segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Vínculos


[foto do site olhares.com]


São elos que nos unem
Para além das palavras
Dos versos narrados,
No horizonte onde o fogo
Se une com o calor do olhar…

São albergues
Inovados em encontros
De luz
Na configuração esbelta
De Ser e ter
Laços aglutinados
Pela nobreza da transparência
E sentir plena a comunhão…

São vínculos
Antes impossíveis
Hoje eternos…


É tudo aquilo que nunca pedi
Mas a universalidade tal como edifica…

Ana Coelho


Inspirado aqui:
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=112489

Dedicado a todos aqueles por quem tenho laços de verdadeira amizade.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Estou a perder-me

Estou a perder-meas pedras nos meus olhos e o olhar é o rio e assim me entrego ao mundo com os braços abertos para sentir que a natureza è a minha familia.Estou a perder-me, nao sei onde tenho os sonhos. O tempo da inocencia vagueia no cèu e eu que me julgo heremita deixo a voz entregar-se ao silencio. Estou em liberdade e nao pertenço a nenhuma religiao, nem tenho ideologia. Basta-me existir, pensar na razao è morrer. Estou a perder-me, tenho medo e nao tenho nada que me perturbe, consigo transformar a tempestade dos meus olhos na primavera dos meus sonhos. Estou a perder-me, agarrei a noite como agarro as pedras. Agora o vento queixasse que me perdeu, falou isto ao rio que seguia nos meus olhos. Estou a perder-me preciso de voltar a sentir-me triste.lobo 09

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

DESEJOS...



São desejos,

de libertar o corpo...
De uma alma secreta...
Que pode ser o teu...
Embaciado por meu quente sopro,
Como vidro de janela indiscreta...
Por onde vislumbro segredos...
De uma pureza que não assumes...
Sofres em silêncios...
Calas ciúmes...

***

São desejos...
Comigo esqueces quem és...
Jorras suor de teus poros...
Gritos em teus lábios, insonoros...
Há anos guardados...
Em castas a teus pés...
Recônditas de anseios,
Que te vagueiam na mente...

***

São desejos...
Sabes que são os meus...
Quando me tocas...
Sabes que são os teus...
Quando em teu abraço me sufocas...
Em meu colo, teu trono de princesa...
Em tua noite, sou distante vela acesa...
Quem sabe…
De olhos fechados,
Te lembrarás que existi...
Que é segredo o que senti...
Que era eu,
Quem querias que habitasse em ti...
E entenderás, que são...
Desejos...



DarkRainboW

domingo, 20 de dezembro de 2009

A lágrima morreu

Num caixão sem soalho,
a lágrima ia nua e singela
ia só nos despojos da vida,
ia sem voz nem beleza,
talvez morta pela míngua
talvez farta pela destreza,
mas no fim, a lágrima morreu…
foi uma septicemia fatal
uma dor ansiando ser tristeza,
ou uma tristeza ansiando esquecer,
mas a lágrima morreu,
morreu boçal e livre
num incesto de emoções,
morreu breve e solteira
como deve uma boa lágrima,
morreu apenas
sem sequelas para o coração,
morreu só, morreu chorando
a vida recauchutada
que lhe deu uma peritonite amiga!
A lágrima morreu,
Ficou o sal…

É assim o Natal

É Natal

As ruas iluminadas
Em espelhos de luz
O amor que se reproduz
Em mil estrelas de alegria
No calor dos sorrisos
Vidas repletas de cor
É a magia do nascimento

É Natal
São pedaços de Deus
Pintados nos laços
Do aparecimento sublime
Jesus a voz viva do salvador
Em glórias do divino céu
Partilhas anunciadas
Na conciliação que reina

É Natal
Tempo de fraternidade
Em sopros de união
No trono da paz em cada coração
Erguem-se os símbolos
De vigor e esplendor
No mais íntimo sentido
Do verdadeiro amor divino

É assim o Natal…
Renasce o autêntico sentido da vida…



[foto do site olhares.com do autor Aires Osório)

Feliz Natal para todos e que o Natal chegue a cada coração
Ana Coelho

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

As Palavras

Palavras são o complemento
o afago e o entretenimento
a solidez e o compasso
o desnível do traço
a fluidez do movimento
a metáfora do pensamento
o preencher de cada espaço
a luz de cada vida
o descortinar a saída
do comboio em andamento
António MR Martins
foto in logopeia.wordpress.com (na net)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Espírito de Natal

Entre luzes coloridas
Bolas de magia
Presépios com o menino Jesus
Há um buraco no tempo perdido
Onde caem lágrimas de sombra
Numa miserável cegueira
Que todos sabem que existe e ninguém a crê.
Cantos proibidos
Rostos cansados, gélidos de emoções
Esperando um Natal qualquer
Aquele que não existe
Esquecido pelas vestes da fantasia
Vendendo-se apenas nas palavras,
Palavras cruas e despidas
Porque Natal é todos os dias!!!
Verdade na mentira
Vejo os que andam e não amam,
Pobres despidos das guerras,
Famílias famintas sem pão,
Os que dormem nas ruas desertas,
Os que choram a saudade da terra,
As crianças que crescem e não brincam,
E tantas outros… outros sentimentos saltam
Gélidos como o Inverno que assombra.
Ano após ano,
Grito - Malfadada vida…
A história é igual,
Repete-se a ladainha
Brinde-se e consuma-se o que não se tem
Pois afinal…
Existe a esperança na vida
Que ainda existe… o espírito de Natal.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Revoltas interiores

