O silêncio é a morte, sabes, travestida de sedas…
Quando ela chega, sabes?, adianta o relógio para a hora certa, e acende as luzes falsas do camarim a cheirar a humidade mofenta e dores arrancados de fresco à terra revolvida.
Chega iludindo, por isso tu não sabes, como poderias saber?... Chega deludindo o marulhar das vozes piedosas, do chocar dos sinos, dos gritos em parto. E enquanto tudo se distrai, num círculo fechado de murmúrios que explodem sons que não se reconhecem, mas são de sempre; enquanto a plateia se acomoda, cega ainda de silêncios, ela veste-se à luz do camarim oculto, algures por trás dum cerrar de reposteiro negro. Veste-se de silêncio puro, tecido por suas próprias mãos, e derramado a frio sobre a sua nudez de círio extinto.
O silêncio é a morte. Quando vieres depositar-me flores, não lhe traias a figuração estática com palavras que a não comovem. Respeita-lhe antes as sedas…
1 comentário:
Teresa,
Adorei a delicadeza do silêncio das tuas sedas.
Beijinho
Nanda
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