segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DESOSSADA

Sento-me na parte inferior da janela. O vazio ecoa sem bálsamo, sem alento. Desnuda-me a alma...petrifica-me os ossos. Na esteira da praia estico a pele numa qualquer falésia. Parece uma bandeira salgada, amarrotada de cinturões frenéticos. Estreito então a estrutura numa qualquer reentrância, trancada, escavada e sem perfil estagno no mais impudico dos silêncios. Rasguei as veias com o sangue mais conspurcado.... fiz sexo em andaimes agrafados...castrei a última esperança na morfina de todos os lemes. Dos ventos cruzados resta agora o corpo coalhado de um qualquer néon. com raiva piso o frio...esmago as pedras.Talvez o vento me torne uma árvore estilhaçada com escamas nas mãos.

Eduarda

1 comentário:

Luiz Sommerville Junior disse...

Eduarda , "fiz sexo em andaimes agrafados" , a tua poesia canta sombras , silhuetas , luz e contra-luz , focos arremessados contra a monotonia , com amor , agarras o pôr-do-sol e com uma energia , profunda ! , serves-nos a força da terra parindo plantas e flores entre os gemidos das crianças e mães no momento que acontece !

Beijos