sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Árias do vento
tanto tempo vazio e mudo
nesta tarde formosa de estio,
árias dos ventos escuto
como se fossem meus dedos
a executa-las em cadência,
sonoridade de gotas de orvalho,
múrmurios de paz ao ouvido,
ecos de saudade
que fazem a vida ter sentido...
os sorrisos confundem-se com
as lágrimas
e a felicidade com raio de sol,
a tristeza com chuva matinal
e tudo vai na paz do Senhor,
enquanto não chega o final...
folhas levadas pela corrente,
flores de laranjeira lembrando
noivado...
e o céu um grande toldo azul,
bordado...
uvas maduras, longas parras,
meu olhar é de curiosidade!
só tu, saudade, me agarras
neste sonho de saudade!
e o vento canta notas que ninguém
lhe ensinou,
e diz tanta coisa ao coração,
tanto prazer ao ouvido,
ecos de saudade
que fazem a vida ter sentido.
nesta tarde distraída e fria
surge o negro no horizonte,
acabou o estio, o sonho, o dia
ficou minha esperança a monte,
meu coração, pássaro que tenta
voar,
ou bola de neve pronta a desfazer
à falta de amor que o possa suster.
o vento é companheiro vivo
da minha solidão,
e diz-me tanta coisa ao coração,
tanto prazer ao ouvido,
ecos de saudade
que fazem a vida ter sentido...
natalia nuno
rosafogo
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2 comentários:
Gostei deste poema. Rosa Fogo
escreve muito bem poesia. Li
que "a poesia é triste e nos
momentos actuais não ajuda"...
não concordo, ao menos os poetas
e poetisas vão escrevendo o que
lhes vai na alma e estão vivos.
Saudações
Irene Alves
olá estimada amiga, antes de mais o meu agradecimento por ler-me, de facto a minha poesia é tristonha sim, se quiser dizer-lhe o porquê nem eu sei, só sei, que escrevo consoante me vem da alma, para escrever gosto de estar só, num lugar bucólico de preferência e tudo se conjuga para que ela surja melancólica.
A criação da poesia é o prazer do poeta nunca o sofrimento (quanto a mim).
Beijinho, tudo bom.
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