Empolgam-se os seres da contestação,
por constante e verdadeiro sofrimento;
servem-se da sua lógica razão...
para divulgar ao cidadão desatento.
As sofredoras mentes exteriorizam
a inconveniência dos vis mandatários,
perante a realidade dos que agonizam
e assim se tornam contestatários!...
Não há rumoque a todos encante
nestas vidas em pleno desespero...
não há aprumo que nos espante
nesta vivência de vão destempero!...
António MR Martins

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

2ª Compilação de Ana Coelho (Antologia Tu Cá, Tu Lá)

Vou sorrir mesmo que tudo esteja mal
Porque o coração me diz que não há nada igual
Vou-te amar,
Vou esperar que me ames
Vou sorrir mesmo que me enganes
Vou sofrer mas não vou estar só
Tenho a tua ausência em mim

Às vezeste encontro só,
mesmo que acompanhada...
nostálgica,
pensativa,
desenquadrada,
sem fulgor.
Às vezes
a penumbra
nos invade...
numa força superior
a um desejo,
que se não pode prever
ou antever,
sem rigor.

Deitas-me sobre
teu piano enigmático,
cobres-me de olhares silenciosos
sussurras-me pautas penetrantes.
Delicio o teu sabor letal
entre as notas que escoro
na rebeldia das cores
que se curvam ao fastígio
da minha avidez lasciva.
*
Trespasso-me de minimal alegria...
Percorro o reflexo de teu rosto numa navalha caída...
Duas faces de nostalgia...
Dois gumes de heresia...
Dois gomos de fruta azeda em anemia...
Toque cego de transversal fantasia...
Com ela me ceifas a lambida dor...
Me dilaceras a trôpega respiração...
Tão real...
Como a mais efémera ilusão..

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

na casa aberta

falo palavras amordaçadas como preso em mim e no meu sentir. sou de desejar escrever até morrer, mas hoje desperto de um sol frio, coagido por ser outono e nas cores quentes deste dia, vomito o silêncio; estou inteiro, curvado perante ti e me uso da tua pele para me aquecer do frio da alma que circula, para lá e para cá, junto a mim. leio poesia de quem não se teme, apavorada, e sigo mais além onde encontro, num sorriso, a tua tez. nas letras despes a sabedoria de quem joga com as palavras no momento, mesclando odores de sonhos e de sons felizes, perdidos aqui, na casa aberta.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Um tempo vazio

No meu silêncio
Falta a palavra
A colonização do meu espaço
O abraço que acende a manhã fria
A cor de uma aguarela viva
O risco feito ao acaso
A imaginação que preenche a hora morta
O sol que acende a minha noite.
Falta-me,
O arpão que me acerta no peito
Um corpo que me tapa o nu
A flor de um sorriso que me embriaga
O ardor do sussurro no vácuo
A lágrima que me desliza no leito
O poema sem verso na folha
Vulcão que explode num beijo.
Um coração deserto
A morte da minha razão
O rumor da desordem
A loucura que me transforma
Na infelicidade da saudade
A Chaga do peito
A longa espera do regresso.
Falta-me realmente tudo
Falta-me a rocha, o pilar,
As horas que falecem no relógio
Falta-me quem me complementa
Nós dois sempre…
Mas quando não estás
E depois
Faltas-me tu.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Solitária lágrima

Dança na branca íris
Cristais soltos do olhar
Escorre nas faces frias
Pelo canto vertida
Envergonhado o sorriso,
Liberta a mão
Húmido murmúrio.

Rio selvagem
Desagua no mar norte
Encobre o rosto
No mudo grito
Trancado no fundo do bosque…

Desliza assim
Pela lua nova
No vértice do desejo
Que cala os gestos…
Solitária lágrima
Rasgada nos ombros
De um sonho cinzelado…

Revivem diamantes no fundo da alma.

Ana Coelho

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sinopse do poeta

Semeiam seara nua
Entre palavras e vírgulas
O luar que inspira
Nos sentimentos que embriagam.
Benditos imortais
Épicos tempos conhecidos
Pessoas sem terra nem beira
Vestem-se de sonhos
De textos e emoções
Numa arte erguida pelas próprias mãos.
Falam sem falar
No silêncio que só nós podemos ter
Espaço umbigo de um canto perdido
Um tempo que passa
A passar… lentamente
Onde morrem e ressuscitam!
Famintos da escrita
Criam sem pudor
Deslizam tinta em folha crua
Malditos que sufocam
Cantam, choram, gritam
Encantam a peça da vida
Presos aos olhares que os devoram.
A obra singela corre nas sílabas de um verso
Sedutor, maléfico…
Numa fé que molda o sonho
Afaga a face e o corpo
De quem escreve
De quem assim sente,
Como eu… como eu.
Lábios que denunciam o meu voo
Escavando no profundo ser
No princípio, fica o poema
O átrio de uma estrofe sem medo
Para ti que és Poeta!!!