quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ah tempo maldito que me invade


Tenho saudades de mim, das palavras que brotavam apaixonadas dos meus dedos, em versos embriagados de paixão, lavra incandescente saída abrupta do coração.

Tenho saudades da suavidade do mar banhando a avidez salvagem da minha pele, feito poema

O tempo decorre manso, insólito, perpendicular às linhas do meu corpo ressequido…

A mente vagueia abstracta por entre as paisagens vivas que se mexem no meu olhar, sem o fulgor de antes, num perigoso desinteresse existencial.

Nas noites quentes, os sonhos desapropriados se repetem no cérebro, desconexos.

O desenrolar de situações rotineiras engorda o corpo de inercias desconcertantes. É um tempo desconhecido, um tempo ausente no tempo…

Pudera eu reinventar a poesia nas minhas mãos, fazê-la galgar o cosmos e cavalgar ao infinito da ilusão.

Pudera eu voltar a dissecar o meu corpo em fonemas de amor banhando as vogais inertes.

Mas …só me resta esperar que novamente o amor fervendo nas minhas veias…rubro, volte a enlouquecer nas páginas brancas do papel amarelecido, guardado nas gavetas húmidas do meu peito.

Ah tempo maldito que me invade em total desinspiração.

Escrito a 11/10/12


2 comentários:

maria joão moreira disse...

Como compreendo as tuas palavras... esses momentos em que parece que existe um imenso deserto dentro de nós. Vai passar, vai melhorar, garanto!

Ghost e Bindi disse...

É preciso esvaziar-se para reconstruir-se...
Prazer em conhecer seu blog

Bíndi e Ghost