua pelas frestas
esquecemos o mundo á nossa volta
afecto é o que nos resta
só o tempo me traz revolta.
e o sono sem saber
se deve ou não aparecer
assim nos amaremos
até Deus querer.
natalia nuno
rosafogo
domingo, 9 de setembro de 2012
Serás tu, Xerazade ?
Esta noite sonhei contigo, Bagdad
Em ti buscando a minha verdade
Segui caminhos já caminhados
Cruzei-me com tempos já passados
Vivi vidas já vividas
E por desertos que não conheci
Mas a marca da minha pegada
Prometem eternizar-se
Desertos que da aridez e da secura
Não ostentam as cores
Porque na linha do horizonte
Como fluxo de divinal fonte
De ti vislumbro a silhueta
Que serena e sem alarde
Me diz que és tu
Essa que desde sempre busco
Minha amante, Xerazade
LuciusAntonius
nos teus braços de algas verdes
Pudera eu deixar a gaivota que há em mim
sobrevoar a longura dos céus
planar o sonho trancado na outra margem
desértica
Pudera eu inebriar-me do teu perfume doce,
aspergido de sal
transformar as minhas lágrimas num bote frágil
deslizar pelas ondas embravecidas da minha alma
repousar ao por do sol, nos teus braços de algas verdes
Ah pudera eu transformar o poema no meu corpo
enxague de mim
Escrito a 8/6/12
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
sonhos e magia
oiço
o estalar da
carumapisada pelos passos teus
à chegada da lua
na sua fase companheira
sobressai o
semblante
em que assentasteu corpo
perante deslumbrante luar
que te ilumina a fronte
na noite
a plataforma
do entendimentona mistura dos sentidos
pelo cheiro
que os provoca
sorris
pertinente e
sedutoraentre a magia que vem dos céus
e na aureola que é tua
numa imagem derradeira
retenho-me
caminhante
no trilho me
acalentasrastreio
de um pleno brindar
ao longínquo horizonte
em ti
poderoso
elementopara um abraço contido
e um afago matreiro
para o prazer que se evoca
a caruma se
desprende
a lua nos
observao horizonte não se entende
e o luar nos reserva
sublimam-se
tantos travos
o suor nos
saciano beijo das descobertas
que nos eleva o rubor
fantasia de
um sonho
na magia de
uma noitequarta-feira, 5 de setembro de 2012
Murchou a flor do amor
Um canteiro da vida aqui, floresceu
No matizado da Orquídea, em flor
Ao beijar a tua face, ò amor meu
No Lilás desbotado da tua cor.
Desabrochou a Rosa, do teu amor
E que de tão pequeno, se perdeu
Voou nas asas negras do condor
Agora amor finado que é o teu.
Em cada beijo trocado me embalou
Encandeado perdido se enganou
E jaz no teu peito e no meu jardim.
Em cada abraço dado que me iludiu
Desvendado, acabado, se fundiu
E choram as flores com dó de mim.
Alma
Nada me traz a este lugar
A não ser a alma que tenho
A que me quer sempre levar
O momento certo
Para me lembrar
Que tenho alma
E sonhos ainda por realizar
Se eu soubesse como é a minha alma
A sua cor, a sua forma
Mas não
Só sei que sinto o que sinto
Por saber que existe um fundo
Ao fundo
Onde me espera a minha alma
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
AMAZÓNIA
Viajar nas tuas mãos é viajar na
liberdade
olhares cruzados no espaço inventivo,
aberto, vivenciado
construído de sentires, imprevistos e
inesperados
passos que se fazem em florestas
navegantes,
rotas de cheiros exóticos, numa
Amazónia só nossa
de vislumbre de afetos eletivos,
num pulsar único!
Idiossincrasias
partilhadas, num caminho
íntimo, poético,
jorrando suor e seiva!
Brasa -paradigma do
prazer incandescente
sensual, como um
carrocel à volta do sol
percorrendo lugares,
indo e voltando, inventando o tempo!
Nas tuas mãos que me
transportam, cheias de extravagâncias
degusto o cheiro, que
elas de mim estão impregnadas,
dom de improviso,
sentido de prazer, imagética ousada
misto de energia,
lirismo, imaginação…superação!
Entre relâmpagos de
sentidos, no encantamento
dos pequenos trilhos,
de coxas entrelaçadas, pelos bosques dos gemidos
soando icónicos, na
nascente de água sulfurosa borbulhante!
Etiquetas:
AMAZÓNIA - MARISA SOVERAL
sábado, 1 de setembro de 2012
Num colchão de nuvens
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