domingo, 12 de dezembro de 2010
EM CÉUS DE POBREZA
Ouço no silêncio da noite, um ruído seco
O vento roubou-me a voz.
Levou-a a alguma viela, algum beco
Da minha terra, da terra dos meus avós.
Por lá ficaram os pássaros de vigia
E eu menina de pés imersos
Esquecida da fadiga
Olhos sem medo, vazia a barriga
Colhendo o sol do dia,
Fazendo versos.
Fiozinhos da nascente
Orvalhados de limpidez
Por lá me fiz gente
Madura de suor e altivez.
Este ruído seco, não me sai da cabeça
Provoca-me e eu parto sem freio,
Antes que a memória amadureça
E me visite a escuridão
Eu volto sim, minha terra ao teu seio
Colher papoilas e pão.
Hoje é dia de vendaval
O vento roubou-me a voz
Sou resto de temporal
Menina , trança, tristeza
Desato da vida os nós
Já fui pássaro de leveza
Na terra dos meus avós.
Fico à escuta de tudo e de nada
Nesta minha ingenuidade
Trago a infância atravessada
Na chama desta saudade.
rosafogo
natalia nuno
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2 comentários:
Natália,
Gostei muito deste poema!..Eu fico sempre sem palavras ao ler os teus poemas, porque são muito profundos e me fazem viajar pela tua e pela minha vida.
Tens algum livro publicado?
Beijos,
Marisa
Oi Marisa, obrigado pelas palavras carinhosas e p'la tua presença amiga.
Estou neste altura a fazer a escolha da poesia para o 1º livro,
vamos ver se vai avante.
Para ti tudo bom
Beijinho
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