Naquele dia parti meu amor, sem saber o que me esperava, levava comigo o perfume da saudade, aquela saudade que se me entranhava nas entranhas e me deixava um doce amargo na boca, mas o sol brilhava na janela do meu olhar. Era um daqueles dias em que me afastava do tempo e a vida, aquela minha vida rotineira desaparecia.
Toquei-te com a ponta do pensamento e o meu corpo saltou, ansioso, desconexo, impaciente e as mãos vazias destilaram paixão.
Ali estavas tu no barulho da cidade, esperando-me e nos meus olhos dançaram borboletas, é sempre assim quando te olho, e vejo o negro cintilante murmurar-me palavras quentes, poesias feitas de seda, que esvoaçam no meu peito arfo.
Nas entranhas, entranhou-se-me a sofreguidão do tempo e os nossos braços ávidos, acoplaram-se aos peitos loucos, naquela manhã datada na nossa memória.
E o tempo parou, testemunhando aqueles momentos que nos tomaram de assalto e o preço do resgato foi a nossa loucura, num leito coberto de pétalas, num quarto qualquer e ficamos ali, sem memórias, deleitando-nos no calor dos corpos como se fossemos eternos, ouvindo os nossos lábios num murmurar só nosso. Lembras-te?
Depois… regressei e no olhar o mar dançava em pequenas pérolas que deslizavam pelo meu rosto feito de felicidade e de aromas mil.
Hoje apeteceu-me escrever-te e dizer-te o quanto te amo
Escrito a 12/06/2012